Parte 49

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  Laura

- Tá fazendo o que aqui?

- Vim conhecer minha futura esposa.

- Não fode Pierre, pode pular esse papinho mole.

- Pelo visto terei que te educar também.

- Vai sonhando, fala logo o que você quer.

- Apenas te conhecer, acostume-se Laura, sua história com Faccine acabou, temos muitos planos para organização.

- Organização? Vocês estão malucos.

- O PCC é uma família grande, muito maior que o CV, com a minha ajuda podemos faturar o dobro, fechar aliados de outros países, seremos imbatíveis.

- A é, e o que os outros do tribunal pensam a respeito do seu grande plano?

- Não se engane Laura, todos queremos a mesma coisa, você deveria saber, a família acima de tudo.

   Fiquei calada observando sua postura, minha mente rodava sem parar, eu conheço as regras do crime, sei sobre o pacto que eles têm, os riscos e as grandes chances de sairmos ferrados disso, na verdade nem sabia se Faccine sacrificaria algo assim por mim e também nem queria que o fizesse.

- O que houve? O gato comeu sua língua.

- Pierre por gentileza, retire-se do meu quarto.

     Falei apontando para porta.   

- Laurinha, não seja tão dura comigo, em breve seremos casados.

- Mas ainda não somos, então saia!

    Ele me olhou uma última vez com um sorriso debochado e foi embora, eu precisava pensar, iria procurar uma maneira de me livrar disso de qualquer jeito, e se até o último minuto não tivesse salvação uma bala seria o suficiente, preferia a morte a me submeter aos planos infames do 157.


   Faccine 

 - Roberto saia da minha frente, quero ver a Laura agora.

- Ela está em reunião com Pierre.

- O que Pierre tem a tratar com a Laura? 

- Eu não sei, são vocês que mandam né.

    Respirei profundamente tentando me conter, ultimamente Roberto vem me tirando do sério como nunca, esses últimos dias tem sido crítico, tenho que controlar o Coringa a todo momento e as vezes até me controlar pra não fazer uma grande merda.

- Faccine, que coincidência nos encontrarmos.

    Pierre se aproximou com um sorriso sarcástico nos lábios. 

- Bom, já que a reunião do Pierre acabou agora eu vou ver a Laura.

     Nem me dei o trabalho de responder Pierre, passei por Roberto esbarrando em seu ombro, minha vontade era picar ele em pedacinhos, subi as escadas e passei pelo corredor chegando ao quarto da Laura, bati na porta e ouvi seus gritos do outro lado.

- VAI SE FUDER PIERRE, JÁ FALEI PRA SUMIR DAQUI.

    Estranhei sua atitude e abri a porta vendo-a me encarar furiosa.

- O que houve?

- Pensei que era o idiota do Pierre.

- O que ele queria aqui?

- Apenas me intimidar.

- Só isso mesmo?

- Sim, ele acha que posso causar problemas.

   Não senti muita firmeza em suas palavras, mas deixei quieto, fui até a porta e tranquei a mesma para que Roberto não resolvesse me interromper.

- Como está o Felipe, a Carla? Estou morrendo de saudades.

- A Carla está grávida como você suspeitava.

    Pela primeira vez desde que cheguei vi um sorriso sincero brotar em seus lábios.

- E Felipe?

- O que você acha?

- Deve estar surtando.

    Me aproximei dela acariciando seus cabelos.

- Felipe é instável, as vezes ele se descontrola, mas os meninos estão com ele, tudo vai dar certo.

     Percebi que seu semblante ficou triste e ela se distanciou de mim indo até a janela.

- Você precisa cuidar dele, não quero que nada aconteça com meu irmão por minha causa.

- Estou cuidando acredite, não se pode contar com a sorte, afinal alguém que teve coragem de matar o próprio pai por vingança é capaz de qualquer coisa.

- Ele matou mesmo o Talibã?

- Sem nem piscar.

- E vocês permitiram?

- Não nos metemos em assuntos internos de família.

- Ah, eu sou uma exceção pra vocês.

- Na verdade você causou uma contenda externa na organização, colocou o CV e o PCC em uma luta sem futuro.

- A semente do mal, como meu genitor me apelidou carinhosamente.

- Não fala assim amor. - Me aproximei dela colando nossos corpos. - Você é a única inocente nisso tudo, por isso sou capaz de fazer qualquer coisa por ti.

   Acariciei seu rosto e limpei uma lagrima solitária que escapava de seus olhos.

- Você está disposto a unir sua vida a minha, isso não é demais?

- Pra mim não, a não ser que seja um problema pra você.

- Claro que não, só... sei lá tudo está confuso.

- Fica calma, eu estou aqui. - Sussurrei em seu ouvido. - Vamos esquecer tudo isso por alguns minutos, vai ser só eu e você.

    Rocei minha barba em seu pescoço deslizando minha boca de encontro a sua, era tão bom sentir seu beijo novamente, entrelacei meus dedos em seus cabelos e com a outra mão apertei mais seu corpo contra o meu, mordi seus lábios de leve e a envolvi em um abraço, por mim sairia com ela daqui hoje mesmo e não importa a quem eu precisasse matar, mas isso não acabaria bem para nenhum de nós.

- Eu precioso ir, amanhã eu estarei no baile, faz tudo conforme o plano.

    Ela apenas concordou com a cabeça e me abraçou novamente, me afastei do seu corpo relutante e sai dali, passei por Roberto sem nem se quer olhar em sua cara, era capaz de fazer um estrago nele, o baile seria no dia seguinte e finalmente esse pesadelo ia acabar, se é união com o tribunal que Roberto quer, ele teria, mas eu vou cuidar pessoalmente para que nunca mais Laura precise olhar na cara daquele idiota.

Paz Justiça e LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora