Parte 36

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   Faccine

- Polícia?!

   Encarei MK que tinha acabado de me contar sobre o tal Paulo Guerra.

- Do BOPE ainda, acabar de fuder com tudo.

   Luna falou enquanto tomava sua quinta garrafa de cerveja, de acordo com ela nem minha conta bancária inteira pagaria a tragédia por qual ela passou.

- E agora Faccine? Coringa não pode nem sonhar com essa porra.

- Primeiro a gente tem que descobrir se Carla está ciente dessa fita.

- É provável que não, ela não se envolveria com um polícia.

- Vou dar um jeito de falar com ela.

- Pede pra Laura mandar o papo pra ela colar aqui.

- Não sei se vou envolver ela nisso.

- Melhor ela saber, a gente não tem ideia do que esse cara quer.

- Tu tem razão. Vou falar com ela.

  Deixei eles ali e peguei minha moto, estacionei enfrente o portão do Coringa e vi Laura saindo toda linda.

- Onde a Doutora está indo?
  
   Ela me olhou sorrindo e eu viajei naquele sorriso.

- Oi, eu estou indo tomar um açaí.

- Eu te levo.

- Eu acho que não vou subir nisso aí.

   Falou apontando para a moto.

- Vou bem devagar, vem te ajudo a subir.

   Peguei em sua mão e ajudei ela a subir, senti suas mãos em minha cintura segurando firme.

- Relaxa.

   Sai em direção a sorveteria e em poucos minutos cheguamos, sentamos em uma mesinha mais reservada e percebi que Laura olhava para os lados parecendo nervosa.

- O que houve?

- Sei lá, não quero pessoas me encarando, ja apanhei uma vez por causa do Coringa.

- Ninguém vai encostar em você Laura.

   Porra era péssimo ouvir isso, ela tinha medo de tudo e de todos e já era de se esperar, passar por tudo que ela passou era algo pra deixar muitas marcas.

- Mas e você foi lá em casa por que?

- Queria falar com você, um assunto sério.

   Percebi que ela ficou tensa.

- O que houve?

- Eu investiguei a vida do Paulo Guerra, o cara é policial do BOPE.

   Seu rosto ficou surpreso e ela negou com a cabeça passando as mãos nos cabelos.

- Você tem certeza? Meu Deus a Carla...

- Ei calma, eu preciso falar com ela, saber se ela está ciente desse detalhe.

- Você acha que é proposital, que ele está armando algo?

- Ainda não sabemos, eu preciso investigar ainda.

  Fizemos nosso pedido mas Laura parecia perdida em pensamentos.

- Ei fica calma, nos vamos ficar em alerta.

- E Felipe?

- Ele não pode saber, Coringa pode querer fazer merda e não é um bom momento.

- Entendi, e o que você quer que eu faça?

- Convida ela pra vir aqui, preciso dela sozinha.

- Certo, mais vocês não vão machuca- lá né?

- Precisamos saber de toda a história primeiro.

   Infelizmente eu não podia fazer nada, era regra, e se fosse verdade eu teria de deixar o comando resolver, isso iria ficar nas mãos do Coringa, sinal de que não acabaria bem.

   Fiquei ali até Laura terminar seu açaí e levei ela pra casa, precisava conversar com Carla hoje ainda.

- Liga pra Carla e chama ela pra vir, me avisa se der certo.

- Beleza.

 
 
  Coringa

  Esses dias tem sido foda, um b.o atrás do outro, atraso na mercadoria, os canas tão botando pra cima e mesmo com propina tá dando merda.

  Estava fazendo o balanceamento do que perdemos na semana quando MK passou pela porta e se jogou no sofá que tinha ali.

- Colfoi, que cara de cu é essa?

- Só os problemas mesmo.

- Qual foi da Lua ter vindo aqui?

- Nada pô, a gente saiu ontem e ela chapou demais.

   Olhei pra ele desconfiado, mas resolvi não questionar, eles estavam tramando alguma pelas minhas costas, mas eu tenho paciência pra descobrir.
    
     Fiquei ali na boca até umas 19:40, ficou de pegarmos a mercadoria amanhã pelo mesmo caminho da última vez, Marcão veio aqui outro dia e deixou a passagem livre, teria de arriscar agora, viria dois caminhões de carga e se os vermes pegarem eu tava fudido.

  Cheguei em casa e tirei os sapatos colocando a fuzil encostada no sofá, fui até a cozinha e tinha comida quentinha, era ótimo ter alguém pra cuidar da gente depois de um dia de cão. Fiz logo um pratão e me sentei pra comer, ouvi risadas vindo da escada e Laura passou pela porta acompanhada da Carla.

- Oi, até que enfim tu chegou.

  Laura me abraçou de lado bagunçando meu cabelo.

- Muito b.o, e aí Carla beleza?

- Tudo certo.

   Ela falou sem graça, to ligado nessa história dela, coloquei um muleque na cola do pau no cu que ela esta namorando, quero saber tudo sobre ele.

  Acabei de jantar enquanto escutava a conversa das meninas, subi pro quarto tomar um banho por que eu estava só o pó, fiquei por um tempo debaixo d'água quente deixando meu corpo relaxar, sai me enxugando e vesti um moletom confortável. Estava deitado assistindo a uma série qualquer quando meu celular tocou, era o Talles me chamando pra encontrar ele na praça perto da entrada do morro, pelo jeito ele tinha alguma informação sobre o cara lá.

   Peguei as chaves do meu carro e sai vazado, desci o morro a mil e parei o carro dando sinal com pisca pra ele entrar.

- E ai meu parça, salve pá nois.

- E aí. - Fiz toque com ele.- Manda a fita.

- Se liga, papo de poucas ideia, segui o taquara pela cidade toda, ele fica na casa da Carla mais o filha da puta mora do outro lado da cidade.

- E o que isso tem a ver carai? Quero saber onde esse viado mora não tio.

- Tá por fora mané, o cara tem vida dupla, de um lado da cidade é namorado da Carla e do outro é caveira do BOPE, cada dia tá com uma diferente no apartamento dele.


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