capítulo 22

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Freen

- Mais um pouco e vamos deixá-los em paz. - Sussurro no ouvido de Rebecca. Ela solta uma risadinha nervosa e assente, sorrindo.

Demorou alguns minutos para Bec parar de beber o café e colocar a xícara de volta no lugar. De forma “disfarçada”, nos afastamos das meninas e começamos a caminhar juntas pelos corredores do instituto.

- Quantos minutos nos restam? – Pergunta a garota de olhos castanhos, sorrindo.

- Por volta de seis. – Digo, olhando a hora no meu celular.

- Oh, sério? – Ela faz beicinho e me faz rir. Ela é muito fofa.

- Sim, Becbec. Temos que voltar para a aula, goste você ou não. - Digo. Ela ri. - Além disso, você terá minha linda companhia.

- Narcisista. - Ouço ela me chamar enquanto ri.

Não sei por que, mas apenas a abraço por trás e sorrio. No começo, ela fica tensa, mas depois relaxa.

- Bem, você gosta dessa narcisista. - Eu sussurro em seu ouvido, e ela ri. Deixo um beijo em sua bochecha, e continuamos andando lado a lado pelo corredor, até ver Heidi ficar no nosso caminho.

- Ah, vejo que não demorou muito para vocês se tornarem um casal. – Ela diz com um sorriso nada agradável. -  Você esquece as pessoas muito rápido, Sarocha.

- Um abraço não significa que já estamos juntas. O que você quer, Heidi? - Becky pergunta, sem sorriso e com voz séria.

- Quero parabenizá-las. Vocês formam um lindo casal. - Diz ela, ainda com aquele sorriso, embora só tenha ódio em seus olhos.

- Obrigada. - Bec não diz mais nada e me afasta de Heidi, ainda completamente séria.

Caminhamos até a sala em silêncio, e não gosto de vê-la com raiva. Então, para acalmá-la, eu aperto a mão dela, mesmo mantendo o abraço.

- Ela é uma idiota - diz Becky, suspirando.

- Você viu o status dela, certo? - Pergunto.

- Todos e cada um - Ela admite ainda séria.

Tenho certeza de que as declarações da Heidi, além de serem completamente estranhas pelo assunto das fotos, continham muitos insultos a Beck e eu não as vi.

- Becca, não fique com raiva. Quando você fica com raiva... Não vou dizer que você fica feia porque eu mentiria, mas você está muito seca. - Eu admito, ela balança a cabeça.

- Seca como? - Pergunta.

- Você fala super sério, e eu não gosto de ver você assim, Bec. - Falo e começo a dar muitos beijos na bochecha dela, embora o que eu queira mesmo é beijá-la na boca.

- Está tudo bem, Sar. Vou tentar me acalmar. - Ela fala, andando mais rápido em direção à sala.

E lá estava eu, com a minha missão do dia: mudar o humor de Becky, de alguma forma fazê-la esquecer o que tinha acontecido.

Ao entrar na aula de tailandês, a professora começa a falar, e posso perceber que Becky está com dificuldade, por causa das caretas que ela faz enquanto fala.

- Se quiser, posso te dar aulas particulares. - Sussurro em seu ouvido. Ela ri baixinho, e percebo que sua bochecha fica vermelha.

Eu gosto disso.

- Sar, você está me distraindo. – Sussurrou. Balanço a cabeça e olho para a professora, que está ocupada conversando com um colega do lado oposto ao qual estamos respondendo.

- Mas, Bec, você não entende essas coisas. - Lembro a ela.

- Mais uma razão para eu prestar atenção. - Responde.

- A proposta de aulas particulares ainda está ativa.

- Se eu continuar indo mal na matéria, vou te pedir ajuda. Está feliz? - Ela pergunta, olhando para mim. Eu aceno.

- Perfeito.

A aula de Tailandês continua, e a professora faz Bec ir para o quadro-negro. Ela suspira nervosamente e se levanta da cadeira. Mas antes dela ir embora, eu deixo para ela um pedacinho de papel em cima de seu caderno.

Becky parece não notar até o momento em que se torna o centro das atenções, e seu olhar desce para o papel.

Ela sorri nervosamente e começa a escrever o que diz no quadro-negro. A professora mal termina e pergunta a todos se estão bem. Eles acenam com a cabeça, e posso ver que Irin me olha com um sorriso.

Aparentemente, a garota foi a única, além de Bec, que percebeu o que eu fiz.

A inglesa vem para o meu lado, e então a professora me faz levantar para ir até o centro da sala. Lá, ela me faz perguntas referentes ao tema que estávamos discutindo, e não demoro muito para responder.

- Ok, pode sentar-se. – Diz a professora. Eu aceno e volto para o meu lugar.

- Você é muito boa - Bec sussurra assim que eu chego.

- É um presente.

- Obrigado pela ajuda. – Ela diz.

- Não foi nada.

Passamos o resto da aula sussurrando uma para a outra enquanto Irin e Noey se entreolhavam. Era óbvio que havíamos perdido alguma coisa, já que não havia mais tensão entre as duas, e elas passaram o resto do tempo sorrindo.

Ao tocar a segunda campainha do dia, nós duas voltamos a caminhar pelo corredor, já que Irin e Noey haviam desaparecido.

- Nos banheiros? — Pergunto, e percebo como as bochechas de Becky ficam vermelhas.

- Purifique sua alma. - Ela diz, referindo-se ao meme, e eu começo a rir.

- Com certeza nunca vou me cansar de falar com você. - Eu digo, e ela ri.

- Eu também não, Sar.

A próxima coisa que acontece é o que mudaria completamente naquele dia.

A primeira bomba cairia, afetando ambas.

- Ah, é Heng - Disse Bec quando ela ouve o telefone tocar. Eu me aproximo dela, e ela não fala nada.

- Que foi? - Eu pergunto, ela suspira.

- Ele só quer que eu dê uma olhada no status mais recente da Heidi. - Balanço a cabeça e pego o telefone da minha Nong.

- Vou ver, só para ver se é certo para você. - Falo, rindo. Becky balança a cabeça e desvia o olhar do corredor.

Entro no status, e o meu sorriso desaparece rapidamente.

A primeira coisa que vejo é Heidi beijando uma garota, que conheço muito bem. E então a frase “Ainda lembro de você” embaixo.

Sinto meu coração acelerar e começo a mudar de status, encontrando as fotos que Noey me disse que a garota havia postado.

Agora eu entendo tudo, entendo porque ela me bloqueou.

Começo a andar rapidamente pelo corredor, com Rebecca me chamando e me seguindo.

Tudo fazia sentido, o fato de ela ter me bloqueado daqueles status, da foto que Bec tinha dito naquela vez no refeitório, dizendo que Heidi sentia minha falta.

Mas acima de tudo, fazia sentido o que ela tinha dito para Rebecca...

“Parabéns Armstrong, você conseguiu separá-la de mim, mais uma vez”

Heidi não estava se referindo a mim. Ao vê-la, ela estava fechando o armário e seu olhar encontrou o meu.

- O que você quer, Sarocha?

- Heidi, você pode me explicar por que nunca me contou que conhecia a Sam? – perguntei enquanto mostrava o telefone da inglesa, que destacava o status.

E então a bomba explodiu.

𝘈𝘪𝘯𝘥𝘢 𝘭𝘦𝘮𝘣𝘳𝘰 𝘥𝘦 𝘷𝘰𝘤êOnde histórias criam vida. Descubra agora