capítulo 4

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Becky

O que devo fazer? Correr atrás dela?

Sinto meu coração disparar e me levanto rapidamente da cadeira, ainda sentindo tudo ao meu redor girar.

Ando no meio da multidão, sentindo minhas pálpebras pesadas e um zumbido no ouvido.

Tudo acontece em câmera lenta; as cores ficam mais escuras, tudo fica mais escuro.

- Rebecca… Você está bem? - Posso ouvir o que Irin diz, embora a voz dela esteja longe, muito longe de mim.

- Sam… - Sussurro, abrindo a porta do apartamento.

Quando saio, lá eu a vejo, entrando naquele elevador. Eu gostaria de lhe perguntar tantas coisas: por que você não falou comigo? Como ela ainda estava presente? Por que ela deu sua vida pela minha? Mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa a ela, seu olhar encontrou o meu novamente.

Lágrimas caem pelo meu rosto e, quando vou falar, a porta do elevador se fecha, permitindo-me ver uma última imagem dela.

Seu rosto refletia confusão, assim como o meu.

Caio de joelhos no chão do corredor e sinto mãos atrás de mim. Irin me abraça, tentando me acalmar, mas isso se torna completamente impossível quando começo a perder o fôlego.

Tudo ao meu redor fica escuro quando fecho os olhos e perco a consciência do que estava acontecendo.

{-}

Abro os olhos sentindo uma dor de cabeça, mas a luz acima de mim me faz fechá-los rapidamente e fazer uma careta de desconforto.

- Becky - Irin diz. Coloco a mão acima dos olhos e ela percebe que a luz me incomoda, então ela desliga.

- Sam… - Sussurro, lembrando aos poucos de tudo o que havia acontecido.

- Bec, ela não está mais aqui - Irin diz, sua voz está quebrada. Retiro a mão que estava acima dos meus olhos e a olho.

- Você deve ter ficado confusa, Becky - Nego repetidas vezes. - Você deve deixá-la ir.

- Eu não posso - Digo, sentindo as lágrimas saírem dos meus olhos e caírem pelo meu rosto. - Eu a vi.

- Rebecca, você se sentiu mal, deve ter sido… - Irin para de falar ao ver que eu soluço mais forte e me abraça.

Não acredito, tem que ser verdade, eu a vi. Tem que ser ela.

Durante o resto do dia, apenas fecho os olhos e tento dormir. O médico fez alguns exames para ver se eu estava bem antes de me dar alta.

Entro no apartamento sentindo o olhar de Irin atrás de mim.

Não digo nada, pois sei que ela não vai acreditar em mim. Embora… Estou realmente tendo alucinações com isso? De certa forma, fico muito triste por ter sido uma alucinação, parecia tão real. Parecia que ela estava realmente lá.

- Uma garota chamada Noey me ajudou a te levar para o hospital. Quando você acordou, ela não estava mais lá, mas ela é uma boa menina - Isso é tudo que Irin diz. Eu aceno com a cabeça enquanto ando até meu quarto e fecho a porta atrás de mim.

Estando sozinha, sinto uma dor no peito. A angústia é muito grande e não consigo parar de pensar nisso nem por um segundo.

Apenas deito na cama e olho pela janela do meu quarto. Fecho os olhos tentando dormir e uma lágrima escorre pelo meu rosto.

Muitas vezes isso acontece comigo. Em um momento me sinto bem e no outro estou chorando porque não a tenho ao meu lado.

Embora… eu não me sinta bem há muito tempo.

Quando fecho os olhos e não adormeço, posso ouvir como Irin abre a porta do meu quarto e depois sai, com certeza para verificar se está tudo bem.

Ela sabe o que sou capaz de fazer para ver Sam novamente.

{-}

Eu entro no instituto com Irin. Diferente da noite anterior, hoje ela conversava muito.

Ela me contou que a menina chamada Noey estuda no mesmo lugar que nós, já que mudou de escola com a amiga.

Posso notar um pouco de emoção em Irin, mas opto por ignorá-la. Não me entenda mal, mas minha amiga sempre fica animada toda vez que conhece alguém legal e, bem, estou acostumada com isso.

Vou até meu armário e de lá tiro o caderno da primeira matéria que tenho do dia, que, aliás, é Matemática.

Ao entrar na aula, sento-me nos bancos traseiros, enquanto Irin senta-se no banco da frente, perto da janela.

Ouço todos começarem a entrar na sala, mas me preparo para escrever algo no meu caderno, tentando fazer o tempo passar rápido, e não percebo o momento em que a professora começa a pegar o papel. Portanto, há um momento em que sinto um olhar sobre mim.

- Rebecca Patrícia Armstrong? - Perguntou. Eu olho para cima e a vejo.

- Presente - Isso é tudo que digo antes de voltar ao meu desenho.

Antes de terminar de ditar a lista, ouvem-se duas novas vozes na sala, mas não presto atenção nelas e continuo com meu desenho.

- Sarocha Chankimha… você é a nova - Ouço a professora dizer. Olho como a garota apenas balança a cabeça. - Sente-se aí, ao lado da Armstrong.

Eu olho um pouco para Irin, que estava do outro lado da sala, e posso dizer que ela está um pouco assustada e chocada. Levanto as sobrancelhas e ouço a professora falar para a Noey se sentar ao lado dela.

Eu lentamente viro meu olhar quando vejo alguém sentada ao meu lado.

E aí eu a vejo.

Ela sorri um pouco para mim e parece me reconhecer em um momento, mas então, ao perceber meu olhar de surpresa, ela simplesmente pega suas coisas e as coloca sobre a mesa.

Não é ela, não é Sam, mas é completamente idêntica a ela.

𝘈𝘪𝘯𝘥𝘢 𝘭𝘦𝘮𝘣𝘳𝘰 𝘥𝘦 𝘷𝘰𝘤êOnde histórias criam vida. Descubra agora