capítulo 3

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Freen

Você já sentiu que está vivendo a vida, mas ainda não consegue ser feliz o suficiente porque está faltando alguma coisa, mas não sabe o quê?

Isso definitivamente acontece comigo.

Billy, meu primo, está ao meu lado lendo algo em seu telefone. Ele sempre faz isso, fica horas lendo livros em uma plataforma de internet.

Ignoro e sinto meu telefone vibrar. Então olho para ele e uma imagem de Heidi aparece na tela.

Aceito a ligação e lembro quase instantaneamente que é aniversário dela.

- Feliz aniversário! - É a primeira coisa que digo. Ouve-se um suspiro do outro lado.

- Achei que você tivesse esquecido, amor. Você vem na minha festa de aniversário? - Ela pergunta. Mentalmente bato no rosto com a mão.

- Sim, Heidi, estou indo. - É a última coisa que digo antes dela rir, dizer “Vou esperar por você” e encerrar a ligação.

- Mentir é errado. - Diz Billy sem tirar os olhos do telefone. Me pergunto o que ele está lendo.

- Sim, sim, é isso mesmo. Vou na festa da minha namorada. Até mais. - É o que digo antes de me levantar e caminhar em direção à porta de casa.

Saio e vejo como o céu está meio nublado. Vai chover a qualquer momento. Então volto para dentro de casa e pego o guarda-chuva preto que estava ao lado da porta.

Quando chego ao carro, deixo o guarda-chuva nos bancos traseiros e ligo o veículo. Começo a dirigir e quase instantaneamente pequenas gotas de chuva começam a cair e atingir o para-brisa.

Obviamente dirijo com os limpadores de para-brisa ligados e também com minha playlist favorita.

Ed Sheeran começa a tocar e tudo que faço é continuar com meu olhar fixo na estrada.

Eu deveria me sentir feliz. Tenho namorada, casa. O Billy às vezes vem me fazer companhia, mas… não consigo.

Sinto falta de Sam. Sinto falta de suas palavras, sinto falta de como ela me aconselhava, pois sempre esteve comigo.

Estou com saudades da minha prima.

Minha tia, toda vez que ela olha para mim, ela começa a chorar. Sei que ela também sente falta dela, e sei que a grande semelhança entre as duas é sempre um gatilho para ela chorar por horas.

Às vezes eu gostaria de não ser tão parecida com ela, mas ao mesmo tempo isso me deixa feliz. Porque eu sei que parece estranho, mas Sam sempre dizia que nós duas éramos conectadas, por isso éramos tão parecidas. Muito parecidas. E que, apesar de tudo, estaríamos sempre juntas.

No dia do velório dela, decidi não ir. Me senti mal. E embora agora me sinta um pouco melhor, ainda me sinto assim. Ainda sinto um vazio dentro de mim.

Eu ainda lembro dela.

Fiquei sabendo de sua morte pelo fato de minha tia ter ligado para minha mãe, contando-lhe a notícia em meio às lágrimas.

Eu sei que atiraram nela, mas não sei por quê. Toda vez que eu tocava no assunto com a Laura, minha mãe, ela sempre falava isso. Nada mais. Embora… no fundo, eu saiba que está faltando alguma coisa, mas não consigo descobrir o quê.

Ao chegar, estaciono o veículo no estacionamento abaixo do hotel e saio, obviamente fechando a porta.

Posso visualizar como o elevador fecha antes de eu chegar e começamos a mudar de andar.

Não demora muito para descer até o meu. Entro e aperto o botão para subir ao andar do apartamento da Heidi.

Quando as portas se abrem, posso ver como duas garotas entram ao mesmo tempo pela porta do apartamento da minha namorada. E antes que ela mesma feche a porta, coloco minha mão para impedi-la.

Ao me ver, ela se emociona e pula em cima de mim, deixando um beijo suave em meus lábios.

- Achei que você não viria! – Ela diz, quando poucos minutos antes havia respondido que faria isso.

- Estou aqui, Heidi. - É tudo que digo e depois dou um beijo curto na boca dela e entro no apartamento com ela.

Tem muita gente, para falar a verdade, e a música se encontra alta. Não é alta o suficiente para os vizinhos chamarem a polícia.

Vejo Noey no meio da multidão, que está conversando com seu namorado. Suspiro e me aproximo dela para cumprimentá-la.

- Olá, Noey. - Digo enquanto deixo um beijo em sua bochecha. Ela sorri para mim e vejo como o namorado dela desaparece em questão de segundos para ir com os amigos.

- Olá, Freen. Acredita que não consigo encontrar a comida? - Questionou. Ri e acenei com a cabeça.

- Eu também não. Tenho certeza de que a Heidi está com ela na cozinha. Vou ver. - É a última coisa que digo antes de caminhar novamente no meio da multidão.

Ao chegar à cozinha, uma garota se vê prestando total atenção nos sanduíches à sua frente. Ao ouvir meus passos, ela levanta a cabeça e começa a engasgar, obviamente tossindo sem parar.

Faço contato visual com aquela garota de olhos cor de mel e sinto uma sensação estranha dentro de mim. É como se eu a conhecesse, é como se já a tivesse visto antes.

Decido cortar esse contato, virando-me e me perdendo entre as pessoas.

Noey olha para mim com uma sobrancelha levantada quando percebe que não trago comida.

- Vá procurar. Eu… vou sair por um momento. - Digo enquanto caminho até a porta, abro-a e vou em direção ao elevador.

Quando chego, não demora muito para as portas se abrirem. Aperto o botão para ir para o estacionamento de costas, mas quando me viro, lá a vejo.

Posso ver lágrimas em seus olhos âmbar. Quero perguntar o que há de errado, mas as portas do elevador se fecham, me deixando completamente sozinha.

Por que eu faço isso? Por que estou saindo daquela festa tão rapidamente? Pelo simples fato de sentir algo que não sentia antes. Pelo simples fato de ter medo desse sentimento.

Pelo simples fato de sentir que algo ruim está por vir.

Vou ser boazinha e diminuir a lista de quem pode ter sido. Agora temos:

Irin

Freen

Rebecca

Sam

Heng

Heidi

Nop

𝘈𝘪𝘯𝘥𝘢 𝘭𝘦𝘮𝘣𝘳𝘰 𝘥𝘦 𝘷𝘰𝘤êOnde histórias criam vida. Descubra agora