Parte 43

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Carla 

   Depois que os pombinhos saíram fiquei ali na sala assistindo a uma série qualquer enquanto bebia chá de amendoim, os últimos dias foram difíceis, compartilhei com Laura o medo de perder o Coringa, mesmo ele sendo um idiota eu não conseguia deixar de gostar dele. Esperaria até o último segundo por sua decisão.

   Umas 21:00 o alarme do meu celular despertou, era hora de dar os remédios do Coringa, peguei um copo com água e subi até o quarto, bati na porta e ele mandou entrar, peguei as medicações na gaveta e entreguei em sua mão.

- Cadê a Laura?

- Saiu com Faccine.

- Hum. Senta aí, quero trocar um papo com tu.

    Coloquei o copo na estante e me sentei perto dele na cama.

- Pode falar.

- Se liga, eu gosto de você ta ligada, de verdade mesmo, mas tu sabe como é minha vida...

- Coringa... 

   Tentei cortar o assunto, mas ele me fez sinal pra esperar.

- Deixa eu terminar, eu tinha medo de você se arrepender por ficar presa em um traficante e me abandonar ou me trair como minha mãe fez com meu pai. Quando eu te vi com aquele pau no cú eu tive a certeza que te amava tá ligada, mas já era tarde. Fui um merda contigo por causa dos meus medos.

- Eu nunca vou te abandonar Felipe, sempre soube o que você era e minha intenção não é mudar nada em você.

- Então bora tentar.

- Felipe você precisa ter certeza.

- Eu tenho certeza pô, bora fazer dar certo.

- Então tá.

   Sorri e me aproximei dele o abraçando forte, era bom estar em seus braços novamente.

- Então, eu preciso te contar uma parada.

   Me afastei dele olhando em seus olhos.

- O que foi.

- A Laura é minha irmã.

   Estreitei o olhar em sua direção não entendendo a brincadeira.

- Mas é claro que é, todos sabem.

- Não Carla, ela é minha irmã que foi tirada de mim quando eu ainda era muleque.

  Olhei pra ele espantada.

- Mas como assim?

   Ele me contou toda a história da família dele, como a mãe morreu, a traição, a armação que o Roberto fez para o Talibã descobrir o caso dos dois, e por último o sequestro da Laura, fiquei boquiaberta com aquilo, o tanto que a Laura sofreu nas mãos daqueles homens, o tralma que o Coringa passou em ver o próprio pai assassinar sua mãe.

- Meu Deus, que horror Felipe.

- Eu vou me vingar daquele filho da puta Carla, nem que seja a ultima coisa que eu faça.

1 mês depois...

Coringa

   Finalmente, estou da laje da minha casa observando meu morro, foram meses difíceis, muita fisioterapia, dores intensas, consegui voltar a andar sem muletas, mas não podia forçar muita coisa.

  Nesse tempo eu e Carla nos aproximamos cada vez mais, estamos firmes e hoje me sinto um idiota por ter perdido tanto tempo.

- Apreciando a vista?

   Laura apareceu do meu lado com um copo de whisky na mão.

- Tava com mó saudades daqui.
   
- Eu imagino.

- E tu já viu os meninos?

- Tão organizando uma festa pra tu lá na quadra, só com os mais chegados.

- Os muleque são pica mesmo.

- A gente tem que comemorar, você quase morreu.

- Nem me lembre.

   Ficamos ali por um tempo até Carla nos chamar para irmos pra quadra, tinha vários aliados ali, quando passei pela entrada vários tiros foram disparados para o alto, MK e França vieram ao meu encontro me receber com um abraço.

- Porra viado, tu não pode fazer isso com nois não. 

- Relaxa, tô mais vivo que nunca.

    Nos sentamos perto da churrasqueira e ficamos ali marolando, os caras faziam maior graça enquanto bebiam, era muito bom estar de volta ali, meu morro, minha casa e com minha família. 

    


Capítulo pequeno, mais prometo que os próximos serão maiores e bem mais elaborados.




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