Coringa
Eu estava encurralado, várias armas apontadas para minha cabeça e não tinha mais o que fazer, ajoelhei jogando meu Fuzil de lado erguendo as mãos me rendendo de vez.
"Algumas horas antes..."
- Fala viado. - Entrei em minha sala batendo na cabeça do MK que estava sentado olhando uma papelada. - Tudo certo por aqui?
- 100%, conseguimos recuperar o furo das semanas anteriores, as cargas chegaram sem b.o, tamo no grau.
- Até que enfim uma notícia boa. E França, como tá desenrolando os bagulho?
- Tá tirano de letra, cara nasceu pro comando.
- Bora descolar uma parada mil grau pra tu também, tá na hora de voar.
- Cê loco til, largo tu não, minha parada é aqui mermo.
- K.O pô.
- Na moral, nois é parça, onde o teu pingar o meu vai jorrar.
Sorri com sua frase e fiz toque com ele, MK e França são meus irmãos, era nois até o fim e não passava nada.
Sentei no sofá que tinha ali e acendi um beck, fiquei viajando naquela história da Carla estar passando mal, vi ela e a Laura saírem hoje cedinho, não sou otário, eu sei que aqueles sintomas eram de gravidez, mas ela não me falou nada, com certeza tinha medo da minha reação, confesso que me assusta a possibilidade de ser pai, mas eu a amo e não faria merda dessa vez.
- CORINGA, CORINGA!
Um dos meus soldados entrou na sala todo apavorado assustando a mim e ao MK.
- Colfoi carai?
- Tão invadindo.
Olhei pra MK que já saiu da sala com o rádio em mãos passando a visão pra rapaziada.
- Quem são os filhos da puta?
- A gente não sabe ainda, ninguém avisou, nenhum informante sabe das fita.
- Caralho! - Gritei dando um murro na mesa. - Só pode ser os merda do PCC.
- PCC tá parado pô, isso é parada monstra.
- Então bora meter bala nesses arrombado.
Sai e peguei minha moto acelerando pra casa, peguei meus equipamentos e a primeira remessa de fogos foram disparadas avisando os moradores do toque de recolher, quando estava saindo dei de cara com as meninas, agradeci mentalmente por estarem bem, passei as ideia pra elas do que fazer e desci pra guerra batendo de frente com os caras, meus soldados estavam em pontos estratégicos, havia vários snipers nas lajes e chovia bala pra todo lado. Não reconheci quem eram os invasores, estavam mascarados e não pareciam com inimigos comuns.
O rádio piava sem parar, os caras eram bem treinados e sabiam ganhar espaço.
" - Coringa tão metendo o louco, tô entendendo porra nenhuma."
"- Que tá pegando?"
"- Tão desarmando os soldados."
"- Como assim porra?"
"- Mó fita torta, tão desarmando e pegando de refém."
Quando eu ia responder virei uma esquina dando de cara com mais de vinte homens, todos apontavam seus fuzis pra minha cabeça, naquele momento eu já entendia do que se tratava, estávamos todos fudidos, ajoelhei no chão me livrando das minhas armas e se rendendo de vez peguei meu rádio e passei a visão pra geral.
"- Coringa na vóz, quero todo mundo recuando, ajoelha e se entrega, poucas ideia."
Faccine
Estava me vestindo depois de um longo banho gelado, era uma tentativa fracassada de aliviar o estresse da reunião da madrugada passada, já fazia mais de semana que não via a Laura e também não nos falávamos pelo celular por questão de segurança e isso era uma merda, a falta do seu sorriso do seu beijo me deixava mais estressado que o comum.
Terminei de me vestir e me preparei para sair, estava na Itália e amanhã partiria em direção ao Paraguai, peguei minhas armas e as chaves do meu carro, abri a porta me deparando com Pietro e mais alguns homens, ele fazia parte do tribunal assim como eu, e havia também um terceiro, Jean Pierre, ele comandava toda a contabilidade, os lucros, reuniões e conflitos das facções, cada um cuidava de um determinado assunto.
- Faccine abbiamo un problema. ( Faccine temos um problema.)
- O que aconteceu?
- Roberto ci ha contattato, e reclama nuovamente la ragazza. (Roberto entrou em contato conosco, está reivindicando a moça novamente.)
Fechei a porta trancando-a e fui o acompanhando pelos corredores.
- Pietro ele já fez isso anteriormente, Laura renunciou o PCC, quebrou o pacto.
- No commettere errori, questa volta ha un test del DNA che ne comprova la paternità. (Não se engane, dessa vez ele tem um teste de DNA que comprova a paternidade.)
- Que tolice Pietro, Laura jamais vai considerar aquele homem como pai, e não temos obrigação com problemas familiares do Roberto.
Falei já sem paciência, espero que não levem em consideração essa petição descabida do Roberto.
- Questo è sbagliato amico mi, Laura è un'ereditiera, per non parlare del fatto che Roberto rivendica la persecuzione da parte del Joker, tenendo conto del loro passato che dobbiamo guardare più da vicino. (Está errado meu amigo, Laura é uma herdeira, sem contar que Roberto afirma uma perseguição da parte do Coringa, levando em consideração o passado dos dois temos que olhar mais de perto.)
- O que pensa em fazer?
- Non c'è più niente a cui pensare, Roberto rivuole la ragazza, è sua figlia, andiamo a prenderla ad Alemão. (Não a mais o que pensar, Roberto quer a garota de volta, é filha dele, vamos entrar no Alemão e pegá-la.)
Parei bruscamente olhando em seus olhos.
- Não podemos fazer isso, ela não quer ficar com ele.
- Faccine ricordat che il tuo lavoro viene prima di ogni altra cosa, non lasciare che una ragazza insignificante ti porti via la grandezza che è in te. (Faccine lembre-se que seu trabalho vem acima de tudo, não deixe uma garota insignificante tirar a grandeza que a em você.)
- Não tem nada a ver com isso, seguimos regras e uma delas é contra o estupro e várias atrocidades que Roberto fez a ela.
- Gli faccio la stessa frase che mi ha detto poco fa, noi non c'entriamo con i problemi familiari di nessuno, il nostro dovere è garantine l'equilibrio, e questa confusione ha già superato ogni limite. (Devolvo-lhe a mesma frase que me disse a pouco, não temos nada com os problemas familiares de ninguém, nosso dever é zelar pelo equilíbrio, e essa confusão já ultrapassou todos os limites.)
- Pietro...
- Semplicemente Leonardo! Ero condiscendente verso le tue follie perchè siamo amici, è andato troppo oltre. (Basta Leonardo! Fui condescendente com suas maluquices porque somos amigos, mas já foi longe demais.)
Ele disse por fim saindo e me deixando sozinho, a vontade de invadir aquela maldita boate que Roberto vive e arrancar seus olhos com minhas próprias mãos era muito grande, mais se eu fizesse isso matariam a Laura, dessa vez não tinha o que fazer, as coisas haviam saído do meu controle, estávamos perdidos.
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Paz Justiça e Liberdade
General FictionLaura uma menina órfão de mãe e abandonada pelo pai, foi criada por seu tio Roberto, um dos chefes do Primeiro Comando da Capital. Obrigada a cursar medicina contra sua vontade para trabalhar em uma penitenciaria dando apoio aos membros da facção...