capítulo 30

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Freen

Ainda quero saber o que aconteceu com Samanun. É aquele tipo de coisa que você não consegue tirar da cabeça, uma pergunta que se repete continuamente.

Por quê?

É isso que quero saber, a razão pela qual Samanun morreu. Toda a minha família me escondeu o motivo desde o início. Não sei se foi por medo, pois assim que ocorreu a morte dela, entrei em depressão e não conversei com ninguém.

Sei que o aniversário da morte dela está cada vez mais próximo, e como todo ano vão me dizer que eu deveria ir ao cemitério, mas… nunca fui. Nunca fui visitar minha prima.

Não falo com Rebecca sobre isso porque tenho certeza de que isso a deixa chateada. Então, vou fazê-la sorrir o máximo que puder e tentar passar por isso feliz.

- Querida, vamos? – Pergunto. Bec balança a cabeça sorrindo.
As aulas terminaram por hoje e estamos caminhando em direção ao estacionamento, onde está meu veículo.

Entramos no carro e minha inglesa deixa a mochila no banco de trás, sentando no lado do passageiro e colocando o cinto de segurança. Faço o mesmo, só que sento no lugar do motorista.

Ligamos o veículo e coloco música no rádio. “At my worst” começa a tocar, fazendo-nos começar a rir.

- Eu te amo, Sar - diz Becky, ainda sorrindo enquanto olha para mim. - Te amo muito.

- Eu também te amo, BecBec - respondo sorrindo, com os olhos ainda na estrada.

Não passou despercebido que ela tem agido de forma muito estranha ultimamente, mas decidi ignorar até que ela se sinta pronta para falar sobre isso.

Paro o veículo assim que chegamos ao McDonald’s e vejo o sorriso animado de Becky.

- Eu disse que iria te levar para um lugar legal - eu a lembro. A morena balança a cabeça rindo.

- Mas vou pagar alguma coisa, - ela diz. Eu aceno, rindo. Só vou deixar ela pagar a sobremesa.

Entramos no local e começamos a fazer fila para os pedidos. Bec olha as mesas e percebe que estão todas ocupadas.

- Teremos que subir para o segundo andar quando nos entregarem as bandejas com a comida - balanço a cabeça ao ouvi-la.

- Sim, mas sempre tem espaço lá, então não se preocupe – respondo.

Subimos para o segundo andar assim que nos entregaram as bandejas, e havia umas duas ou três mesas livres. Sentamos onde tínhamos a vista perfeita da rua.

Meu celular vibra assim que me sento, e tiro-o do bolso, encontrando na tela o nome “Laura”, minha mãe.

- Olá - digo, ouvindo. O outro lado não demora muito para responder.

- Olá, Sarocha, filha. Ouça, você deveria vir falar comigo.

- Sim, mãe, quando eu tiver tempo…

- Não, Sarocha. É importante. Sei que minha casa fica longe da sua, mas isso é sério - ouço ela dizer. Aceno com a cabeça e levanto as sobrancelhas.

- Oh, está bem. Alguém está com problemas de saúde? - pergunto.

- Não, filha, isso tem a ver com… com Sam - ouço do outro lado. Aceno e suspiro. Rebecca olha para mim com uma sobrancelha levantada enquanto espera que eu comece a comer.

- Tudo bem… Passo por aí amanhã cedo, ok?

- Sim, até mais, Freen. Se cuida - é a última coisa que ela diz antes de desligar a ligação.

Olho para Bec e desligo o celular, sorrindo para ela. A inglesa faz o mesmo e começa a comer o hambúrguer.

Não tenho ideia do que minha mãe quer falar comigo sobre Sam, mas quero saber o mais rápido possível.

- Quem era? – pergunta após ficar com a boca sem comida.

- Minha mãe - eu digo. Becky balança a cabeça, comendo outro pedaço de hambúrguer. - Tua sogra.

De repente, ela começa a tossir e eu a ajudo enquanto dou algumas risadinhas. Admito que desta vez esperei até ela comer para contar.

- Você sabia que eu iria me engasgar. - ela me acusa. Balanço a cabeça, deixando minha cara mais inocente.

- Eu não queria, Bec, eu juro - eu digo. Ela estreita os olhos e me olha com desconfiança. - Bem, talvez sim.

Becky começa a me contar que Irin e Noey foram ao cinema depois disso e que ela recomendou o filme que assistimos.

- A diferença é que não falam que cartoon é para as crianças, porque elas adoram desenhos animados - ela diz, e percebo em questão de segundos que se refere a mim.

- Eu gosto de desenhos animados – eu respondo. - Mas eu gosto mais de discutir com você.

Rebecca começa a rir depois disso, e eu também. As bochechas ficam vermelhas quando me aproximo dela e lhe dou um beijo, mas paro um pouco para morder seu lábio.

- Você tinha um pouco de ketchup no lábio - eu digo. Ela balança a cabeça, sorrindo.

- Sim, claro…

- Sinto sarcasmo em suas palavras, Armstrong – digo. Ela balança a cabeça e me olha desafiadoramente.

- E eu sinto mentiras na sua, Chankimha – responde.

Quem passa pode pensar que somos imaturas, mas é divertido tanto para mim quanto para ela, e isso é o importante.

Lembro-me de algo e espero que ela pare de rir e olhe pela janela para perguntar.

- Rebecca… - começo.

- Sim? – ela pergunta enquanto olha para mim.

- Você… Você sabe o que aconteceu na morte de Samanun? Quero dizer… O que aconteceu com ela? – pergunto, e quase instantaneamente percebo como minha garota fica nervosa.

- E-eu bem… não, eu não sei de nada - ela responde antes de me dar um sorriso. - Vou ao banheiro, ok?

Assim que eu aceno, Rebecca desaparece de lá e caminha em direção ao banheiro em um ritmo muito rápido.

Eu sei que ela está escondendo algo de mim. Ela sabe de alguma coisa, e eu quero saber, mesmo tendo medo do que quer que seja.

𝘈𝘪𝘯𝘥𝘢 𝘭𝘦𝘮𝘣𝘳𝘰 𝘥𝘦 𝘷𝘰𝘤êOnde histórias criam vida. Descubra agora