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Melissa.📌

"Quanto mais eu vivo, mais eu tenho certeza que a morte não é certeza de nada."

Sexta-feira, 21 de Junho.

Conviver no mesmo ambiente que o meu padrasto é péssimo, nós dois não nos damos bem. Sempre são brigas e mais brigas, e no final sempre acabo apanhando dele.

Desde que mamãe foi embora, tenho morado com ele. Por ser menor de idade não posso sair de casa até porque eu não tenho para onde ir.

Por isso aguento toda a humilhação que ele faz comigo, eu trabalho para manter a casa, já que a única coisa que ele faz é beber o dia todo. Eu trabalho desde dos meu quinze anos, em uma cafeteria aqui perto, o salário é maravilhoso, eu pago todas as contas e ainda sobra um bom dinheiro.

A nossa casa não é tão pequena assim, sempre tivemos condições o suficiente para comprar tudo o que precisamos. Mais o meu padrasto adora gastar, e no momento a única pessoa que tem dinheiro aqui, sou eu.

Eu tenho preferência em juntar todo o dinheiro que der, e assim que eu fizer dezoito anos eu vou embora daqui. Não vai ser fácil já que o meu padrasto está sempre de olho no que eu faço.

Sobre amigos? Nunca tive.

Sempre que eu fazia amizades na escola o meu padrasto me batia e falava que eu não poderia ter amigos, que isso iria me atrapalhar nos estudos. Então, eu apenas convivia sozinha, e foi assim até o meu último ano na escola.

Sozinha, sem nem um amigo ou amiga.

Eu não entendo o porquê da minha mãe ter me abandonado, ter me deixado nas mãos de um homem como o César. Um homem nojento, repugnante, idiota e o mais grave de tudo, um abusador.

Ontem a noite eu acabei chegando fora do horário combinado com ele.

Por três míseros minutos.

Ele me bateu até que ele se cansasse, me deixou com vários hematomas por todo o corpo, incluindo o rosto.

Acordei cedo para cuidar em esconder todos esses machucados do meu rosto, eu odeio usar maquiagem, isso é para mulheres da vida e eu não sou uma. Mas por conta da surra eu irei usar.

—— Vai acabar se atrasando Melissa! —— gritou o César no andar de baixo.

Tentei terminar o mais rápido possível, dei uma última conferida no espelho e corri para o andar de baixo.

Mesmo ele sendo um homem ruim, ele sempre faz o dever que a minha mãe deveria fazer, tipo, as refeições ele sempre faz.

A mesa estava posta e sentei ao seu lado e logo baixei a cabeça. Comecei a comer o mais rápido que eu podia.

Percebi que ele me analisou e continuei a comer.

—— Não use maquiagens, você fica mais linda sendo natural. —— passou seus dedos sobre a minha bochecha e acabei dando um gemido pela dor. —— Sua sorte é que eu peguei leve princesinha.

Senti uma ânsia enorme assim que ele me chamou de princesinha. Eu odeio isso. Odeio a forma como ele fala comigo.

—— Se você não tivesse me batido, com certeza eu não precisariam usar maquiagem. —— soltei sem querer.

A Nossa Pura Obsessão.Onde histórias criam vida. Descubra agora