Parte 7

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  Laura


  Saímos do baile e Falcão me levou até sua moto, me ajudou a subir e acelerou me obrigando a me agarrar a ele para não cair. Sinceramente foi até bom o que aconteceu, pelo menos deu uma brecha pra mim escapar daquele lugar, já estava para dar uma crise de ansiedade, só fiquei com dó da Carla, o plano era mandar o Coringa atrás dela mais nem deu tempo de falar com ele pois apanhei sem merecer, isso que é foda, quando se deve ainda tá bom, ódio daquela piranha.

 Chegamos na casa do Coringa ele me ajudou a descer, cumprimentou os muleque que estavam na contenção e entrou comigo na casa.

- Tá entregue.

- Obrigada, desculpa ter atrapalhado sua noite.

- Minha noite ta do jeito que eu queria.

  Fitei seu rosto vendo ele descer seu olhar pra minha boca, sai de perto dele antes que acontecesse alguma merda. Fui até a geladeira pegar algo pra beber mais ali não tinha nada alcoólico, abri a portinha do armário e encontrei uma garrafa de whisky 12 anos.  Voltei pra sala e Falcão estava sentado no chão escorado no sofá fumando um cigarro, sentei perto dele lhe entregando a garrafa.

- Caralho, tu achou a relíquia do Coringa.

- Não tava muito bem escondido.

  - Ele ta cuidando bem de tu?

- Ta sim, as vezes até parece que as coisas tão dando certo pra mim.

- Claro que tá gata, você tá no nosso nome agora.

 Ele me ofereceu o cigarro e eu olhei pra ele desconfiada.

- O que é isso?

-Só pra relaxar, tu tá merecendo. 

Dei um trago e percebi que era maconha, ele deu um gole no whisky e pegou o cigarro de volta. 

- Me conta ai, qual teu sonho?

 Ele falou escorando a cabeça no sofá fechando os olhos.

- De verdade? Não vai rir hein.

- Agora fiquei curioso.

- Eu gosto de arte, desenho de rua, queria poder exercer esse lado meu. Mas sempre fui barrada.

- Na moralzinha mesmo?

- Sim. Por que?

- Tem uns muleque aqui na quebrada que manja no bagulho, se tu quiser te apresento eles.

- Quero sim.

  Sorri pra ele pegando o cigarro, dei uma tragada segurando o folego soltando a fumaça em seguida, tomei um gole do whisky e o liquido desceu rasgando minha garganta, olhei para Falcão e ele estava me encarando.

- O que foi?

- Te falar uma parada na moral, tu é muito linda.

Sorri sem graça e desviei o olhar, caralho o que eu estava fazendo ali, Falcão era braço direito do Coringa e além de tudo não deixam de ser meus sequestradores, devia estar ficando maluca, só pode.

-Eu acho melhor você ir embora e eu ir dormir, a maconha esta começando a fazer efeito.

Fui levantar mais ele me puxou pela mão me fazendo desequilibrar e cair encima dele, senti suas mãos grandes segurar firme minha cintura e minha boca ficou à centímetros da sua.

- Falcão por favor...

- Meu nome é Diego.

Ele afundou seu rosto no meu pescoço roçando sua barba rala em mim, sua respiração quente em meu ouvido me causava arrepios.

-Tu fode meu psicológico mulher.

Senti ele deslizar seu rosto suavemente pelo meu pescoço até chegar em minha boca mordendo de leve meus lábios enquanto suas mãos apertavam minhas coxas, não sei o que eu tinha fumado, porque parecia que havia perdido totalmente o controle sobre mim, seus lábios se chocaram com os meus em uma certa urgência, ele pediu passagem com a língua e logo estava explorando cada canto da minha boca, era um beijo quente e gostoso, Falcão me puxou pro colo dele e pude sentir o volume em sua calça.

Coloquei as mãos por baixo de sua camisa tocando seu abdome definido, arranhei de leve o local ouvindo ele gemer baixinho no meu ouvido, realmente eu estava perdendo o juízo.

Ele se levantou comigo no colo mais antes de subirmos para o quarto ouvimos o barulho do trinco da porta, desci do seu colo rapidamente tentando me recompor. Coringa passou pela porta segurando Carla pela mão e quando nos viu na sala nos encarou confuso.

- Falcão, tá fazendo o que aqui?

- Vim trazer a Laura.

Ele falou como se fosse o óbvio.

- To ligado.

Carla olhava tudo em silêncio mas com um sorrisinho maroto no rosto.

- Vou descer pro barraco. Tchau Laura, valeu Coringão. 

Falcão fez toque com ele e saiu, Coringa direcionou o olhar a mim com a sobrancelhas arqueadas.

- Boa noite Felipe, boa noite Carla.

Falei vazando fora dali antes que rendesse alguma pergunta, cheguei no quarto trancando a porta e me jogando em minha cama com as mãos na cabeça, não posso negar que aquele homem é uma perdição, mas isso fugiu totalmente do meu controle.

Tomei um banho gelado vesti meu pijama e capotei na cama, só queria dormir e tentar esquecer o que aconteceu.

Acordei no outro dia era 7:30 da manhã, fiz minhas higienes matinais e desci preparar meu desjejum. Fiz um café bem forte porque minha cabeça estava doendo pra caramba, assei uns pães de queijo fiz um omelete e um suco de laranja. Me sentei e comecei a comer bem devagar tentando por meus neurônios em ordem.

-Bom dia Laura.

Ouvi a  voz do Coringa atrás de mim e quase cai da cadeira de susto.

- Caralho Coringa! Ta maluco?

- Cê ta devendo é?

- Não, mas o ser humano tá na paz tomando café, fazendo download da alma ainda, e tu chega do nada assim. 

- Sei.

Ele se serviu de café e ficou me encarando.

- Vai fala logo e para de me encarar.

Falei sem olhar pra ele.

- Tu e o Falcão...

 Olhei pra ele e gesticulei para que continuasse.

-Sei lá, seis tava se pegando?

- Tem alguma lei que me proibe?

- Não. 

- Pensei que tinha. Olha foi só um beijo tá, nada de mais, eu nem queria mas acabei bebendo e perdi um pouco o juízo.

- Laura relaxa, eu só quero que fique ligada, sabe como é esses crias não quero que você se envolva em algo sozinha.

- São iguais a você?

- Porra vocês não entendem meu lado, pensa só que futuro eu posso dar a alguém? Bandido, procurado, uma pá de inimigos. 

- E eu? acha que sou diferente de você, olha minha vida.

- É diferente, olha eu já vivi isso e não quero viver de novo. Agora sobre o Falcão só toma cuidado tá, não quero ter que matar ele.

Ele falou se levantando e pegando sua Glock e chaves.

-To descendo na boca. Carla ta lá em cima.

 Ele saiu e eu fiquei pensando porque ele ficou tão bolado com esse assunto de relacionamento e por que ele mataria o Falcão, só por minha causa? Isso nem faz sentido, eu hein.


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