CoringaEncarei Faccine sem reação alguma, suas palavras rodeavam minha mente me deixando meio tonto.
- Eu preciso voltar pro meu morro.
- Não vai fazer besteira Coringa, a verdade está aí, é hora de tu colocar os pés no chão.
- To ligado, vou reunir os crias passar a visão sobre o PCC e ficar na atividade.
- E quanto a Laura?
Mordi o interior da minha boca enquanto pensava no que fazer.
- De verdade, eu não sei. Por enquanto vou deixar essa história no off.
- Escolha tua, o que eu podia fazer eu já fiz.
- To ligado, valeu por ter me impedido de fazer uma merda.
- Sou teu irmão, to aqui pra isso. Agora atividade, pensa antes de agir.
- Jaé, vai descer comigo pro Rio?
- Não, chego lá na parte da tarde, tenho algumas coisas pra resolver aqui. O helicóptero está te aguardando no heliporto já.
- Beleza, até mais então.
Nos despedimos com um abraço e eu piei pro heliporto, cheguei no morro já era umas 10:30, Laura tinha me ligado umas duas vezes mais eu não atendi, definitivamente não sabia o que falar ou como agir, era estranho, o pior de tudo é que ela foi apresentada a todos como minha irmã e agora saber que isso era verdade acabou me desestabilizando, eu sei que eu deveria estar muito feliz por ela não ter morrido mas a forma como tudo aconteceu é doloroso demais tanto pra mim como pra ela.
Antes de ir pra casa resolvi passar na boca e ver como estavam as coisas, encontrei MK em minha mesa fazendo algumas anotações.
- E aí parceiro, tudo certo por aqui?
Fiz toque com ele e me joguei no sofá.
- Tudo suave, aí tu sumiu cara, tava na neura aqui já.
- Fui resolver umas paradas com Faccine fora da favela.
- Humm, se liga, o PCC tão se movimentando, passaram a fita que eles estão se abastecendo de coisa pesada.
- Já era de se esperar. - Acendi um cigarro e assoprei a fumaça pro alto.- Quero que tu organize uma reunião pra mim, aqui no morro mesmo, só os de confiança.
- Pode ser lá em casa, já ia te chamar pra um pagode na lage, a gente aproveita e faz a reunião na sala.
- Beleza. Organiza aí que eu tenho que colar lá em casa.
Parti pra casa e tive que criar muita coragem para a abrir a porta, assim que cheguei na sala Laura veio da cozinha enxugando suas mãos em um pano e me abraçando forte em seguida. Senti seu corpo junto ao meu me fez estremecer, era minha irmã ali, minha menininha que foi tirada de mim. Apertei ela em meus braços acariciando seus cabelos.
- Onde você estava? Te liguei e você não me atendeu, não voltou pra casa.
- Desculpa princesa, eu tive um problema e precisei sair do morro, você já estava dormindo não quis te acordar.
- Não faz mais isso, eu fiquei muito preocupada.
- Vai ficar tudo bem.
Beijei sua testa e fomos abraçados para cozinha.
- Fiz estrogonofe.
Sorri pra ela e fomos nos servir, era incrível a mulher que ela se tornou mesmo em tanta dificuldade.
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Paz Justiça e Liberdade
Ficción GeneralLaura uma menina órfão de mãe e abandonada pelo pai, foi criada por seu tio Roberto, um dos chefes do Primeiro Comando da Capital. Obrigada a cursar medicina contra sua vontade para trabalhar em uma penitenciaria dando apoio aos membros da facção...