Algo privado

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SC esperava o elevador quando Matinha se aproximou.

— Oi amiga! Tudo bão?

— Oi Matinha! Tudo sim guria. Só o Paraná que faltou e disse pra eu perguntar as coisas pro Sampa. — Comentou casual.

— Uai? — A morena fez sua melhor cara de dúvidas. — Por que o Paulinho?

— É o que eu vou descobrir neh. — Encolheu os ombros sem graça.

— Posso í junto?

Catarina torceu a expressão em dúvida.

— Não sei se pode guria....

— Uai sô?

— Ele pediu que eu não contasse nada pro Sul... Então acho que é algo entre eles.... — Viu a expressão da centro-oestina. — Algo privado.

— Intendi. — Colocou a mão na boca pensativa. Em seguida deu um sorriso. — Será qui eles si ajeitaro?

— Se ajeitaram como criatura?

— Ai, ocê sabe, aquilo qui nois tava conversando no outro dia.

A loira lembrou a teoria de que os dois se gostavam.

— Não amiga. O Sul tá namorando o Uruguai agora.

— É o que?! Como qui eu num fiquei sabendo disso?!

— Acho que o Sul não ficou espalhando por aí neh. Ele mal saiu do armário guria.

— Ele saiu do armário?! Di verdadi? Cum todas as letras?!

— Sim. — Catarina ria das expressões dela. — Tu tá por fora ehim guria. Achei que era mais rápida nisso.

A morena precisou rir divertida.

— Ocê tem razão loirinha. É qui eu tava meio ocupada nesses dias. — Parou para pensar. — Mai intão.... O Paraná tá bem? Cum toda essa coisa do Sul namorá o Uruguai.

— Que isso guria, ele deve tá bem sim. — Riu tentando desfazer a preocupação que surgiu em sua mente. — ... Será?

— Vai logo falá cum o Paulinho. — Cutucou.

— Ai esse elevador tá demorando! — Reclamou indignada apontando para a porta fechada.

— Vai di iscada intão. É só um andar. — Empurrou as costas dela naquela direção. — Deve di sê alguém do nordeste segurando a porta aberta! — Reclamou, visto que não era a nem a primeira nem a segunda vez que aquele tipo de coisa acontecia.

— Até mais guria. Te conto tudo depois se eu puder. — Se despediu com um aceno e saiu apressada.


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— Puta que pariu meo! Caralho! — São Paulo xingava atrás do volante, gesticulando com uma das mãos indignado. — Vai se foder filha da puta arrombado!

O sudestino buzinava para o carro que o cortara a frente. Por causa do horário acabou ficando preso no trânsito, justo quando mais precisava ser rápido. Quando finalmente chegou no estacionamento da empresa recebeu uma mensagem no celular. Estacionou agitado e pegou o aparelho para pelo menos ver quem era. Catarina.


"Oi Paulo, o Paraná me pediu pra falar contigo

Onde tu tá? "


Merda! Ela devia estar na sua sala. Com o Rio à solta em volta dela fazendo perguntas. Se apressou em sair do carro fechando a porta com força. Tomara que ela não fale nada. Correu para dentro.

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