Parte 52

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  Faccine

- Anda filha da puta, fala alguma coisa. VAI CARALHO!

   O cara magrinho gritou com a Laura e eu saquei minha pistola na hora apontando pra ele.

- Abaixa tua bola aí meu parceiro. 

- O irmão  Faccine vai querer pagar de doido agora?

- BASTA! - Pietro gritou e todos se calaram. - Ragazza, responda o que pretende fazer?

- Acha mesmo que eu tenho cara de quem vai comandar facção? Pensa bem, é os negócios de vocês que vai estar em minhas mãos.

- Vai ramelar agora né patricinha, papo de fuder, mete marcha nessa porra.

- BASTA RD, EU JÁ DISSE BASTA! Não vamos complicar as coisas, eu já tenho muitos problemas pra resolver, se a ragazza é herdeira ela tem direito de passar o comando pra quem ela quiser.

   Todos olhamos para Laura e ela encarava RD com um olhar mortal, sinceramente eu não conhecia esse lado dela, era como se a qualquer momento ela fosse atacá-lo.

-  Então, aqui está todos os parceiros do seu pai, é só escolher um. 

    Um silêncio tomou conta do lugar, e uma tensão ficou no ar.

- Eu escolho o RD.

   Todos se entreolharam surpresos e Laura caminhou lentamente até o RD, vi que ele hesitou, mas manteve a pose, ela passou a mão lentamente em seu rosto falando no seu ouvido, eu pude ouvir pois estava próximo aos dois e pronto para qualquer movimento errado da parte dele.

- Eu entrego o comando nas tuas mãos, só pra ter o prazer de ver meu irmão te matar na primeira oportunidade que tu pagar de doido.

 Ela se afastou e todos começaram a se cumprimentar finalizando a reunião, eu realmente não esperava que Pietro nos ajudaria poupando a vida da Laura, mas aquele problema já tinha se estendido demais, estava afetando os negócios da organização e atrasando os lucros, de alguma forma a morte do Roberto foi bem-vista por ele, afinal nós não podíamos dar um fim naquilo, mas Laura sim, ela tinha o aval de herdeira.  

     Alguns minutos depois todos os presentes na sala haviam se retirado restando apenas nós dois, me aproximei dela que estava parada em frente ao corpo do Roberto, o palco era um pouco mais alto do chão, o sangue ainda escorria pela parede pingando próximo aos seus pés.

- Eu não tive outra escolha. 

- Tá tudo bem.

- Não Leonardo, não está tudo bem, esse monte de carne morta é meu pai.

- Laura...

- Ele me obrigou a isso, quando eu entrei na sala em que ele estava, por um segundo cheguei a pensar que veria alguma fagulha que seja de amor ou de arrependimento. - Ela se virou de frente pra mim e seus olhos estavam repletos de lágrimas. - Mas eu sou só a sementinha do mal.

- Não fala isso, por favor.

   Me aproximei de seu corpo e ela desabou de vez, seus soluços eram altos e sua respiração irregular, seria uma luta pra apagar mais uma desgraça que decaiu sobre alguém inocente.

[...]

  Depois de muito custo consegui tirar a Laura daquele lugar, foram 4 horas de viagem até o Rio, perguntei se ela queria ficar no meu apartamento, mas ela disse que só queria seu irmão.

   Enquanto eu dirigia, ela se mantinha calada e com a cabeça escorada no vidro, eu imagino quantas coisas deviam estar passando em sua mente, e o pior de tudo era eu não saber do que Roberto estava tramando e ver que ela tomou uma decisão perigosa sozinha apenas para não me colocar em risco. 

- Ei. - Falei colocando a mão em sua perna pressionando levemente. - Você está tudo bem?

- Sim, só um pouco confusa.

    Eu ia dizer algo mais fui surpreendido com vários carros na entrada do morro, tinha muitos homens armados e pareciam bem agitados, estacionei o carro mas pra dentro do beco próximo a eles e nós dois descemos tentando entender o que estava acontecendo, cheguei em um dos caras que estava ali e perguntei qual o motivo da bagunça.

- O Coringão tá pilhado, reuniu geral pra buscar a irmã dele, papo de guerra tá ligado?

   Acabei sorrindo com a audácia do Coringa, realmente o cara era maluco, peguei na mão da Laura passando no meio daquele monte de traficantes e entramos em uma das salinhas que ficava no pé do morro, do corredor já dava pra ouvir os gritos dele de dentro da sala. 

- SEIS ENTENDEU ESSA PORRA? NÃO INTERRESA QUEM ESTIVER LÁ, VAI ENTRAR TUDO NA BALA.

   Encostei na porta olhando pra ele, seu rosto estava abatido e seu semblante transtornado.

- Eu só acho que você não tem permissão para entrar em território alheio.

    Falei alto para que todos ouvissem, MK e França também estavam presentes, e no mesmo instante me olharam, Coringa arregalou os olhos e se manteve imóvel.

- Vai passar por cima de ordem minha?

- Faccine? Você... minha irmã... 

- Tá tudo bem Felipe, a sementinha do mal ainda está aqui.

    Laura falou saindo de trás de mim, suas palavras me tocaram de alguma forma, essa era uma mágoa que estava a consumindo e isso doía em mim.

- Laura? Eu... eu pensei que...

    E mais uma vez presenciei meu amigo chorando, não sei dizer se era desespero, aflição ou apenas alívio em saber que nada tinha acontecido a ela, os dois se abraçaram e Laura se aninhou em seus braços como uma criança amedrontada. 

    Os demais presentes na sala foram saindo aos poucos, pedi para França dispensar a todos que estavam lá fora e dizer que tudo estava resolvido vindo de uma ordem direto do tribunal. 

   - Manda o papo, o que aconteceu? Os caras chegou dizendo que a Laura fechou o 157. Táva preparado pra meter marcha, ia destruir aquela porra.

- Foi isso mesmo que aconteceu, eu assumi o posto de herdeira e matei o Roberto.

 - Tu pirou de vez Laura?

- Não tive outra escolha Felipe.

- E agora?

    Ele perguntou mais pra mim do que pra ela.   

- Tá tudo certo Coringa, o PCC tem um novo no comando, Laura passou pro RD, ela continua como sua responsabilidade e tudo volta ao lugar agora.

- Pera ai, como que o tribunal engoliu essa sem meter o loco?

- Roberto já tinha passado dos limites, ele estava tramando casar a Laura com o Pierre na intenção de fazer o que quiser dentro do comando, quando isso foi exposto Pietro desconsiderou totalmente a afronta da Laura. 

- Quem me dera ter a oportunidade de pôr as mãos naquele rato, eu ia espremer ele pelos meus dedos.

    Coringa falou passando as mãos nos cabelos atordoado.

- Acabou Felipe, ele está morto, considere sua mãe vingada.

   Laura falou respirando fundo tentando se manter firme, o que me parecia difícil naquele momento.

- Nossa mãe meu amor, nossa mãe.

   Ele falou segurando seu rosto entre as mãos.

- Porra, eu nem consigo imaginar você sozinha no meio daqueles lobos.

- Eu estou aqui agora, me leva pra casa, por favor? Eu só quero esquecer tudo isso.


Paz Justiça e LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora