Laura
Aqueles aparelhos não paravam de apitar, mandaram nos afastar e começaram o processo de reanimação com o desfibrilador, tentaram uma, duas, três vezes e nada.
- Moça infelizmente não tem mais o que fazer.
A enfermeira falou negando com a cabeça.
- NÃO! Vocês não podem parar, precisam continuar a reanimação.
- Moça...
- Saiam da frente, eu sou médica sei o que estou fazendo.
Peguei o desfibrilador e comecei a dar choques nele novamente, mais nada acontecia, por fim os enfermeiros tiraram os aparelhos das minhas mãos e eu não me contive, comecei a chorar descontroladamente e a dar murros nos peitos do Coringa.
- VOCÊ NÃO PODE ME DEIXAR SEU DESGRAÇADO - Gritei perdendo as forças e deitando encima do seu corpo. - Você prometeu.
Em alguns segundos aquele apito insuportável sessou dando espaço ao bipe do seu coração batendo novamente.
- Felipe você voltou pra mim?
- Moça você precisa se afastar, vamos levar ele com urgência pra sala de cirurgia.
Me tiraram de perto dele e sumiram corredor a dentro, uma dor insuportável tomava conta de mim eu queria ir junto mais não deixaram, me sentei em uma das poltronas que tinha ali e me permiti chorar mais ainda, senti mãos tocarem meu ombro e levantei as vistas me deparando com Carla e Faccine.
- Como ele está amiga?
- Eu quase perdi ele, o coração parou, foi muito difícil reanimar.
- Me perdoa Laura. - Ela falou se agachando na minha frente.- Foi tudo minha culpa por ter me envolvido com aquele policial.
- Você não sabia amiga a culpa não é sua.
Nós abraçamos e Faccine apenas observava, ficamos durante horas ali naquela sala de espera, já não aguentava mais esperar, estava pronta pra invadir aquele centro cirúrgico.
- Família do Senhor Felipe Monteiro?
Levantamos todos juntos e o doutor veio em nossa direção.
- Então, ele teve uma lesão na cintura e no abdômen, a bala da cintura infelizmente ficou alojada e tivemos que retirar o projétil, não sabemos ao certo como vai ser a recuperação, acredito que ele precisará de fisioterapia para voltar a andar.
Tapei minha boca com as mãos não acreditando no que eu estava ouvindo.
- Mas ele corre risco ainda doutor?
Carla perguntou tentando conter as lágrimas.
- Infelizmente sim, ele teve mais duas paradas cardíacas durante a cirurgia, não sabemos se vai reagir bem nas próximas 72 horas. Teremos que ter paciência, e se vocês acreditarem em Deus ou em qualquer outra força milagrosa sugiro que se agarrem a ela, pois o caso dele é muito grave.
- Posso ver ele?Perguntei ainda chorando sem saber o que fazer ou pensar.
- Apenas por alguns minutos, me acompanhe.
Segui ele por um corredor e paramos em uma sala, me vesti com todas as roupas e acessórios necessários e fui guiada até quarto em que Felipe estava, só pude vê-lo através de um vidro, meu irmão estava cheio de aparelhos lutando pela vida, chorei encostada naquele vidro, sei que iriam matar ele se eu não tivesse chegado, mais foi pra me salvar que ele acabou sendo atingido.
Faccine
Hoje tinha tudo pra ser perfeito, a sensação de ter Laura entregue a mim foi de outro mundo, sentir seu toque, seu cheiro, ouvir seus gemidos abafados me rendeu uma das melhores lembranças da minha vida.
Mas infelizmente as coisas não acabaram bem, quando procurei Laura por todos os lados e não achei o desespero já tomou conta de mim, minhas pistolas também tinham sumido, sinal que ela foi naquela maldita invasão.
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Paz Justiça e Liberdade
General FictionLaura uma menina órfão de mãe e abandonada pelo pai, foi criada por seu tio Roberto, um dos chefes do Primeiro Comando da Capital. Obrigada a cursar medicina contra sua vontade para trabalhar em uma penitenciaria dando apoio aos membros da facção...