— Tá de bom humor hoje Sul? — Catarina perguntou simpática interrompendo o cantarolar baixinho do colega.
— Tá tão na cara assim guria? — O maior ficou um pouco constrangido, tinha plena consciência que o motivo era por que fora no chinaredo na noite anterior.
— Se divertiu com o Norte ontem?
— S-sim. — Não gostava de como a frase soava em seu ouvido, parecia que tinha literalmente transado com o irmão.
— Aposto que eles foram num puteiro ontem. — Paraná comentou ácido somente para incomodar o loiro. — Viu a cara dele?
— Paraná! — A mulher reclamou já ralhando com o moreno. — Porque tu fica falando coisas assim só pra incomodar?! O Sul não é esse tipo de pessoa! (...)
A mulher não viu quando as orelhas do gaúcho ficaram incandescentes o denunciando. Paraná viu. E aquilo o incomodou mais do que deveria e por esse motivo deixou o assunto morrer.
— Tah! — O paranaense se levantou enfático, cansado de ouvir a voz da amiga. — Desculpa por insinuar isso da tua pessoa. — Falou diretamente para o outro destilando incógnito a ironia. — Tu jamais faria isso.
Sul se limitou a bufar irritado. Quem ele pensava que era pra vigiar a sua vida?! Como se não entendesse as necessidades de um homem. Talvez não entendesse mesmo, já que mal se parecia com um.... Porém não deixou de sentir a indireta lhe perfurar o orgulho. Deu uma de superior e sentou em seu lugar fazendo toda a pose de trabalho.
— Que seja, agora cala a matraca que eu quero trabalhar.
Catarina suspirou cansada porém satisfeita, parecia que finalmente um pouco de civilidade começava a aparecer entre eles.
— Vamos todos quietar e fazer o nosso trabalho agora ok? — A mulher colocou um ponto final naquela interação e voltou para o próprio lugar.
Os três ficaram em completo silêncio por boa parte da manhã quando foram interrompidos por Matinha na porta.
— Opa, bão? — Cumprimentou a todos e em seguida se dirigiu para a loira. — Catarina ocê podi ví aqui um tiquim?
— Claro amiga, o que foi? — Já se levantava indo em sua direção.
A morena esperou que ela se aproximasse para falar bem humorada.
— É só pra tomá um cafezin cumigo, o Minas acabô di passá. — Pegou sua mão e a puxou para fora sem lhe dar chance de recusa. Quando estavam no corredor perguntou preocupada. — Minina! O qui qui aconteceu entre os dois lá?
— Como assim Matinha? — SC estava genuinamente confusa. — Eles estão completamente comportados a manhã inteira!
— Im silêncio?
— Sim.... Só no início da manhã que eles se bicaram mas logo o Paraná se desculpou e o Sul aceitou.... Por que?
— Minina! Ocê é muito inocente! Eles estão numa guerra silenciosa! Como qui ocê num percebeu?! Eles istão quase pulando no pescoço um do outro!
— Credo Matinha, eles não estão desse jeito não. Tu que é exagerada.
Assim que Catarina saiu da sala o Paraná olhou afiado para o gaúcho, que não deixou de notar a atenção sobre si.
— Que foi? — Perguntou mal humorado, já deduzindo o que viria.
— Tu foi mesmo num puteiro neh. — Fazia cara de nojo.
— O que te importa? Isso não é da tua conta. — Respondeu agressivo.
— Realmente não é da minha conta, mas pare de fingir ser alguém respeitável.
— Eu não finjo, eu sou.
— Tu é um grande pervertido isso sim que tu é. Que no primeiro dia já tem que ir atrás de sexo. Não sabe manter o pinto dentro da calça não?
— Tu é que não deve nem saber o que é desejo sexual de tão baixa que deve ser a tua testosterona, com essa cara de menininha que tu tem.
Aquilo doeu.
— Minha cara não tem nada a ver com isso e eu sei sim o que é ter desejo sexual, a diferença é que eu tenho pudor. Um conceito que tu certamente não conhece.
— Eu mantenho sexo separado do trabalho! Isso é que é ter pudor!
Paraná bufou desdenhando.
— Até que pra um frequentador de puteiro teu conceito não está tão ruim.
— Pelo menos eu sei como satisfazer uma mulher. — Sorriu agressivo. — Tu não deve ter nem tocado em uma ainda.
— Só porque eu nunca toquei em uma não quer dizer nada!
— Hah! Sabia! Tu nem pode se chamar de homem ainda, é um piá. Uma criança que não sabe o que é sexo.
— Eu sei sim o que é sexo!
Aquilo saiu um pouco mais forte do que pretendia e os dois pararam por um momento. A compreensão iluminou os olhos do gaúcho.
— Tu é gay. — Droga! Não queria ter revelado aquilo, ainda mais pra ele! — Não é à toa essa tua cara então. — O barbudo tinha agora um tom cruel na voz. Falava com um certo nojo. — Deve dar a bunda todas as noites pra outro baitola.
— Minha sexualidade não tem nada o que ver nessa conversa. — Murmurou entredentes realmente afetado e ofendido.
— Como não?! Foi tu que começou a se importar onde eu enfio meu pau! — De repente olhou afiado para ele. — Não se atreva a me olhar dessa forma ouviu bem! — Simulou que ia vomitar. — Credo, me dá nojo só de pensar nisso.
Paraná tinha os olhos marejados, ele agora o via com desgosto, antes era melhor, que pelo menos o considerava alguma coisa. Não aguentou, precisou sair da sala apressado e a duras passadas.
— Isso. Vai lá chorar escondido viado! — Sul falou cruelmente quando o outro passou por si rumo à saída.
Sentou em silêncio por um momento. Malacreditando no que acabara de falar, ele não era assim, esse tipo de pessoa....Pouco lhe importava realmente a gayzice ou heterossexualidade alheia desde quenão lhe envolvesse. Mas por que que com Paraná era diferente? Não sabiaexplicar. E não pediria desculpas, preferia ficar com aquele tipo de imagemdiante dele do que admitir que errou.
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Sim, Sul era um bostinha quase full on homofobico ;-;
ai a ironia....~
Matinha sagaz como sempre
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Origens
Fanfiction- Erhm eu sei que tecnicamente a gente já começou a trabalhar e não somos mais novatos, mas de quem é aquela mesa? - Catarina apontou para a escrivaninha vazia em frente à sua. - Eu nunca vi ser ocupada.... - Também não sei.... - Paraná apoiou distr...