Faccine
Hoje era dia daquelas reuniões chatas em boates, alguns caras do comando iam se reunir e eu precisava acompanhar. Estava ficando em um hotel a beira mar perto do morro mesmo, assim ficava mais fácil de observar o movimento. Hoje fiz uma surpresa para Laura e era incrível o talento que ela tinha com aquelas tintas, foi ótimo ver que ela está bem melhor, infelizmente tive de ficar um tempo fora do Brasil resolvendo várias pendências que se acumularam, mais sempre me mantive informado, Felipe estava ganhando espaço fazendo deles um alvo maior dos rivais e até mesmo dos aliados, no mundo do crime era difícil saber quem realmente estava com você, era sempre um querendo puxar o tapete do outro.
19:30
Infelizmente já era hora de sair, peguei minha pistola, carregadores e coloquei de forma discreta por baixo da camisa, parti pro local marcado e já havia vários carros estacionados, fui em direção a entrada e cumprimentei os seguranças com um aceno.
O lugar estava lotado e com um barulho de música eletrônica quase estourando o teto. Fui até a sala onde ia rolar a reunião e já havia vários caras lá, algumas mulheres dançavam nuas em um pole dance e os idiotas ficavam babando enquanto entupiam os narizes de pó.Vi Coringa chegando acompanhado de MK e França e logo a reunião começou, depois de um tempo finalmente aquela palhaçada toda acabou, as vezes me arrependo de ter chegado a esse patamar, é tanta asneira que alguns bandidos de fachada falam que da vontade matar no lugar.
Sai daquela sala e fui direto pro bar da boate, me servi com um copo de Whisky puro e fiquei ali palmeando.
- Boa noite, posso me sentar do seu lado?
Olhei pra dona da voz me deparando com uma morena do cabelão.
- Pois não.
- Você é o Faccine né?
- Sou, por que?
- Sou irmã de um parceiro seu, o GB.
Olhei pra ela sem um pingo de interesse, GB era de longe parceiro meu, o cara era um pé no saco interesseiro e pelo visto a irmãzinha não era diferente, detesto mulherzinha que não se dão o devido valor.
- A gente poderia dançar, o que você acha?
Quando ia responder ouvi uma voz que eu conhecia muito bem.
- Faccine posso falar com você um minuto?
Me virei encarando Laura que estava linda em uma roupa toda preta, ela alternou o olhar entre mim e a mulher do meu lado ficando sem graça.
- Querida no momento ele está ocupado.
Nem acreditei que ouvi aquilo daquele ser sem cérebro, era muita audácia pra uma pessoa só.
- Cala a boca garota, te dei moral não.
Coloquei meu copo encima da me mesa e me levantei puxando Laura pela mão até uma sala mais reservada, fechei a porta e me sentei em um sofá que tinha ali.- Desculpa ter te atrapalhado.
Ela falou sem jeito evitando meu olhar, parecia um pouco incomodada.
- Atrapalhou nada, fiquei surpreso em te ver aqui.
- Coringa não quer me deixar sozinha. Insistiu muito pra eu vir.
- Realmente não é uma boa ideia te deixar sozinha. Ainda mais que todos dê confiança estão aqui.
- Fala como se eu fosse um bebê.
Sorri pra ela e fiquei observando sua postura, sem duvidas ela estava nervosa.
- Parece nervosa, quer se declarar pra mim?
- Você é um idiota.
Finalmente ela sorriu.
- Mas é sério o que queria falar?
- Queria saber por que não me contou sobre ter doado sangue pra mim.
Eu ainda corto a língua do Coringa.
- Não achei necessário.
- Mas era, eu precisava saber.
- E o que ia mudar?
- Sei lá, mais eu tenho a obrigação de te agradecer.
Me aproximei dela passando o polegar em seu rosto sentindo sua pele macia.
- Me agradece não se metendo em encrenca.
Ela negou com a cabeça e foi se afastar de mim mais parou bruscamente.
- Laura o que houve?
Segurei em sua mão e senti que estava fria, ela se apoiou em meu peito e fechou os olhos.
- Me deu uma tontura dirrepente, me ajuda a deitar.
Deitei ela no sofá e peguei um copo com água.
- Se alimentou hoje?
- Só almocei aquela hora e muito mal ainda.
- Percebi que não estava se sentindo bem.
- Aquele cara me fez perder o apetite, aliás obrigada por me defender.
- Eu sabia que você ia falar alguma bobagem.
- Na verdade eu ia jogar o copo nele.
- Tá vendo só. Se sente melhor?
- Sim, já está passando.
- Achei vocês. - Coringa passou pela porta acompanhado de uma mulher. - O que aconteceu?
- Eu tive um mal estar, nada de mais.
- Quer que eu te leve pra casa?
Laura alternou o olhar entre ele e a moça e negou com a cabeça.
- Não quero te atrapalhar, está tudo bem. Eu peço pro MK me levar.
- Eu te levo.
Me pronunciei.
- Pô mano, não vai te atrapalhar não?
- Não, pode ficar tranquilo.
- Vocês me tratam como se eu fosse criança.
Laura falou encruzando os braços, Coringa abraçou ela beijando sua cabeça.
- Mais você é minha criança.
Eles se despediram e eu a ajudei ir até o carro, todos no salão ficaram olhando ela sair apoiada em mim, isso com toda certeza seria um problema mais tarde.
Chegamos na casa do Coringa um tempo depois pois estávamos quase do outro lado da cidade.
- Obrigada por me ajudar.
- Vou anotar depois você me paga.
- Você não tem jeito né Leonardo.
Foi estranho ouvir ela me chamar pelo nome, fazia muito tempo que ninguém me chamava assim.
- Desculpa, foi sem querer.
- Tá tudo bem. Tenta dormir, vou estar no quarto ao lado.
- Eu não quero te atrapalhar, já basta hoje mais cedo.
Passei a mão em seus cabelos e percebi que seu corpo se arrepiou.
- Não se preocupe, estou de olho em você Laurinha.
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Paz Justiça e Liberdade
General FictionLaura uma menina órfão de mãe e abandonada pelo pai, foi criada por seu tio Roberto, um dos chefes do Primeiro Comando da Capital. Obrigada a cursar medicina contra sua vontade para trabalhar em uma penitenciaria dando apoio aos membros da facção...