capítulo 43.

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Ghost saiu daquele lugar com você, mais reforços chegaram no local mas você ficou com a companhia dele, estavam em um carro que era do cartel e pela primeira vez você o viu dirigindo, a atenção dele direcionada na estrada enquanto os carros blindados corriam na direção oposta do lado esquerdo, você se acomodou no banco observando suas mãos cobertas por alguns curativos que precedentemente estavam manchadas com o sangue de Lily. Não seria difícil de esquecer, ainda mais lidar com o fato de que você quebrou uma das regras do cartel, Price com certeza lhe chamaria para o escritório dele para resolver coisas do assunto.

Após alguns minutos, vocês adentraram o cartel, depois que Ghost deixou o carro com um soldado designado na área. Enquanto avançavam, seus pensamentos continuavam a perturbar, pesando sobre você de forma incômoda. Simon permanecia em silêncio, mas seu apoio era evidente, mantendo-se ao seu lado com uma proximidade reconfortante, sem exageros. Ele a acompanhou até o seu dormitório, e ao chegarem lá, sua mão segurou a maçaneta antes de abrir a porta. Com passos decididos, você adentrou o cômodo, e o tenente seguiu o mesmo ato, fechando a porta atrás de si enquanto retirava a balaclava, permitindo-se respirar um pouco do ar fresco e aliviar as tensões do momento. O ambiente tranquilo do dormitório oferecia um breve refúgio, permitindo que ambos se recolhessem por um momento de pausa e reflexão antes de enfrentar os desafios que aguardavam do lado de fora.

— você acha que ele vai pegar pesado comigo? - sua voz caiu baixa, um pouco audível para o loiro.

— você ficou fora de si, isso acontece quando perdemos a cabeça. - ele retruca, cruzando os braços sobre o peitoral.

Conforme você avançava até o banheiro, pensamentos negativos invadiam sua mente. O capitão certamente não receberia bem a notícia de que você havia tirado a vida de uma mulher a sangue frio, sem o uso de qualquer arma, violando assim uma das regras sagradas que jurara respeitar desde o início de seu alistamento. Enquanto a água lavava suas mãos e o sangue escorria pelo ralo da pia, você encarava seu reflexo no espelho, soltando suspiros pesados e falhos, enquanto seus lábios tremiam sutilmente. Seu rosto, salpicado de sangue, e seus olhos avermelhados pelo choro de desespero, contavam a história da agonia que se desenrolava em sua mente atormentada.

Ao sair do banheiro, você se aproximou da cama, agarrando a toalha e secando as mãos de forma desajeitada, sacudindo a cabeça enquanto retornava a falar com o tenente, buscando encontrar alguma clareza em meio ao turbilhão de emoções que a consumiam.

— é, eu perdi a cabeça, Price vai me chamar assim que acharem minhas digitais no pescoço daquela mulher. - sua voz ficou mais baixa, pouco trêmula pelo estado de pânico.

— ei, Scar. - o britânico lhe chamou calmamente, notando seus sinais de pânico.

— ela me provocou, conseguiu ativar a bomba relógio que ela tanto me chamou. - sua voz ficou mais baixa, você virou de costas caminhando devagar e em passos curtos pelo pequeno quarto.

Scar. - Simon se aproximou em alguns passos, permaneceu tentando chamar a sua atenção.

— prometi à mim mesma que eu não repetiria isso, cometi erros no passado e não queria que acontecesse outra vez. - você continuou falando, andando em passos curtos e lentos. — o capitão vai me afastar da equipe, ou me deixará presa em alguma penitenciária bem protegida.

Scar. - a voz fria e rouca do loiro ecoou no quarto.

Antes que qualquer palavra pudesse escapar de seus lábios, as mãos calorosas do tenente envolveram seus ombros, virando-a para encará-lo de frente. Em um momento de pânico e confusão, seus pensamentos se misturaram facilmente. Mas antes que o tumulto pudesse consumi-la, os lábios de Simon encontraram os seus, num beijo calmo e prolongado. As mãos dele delicadamente pousaram nas laterais de seu rosto aprofundando o contato. Os pensamentos desapareceram com o ato repentino de Simon, foram substituídos pela aceleração do coração, pela adrenalina correndo em suas veias, e pela euforia do momento. Seus olhos fecharam com lentidão enquanto suas mãos deram o trabalho de serpentearem até o pescoço desnudo de Simon, seus dedos se entrelaçaram com os fios curtos loiros da nuca dele, o beijo continuou até seus nervos se acalmarem.

O toque delicado do homem dissipou todo o seu pânico num instante, deixando-a atordoada. Embora não esperasse tal gesto, aquilo a surpreendeu e provocou uma avalanche de sensações em seu estômago, desencadeando uma turbulência de borboletas. O homem pela qual nutria uma paixão intensa acabava de beijá-la, realizando um desejo almejado por tanto tempo.

Ao redor, o mundo parecia silenciar, as preocupações se esvaíam, deixando apenas o beijo lento e apaixonado que Ghost lhe oferecia. Seu coração martelava no peito, incapaz de acreditar na realidade daquele momento tão esperado. No entanto, você não hesitou em corresponder, entregando-se ao desejo crescente e pedindo por mais contato, alimentando a chama que ardia entre vocês dois. Cada instante era uma promessa de um futuro incerto, mas repleto de possibilidades que agora pareciam infinitas. À medida que o beijo se desfazia, a falta constante de ar se fazia presente, interrompendo a continuidade do ósculo. Ao se afastarem alguns centímetros, ambos encostaram suas testas uma na outra, mantendo os olhos fixos nos lábios levemente rosados um do outro. Suas respirações, agora em sintonia, buscavam recuperar o fôlego após o recente beijo lento e apaixonado, criando um momento de conexão profunda e intimidade compartilhada entre vocês.

— você precisa se acalmar, hm? Esse foi o único jeito.. foi a primeira coisa que veio em mente. - ele compartilha, sua voz baixa como um sussurro e rouca naturalmente.

As palavras pareciam se perder em sua garganta, incapaz de expressar o turbilhão de emoções que tomava conta de você. A incredulidade inundava sua mente diante do fato de ter sido beijada pelo homem em quem depositou tanta paixão. Uma sensação de paralisia tomava conta de seu corpo, deixando-a sem reação diante da intensidade do momento. Você evitava olhar diretamente nos olhos dele, tomada por uma timidez repentina que a impedia de encarar a magnitude do que acabou de acontecer. Cada batida acelerada do coração ecoava no silêncio que pairava entre vocês, enquanto tentava processar a corrente de sentimentos que inundava sua alma.

— fui muito direto, não? Devo deixá-la sozinha para esfriar a cabeça de forma tranquila. - o homem retrucou, sorrindo de forma sútil enquanto descolava sua testa da dele.

— ah, não! É, pode ficar. - você se recompôs, engolindo ar seco na medida que seus olhos encontravam os dele. — quero que fique aqui, por favor.

— você tem certeza? Aliás, precisa se limpar pois seu rosto ainda está com respingos de sangue. - Simon diz, bastante calmo enquanto manteve suas mãos pousadas nas laterais de seu rosto. — posso te esperar lá fora, Scar.

— tomarei um banho rápido, me espere aqui. - sua resposta foi rápida, tentando não demonstrar muito da felicidade que lhe dominava.

Ao se dirigir ao guarda-roupa, você agiu com rapidez, selecionando peças de roupas limpas para o seu banho, ansiosa por se sentir mais confortável. Separando meticulosamente tudo o que iria usar, você caminhou até o banheiro e, como de costume, fechou e trancou a porta atrás de si. As roupas foram cuidadosamente dispostas sobre a pia, enquanto você começava a se despir, deixando a tensão do dia escorrer junto com as peças de roupa que caíam ao chão. Dentro do ambiente privativo do banheiro, em questão de minutos, você estava debaixo do chuveiro, permitindo que a água quente acariciasse todo o seu corpo e envolvesse cada fio de cabelo. O vapor relaxante preenchia o espaço, proporcionando uma pausa revigorante e limpando não apenas a pele, mas também a mente.

Enquanto isso, o tenente permanecia no quarto, sentado na cama, com os antebraços apoiados nos joelhos, imerso em pensamentos profundos enquanto aguardava pacientemente sua saída do banho. O silêncio era interrompido apenas pelo som suave da água correndo e pelo vapor que se elevava lentamente do chão, criando uma atmosfera tranquila e introspectiva. Seus sorriso eram causados pelas lembranças recentes do beijo que Simon iniciou, ainda não tinha caído a ficha que isso realmente aconteceu.

Simon Ghost Riley [das cinzas ao sangue.]Onde histórias criam vida. Descubra agora