Visitas primeiro

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— Olá, olá. Boa tarde. — Norte bateu na porta aberta antes de entrar no escritório alheio. — Vim buscar o Sul visse.

— Oi Norte. — Catarina cumprimentou educada.

Em contrapartida Paraná só levantou o olhar por um instante logo ignorando-os completamente, o potiguar estranhou aquilo, geralmente ele cumprimentaria de volta. RS já levantava de seu lugar, juntando seus pertences que não ficariam ali.

— Bem na hora mano. — Sorria largo. — Já estava cansado de esperar.

— Vocês tem planos pra hoje à noite? — A mulher perguntou querendo ser simpática.

Os dois coraram um pouco e trocaram olhares cúmplices.

— Sem querer te ofender Catarina, mas não é da tua conta guria. — Sul se adiantou em cortar o assunto. — Mas sim, temos planos.

Não conseguiu evitar se sorrir de canto. Só o prospecto da atividade já o animava mais do que seria recomendado. Resumindo, se não se cuidasse exibiria uma ereção imediatamente. Sentiu o olhar do menor o perfurando a nuca. Revidou na mesma moeda e deixou por isso mesmo.

— Vamos indo então galega, até amanhã visse. — Norte interferiu antes que a situação evoluísse demais.

Os dois saíram da sala e enquanto esperavam o elevador o nordestino precisou perguntar.

— Visse maninho, aconteceu alguma coisa com o Paraná?

Sul bufou descontente.

— Eu sei lá o que o guri tem. O bom é que ficou quieto a tarde toda.

— Mas ele estava estranho homi.

— Tu vai estragar meu humor se continuar falando daquele merdinha.

As portas abriram e os dois entraram. Norte viu que não valia a pena continuar naquele assunto. Antes que a situação azedasse mais o potiguar puxou outro tópico.

— Eu te mostrei uma foto delas? — Sorria de canto significativo.

— Não, mas nem precisa neh. A gente já tá indo pra lá mesmo. — Sul também abriu um sorriso maroto. Estava animado. — Deixa de surpresa.

— Como quiser.... Mas já adianto que elas são diferentes umas das outras.

— Tu já ficou com todas? — O nordestino corou e desviou um pouco o olhar, aquilo foi resposta suficiente para o sulista. — Cachorro.

— Olha quem fala galado. A primeira coisa que tu me pede é pra ir num puteiro.

O gaúcho foi obrigado a rir, ele tinha razão. Finalmente saem do prédio e entram no carro do RN.

— Tchê, não tem problema de ir no teu carro?

— Não vejo nada de mais visse. É só estacionar uma rua abaixo. Mas também não faz diferença, eu não tenho namorada pra ser fiel entendesse.

— Faz como tu achar melhor então. — Olhava distraído pela janela. — Quem tu recomenda? — Perguntou com falso desinteresse.

Norte sorriu largo, tanto pelas memórias prazeirosas como pela tentativa falha do seu irmão esconder o interesse. Suspirou divertido, fingindo pensar profundamente no assunto.

— Cada uma tem uma especialidade entendesse. Pelo menos é o que elas dizem. — Lançou um olhar maroto pro de seu sangue. — Depende do que tu queres.

Sul devolveu o olhar, ele sabia que basicamente qualquer coisa serviria no estado em que estava. O potiguar continuou.

— Já te falei que são três galegas nera não. Então. É a Ametista, a Crystal e a Tiffany. Todas gostosas na minha opinião, cada uma de um jeito. — Soltou uma risadinha desconfortável, não estava realmente acostumado a conversar aquelas coisas, daquele jeito com o irmão, mas não achava ruim. — A Ametista é loira e alta entendesse, é a mais peituda delas. Faz uma espanhola que é uma beleza. — Corava um pouco e não se atrevia mais a procurar o olhar do loiro, estava muito embaraçado para isso. — A Tiffany é a única que topa anal visse. Gostosa também, branquinha do cabelo cacheado. Faz do tipo inocente. Não tem tanto peito, mas a bunda.... — Precisou assoviar com a lembrança, estavam quase chegando lá. — E a Crystal é magrinha e baixinha, tem o cabelo castanho comprido, é bom de puxar. O mais legal dela é que ela é levinha, dá pra fazer.... — Pausou procurando a terminologia mais discreta. — Muitos movimentos aéreos. Se é que você me entende.... — Virou numa rua meio sombria e puxou o freio de mão desligando o carro. — Chegamos.

Lançou um olhar rápido para o irmão. Sul estava definitivamente corado, tinha as orelhas incandescentes também. Toda aquela conversa tinha lhe afetado. O potiguar tirou o próprio cinto de segurança e sem querer passou o olhar pelo gaúcho e viu um certo volume dentro de sua calça. Sorriu discreto, não era à toa que ele estava muito calado. Desceram do carro e o maior os guiou até uma das casas já apertando a campainha.

— Sorri um pouco Sul, senão tu vais assustar elas visse.

Finalmente o gaúcho lhe lança um olhar sério e irritadiço, estava nervoso. O nordestino deu um tapinha amigável em seu ombro.

— Que foi galado, não é como se fosse a sua primeira vez homi. Calma.

RS suspira pesadamente.

— Barbaridade, tem razão. — Passou a mão no rosto aliviando um pouco da própria tensão. — Mas não me peça pra sorrir feito um idiota como tu. Não fico mostrando os dentes pra todo mundo.

— Ou!

Ele ia continuar mas foram interrompidos pelo interfone.

"Pois não?"

— Aqui é o Norte galega. E o meu irmão.

Ouviram exclamações indistintas e animadas do outro lado seguido do barulho de corte de linha e do portão sendo destrancado. O potiguar abriu a grade e indicou que o loiro entrasse primeiro recebendo um olhar afiado.

— Que foi? Visitas primeiro. — O nordestino sorria largamente ao fechar o portão atrás de si.


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— Tudo bem Paraná? — Catarina perguntou preocupada assim que os Rio Grande saíram.

O menor lhe lançou um olhar triste, a mulher se aproximou preocupada o tocando o ombro.

— Ele falou umas coisas bem cruéis pra ti.... — Falou condoída e com delicadeza.

O menor tombou a cabeça em sua mão, não queria realmente falar sobre aquilo, mas apreciava a preocupação.

— Eu não vou deixar aquele demônio me atingir Catarina. Me recuso. — Cada vez se irritava mais ao lembrar de toda a discussão. — Ele tem alguma coisa no olhar que não me agrada. — Olhou para a amiga. — Não fica com ele sozinha daí.

SC sorri preocupada, de certa forma tinha percebido aquilo. Mas o Sul não parecia ser alguém de má índole, era só aquela uma coisa que estava errada ali. Brasil tinha bom olho para essas coisas, não traria uma pessoa ruim para a empresa. Talvez um pouco estranho e caótico tipo o Rio ou Ceará, ou intimidador tipo o Matin, mas ninguém verdadeiramente perigoso.

A mulher suspirou sem saber o que pensar.

— E-eu vou fazer meu melhor tah Paraná, não se preocupe tanto. — Deu tapinhas suaves onde estava sua mão. — E tu também, para de provocar a criatura! A gente nem se conhece ainda e vocês já estão quase saindo nos tapas!

O menor se afastou da mão dela.

— O que eu posso fazer?! Ele me irrita!

— Tu pode começar por não iniciar a briga! Hoje o dia inteiro ele se irritou com tuas respostinhas. — Forçou o moreno a encara-la. — Até eu me irritaria com isso!

— Mas tu não fala idiotice como ele neh!

— Para de ser cabeça dura!!! — A vontade dela era de chacoalha-lo pelo pescoço pra ver se entrava algum senso dentro dele.

O menor perdeu a paciência do assunto desagradável. Afastou forçoso a mão dela de si.

— Deixa assim Catarina. Eu me viro, não vou deixar ele ficar reinando aqui não.

A loira se limitou a bufar contrariada, nãoconseguiria enfiar nada na cabeça dele daquele jeito.

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