Equilíbrio

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— Uai? O Sul si ajeitou cum o Paraná? — Matinha perguntou para Santa Catarina, ambas conversavam voltando para as respectivas salas depois do cafezinho da tarde.

— Hum? Não que eu saiba.... — Olhou um pouco confusa para a morena. — Por quê?

— Sei lá. — Deu de ombros. — Eu tive essa impressão agora sô. — Apontou com o queixo para a janela, no andar de baixo estavam os dois sulistas no mesmo ambiente. Sul parecia encarar Paraná com muita atenção mas sem a usual agressividade e o menor não parecia nada incomodado com aquilo. — Eles tão mais manso um cum o outro. Manso até dimais. — Matinha complementou seu pensamento.

— Verdade neh. Não tinha reparado.

Pararam para analisar a cena, tudo estava muito interessante de se observar.

— Faiz quanto tempo mesmo qui o Sul apareceu cum o olho roxo? Quando ele cunversô cum o Norte.

— Mais de mês. Aliás, mais de dois meses quase!

A loira entendia onde a centro oestina queria chegar. Realmente fazia um tempo que os dois brigavam cada vez menos e sua sala estava mais agradável de se trabalhar. Paraná diminuiu, e muito, suas provocações e Sul também parou de brigar por qualquer coisinha e olhada torta que recebia.

Tinham chegado num equilíbrio bastante produtivo, não que as brigas tivessem parado, só diminuíram mesmo. Mas já estava ótimo considerando o que era antes. Só o gaúcho que parecia um pouco mais distraído que o normal, mas nada muito expressivo.

— Parece qui essa cunversa ajudô dimais da conta sô.

— Aham! Ajudou muito, agora que tu tá falando que eu reparei.

— Ocê tem qui aprendê a lê as pessoas Catarina, vai lhe sê muito útil cum esses dois aí. Tem qui deixá di sê boba cum isso.

— Ai amiga, nem sou tão ruim assim....

— Num é tão ruim assim porque ocê convive cum gente mais tapada qui ocê. — Apontou para os dois sulistas lá em baixo e deu uma risada divertida. — Mais ocê num podi si nivelá por baixo. — Via o rosto tristonho da catarinense. — Eu só sô boa nisso porque eu tenho um irmão muito bocó pra essas coisas sô, intão tive qui aprende di criança a lê o qui ele tava sintindo e o qui os otros tava sintindo pra ixplicá pra ele as coisas. — Suspirou cansada. — Ocê num teve isso intão é normal qui num seja natural procê, mais podi aprendê, i como eu disse, vai di sê muito útil cum esses dois. Eu ti insino si ocê quisé.

— Então eu quero, porque eu não vi nada do que tu falou neles antes de você falar.

— Intão vamu começá agora! — MT exclamou animada se virando muito obviamente para a janela e apoiando-se no parapeito convidando a sulista para se juntar a ela. — Ocê tá vendo como o Sul tá oiando pro Paraná?

— Uhum.

— Tá distraído, mas tá intenso. Parece qui tá pensando profundamente im alguma coisa.... Quase.... Apaixonado?

— Impossível.

— Num é? — Concordou surpresa. — Eu também num tô intendendo, mais é isso qui dá pra vê pela linguagem corporal dele sô.

— Tô achando que tu não é tão boa assim. — SC alfinetou divertida a morena. — Mas táh, continua. E o Paraná? O que tu vê nele?

Um pouco contrariada pela brincadeira dela Matinha volta sua atenção para o menor. Ele estava distraído no celular apoiado num dos balcões da recepção. Parecia esperar alguém.

— Ele tá isperando alguém. Isso até ocê consegue vê. — As duas viram o paranaense rapidamente olhar para o loiro e depois desviar o rosto e virar completamente o corpo, mudando de posição. — Óia só. O Paraná sabe qui tá sendo observado i ainda ficou cum vergonha. Mais não saiu. Isso qué dizê qui ele tem interesse di alguma forma. — Murmurou baixinho percebendo que descobria uma dinâmica "secreta" deles.

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