capítulo 18

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Becky

Por causa de você.

Isso era o que eu ia contar para Sarocha algumas horas antes, mas… não consegui. Quando tentei, a imagem de Heidi apareceu em minha mente, me atormentando.

Agora, eu estava correndo por uma rua iluminada por algumas luzes. Lágrimas caem pelo meu rosto, que já estava molhado. Meu coração dói, muito.

Não tenho ideia de onde estou e me sinto um covarde por fugir para escapar daquela situação. Deixei Sarocha sozinha. Errei em fazer isso? Sim… mas tenho medo de voltar.

Sinto meu peito doer e minhas pernas estão cansadas, então tenho que parar. Procuro em todos os lugares uma pista de onde estou, e meu coração dá um pulo quando percebo.

Não tenho ideia de como cheguei aqui, mas sinto meu coração disparar mais rápido que o normal, minhas mãos suando e tudo começando a girar.

Agarro-me a uma parede e tento segurar meu telefone, mas ele cai no chão. Já se passaram dois anos desde a última vez que estive aqui. Naquela época, não pensava nas consequências, e agora que penso nelas, estou com medo.

Não existe mais uma Sam que possa me proteger. Agora só existe eu.

Lentamente, sento-me no chão sentindo como tudo gira. Minhas mãos estão suando e as lágrimas continuam escorrendo pelo meu rosto.

Quase consegui olhar para aquelas duas meninas, uma delas deitada no chão, sangrando, e a outra chorando pela morte.

- Irin… - sussurro, procurando meu celular no chão. Quando o encontro, com a pouca força que tenho, aperto o botão para ligar para ela.

Demora um pouco para responder. Apenas fecho os olhos por um momento. Ela demora um pouco para responder, apenas fecho os olhos por um momento, mas os abro quando ouço sua voz.

- Becky? Olá? - Pergunta. Sinto sua voz distante e tento responder da forma mais clara possível.

- E-estou aqui - gaguejo.

- Onde aqui? - Ela pergunta. Eu resmungo porque não consigo respirar bem.

- A rua… Sam, - Essa é a única coisa que digo em meio às lágrimas. Irin parece perceber o que está acontecendo do outro lado.

- E Sarocha? - Pergunta.

- Eu a deixei no estacionamento… Irin, socorro, - sussurro em meio às lágrimas.

- Bec, acalme-se, apenas escute minha voz.

Os segundos que passam parecem minutos, e o tempo todo parece passar cada vez mais devagar.

Um veículo aparece com os faróis acesos, e sei que não é Irin.

Ao ver a mulher de cabelos negros sair do veículo, não consigo articular nenhuma palavra. Ela se agacha ao meu lado, e um medo estranho cresce.

É como se eu tivesse Sam na minha frente, e mesmo sabendo que é realmente Sarocha, tenho medo que aconteça a mesma coisa com ela como aconteceu com minha melhor amiga.

- Apenas respire, Bec. Tente se acalmar, - Nesse momento, a ligação com Irin é cortada, e eu apenas fico olhando para Sarocha sem dizer nenhuma palavra.

Por algum motivo, sinto um pouco de paz conforme os minutos passam, e ela a vê ali, ao meu lado.

Freen me abraça, e eu lentamente retribuo esse abraço.

Ela me ajuda a levantar e me coloca no veículo. Não falo nada, porque sinto que não tenho forças para falar. Ela coloca o cinto de segurança em mim e depois coloca em si mesma, antes de começar a acelerar.

Vendo que estamos nos afastando daquele lugar, já me sinto mais tranquila.

A razão pela qual Irin e eu compramos outro apartamento para morarmos juntas, e ela se mudou desse, é porque era perto de onde tudo aconteceu, e a ideia de estar lá me aterrorizou.

- Se sente melhor? – Pergunta Freen. Posso ver nos olhos dela que ela estava chorando.

- S-sim, – eu sussurro, e meu olhar vai para a janela.

Vejo como pequenas gotas começam a cair do céu, assim como as lágrimas que caem dos meus olhos, perdendo-se pelo meu rosto.

Quando chegamos ao hotel, pegamos o elevador, e já me sinto melhor. Embora… eu não queira falar com ninguém.

Me sinto quebrada, de novo.

Ao entrar no apartamento, ouço Sarocha me chamando, possivelmente para se despedir, mas não quero conversar, não quero nada.

- É sempre assim quando ela tem um ataque de pânico, - sussurra Irin para Freen. Embora eu possa ouvi-la, mas não digo nada.

Vou até meu quarto e me tranco.

Deitada na cama, sinto as lágrimas caindo com mais força dos meus olhos.

Memórias da morte de Sam inundam minha mente, repetindo-se constantemente, sem parar.

Fecho os olhos com força e escondo o rosto no travesseiro. Choro cada vez mais, até adormecer completamente.

Achei que a noite terminaria ali, mas não terminou. Por volta das 2h da manhã, acordo com dores no peito.

Começo a tossir e tento chamar Irin, mas nenhuma palavra sai da minha boca.

Entre a ansiedade que tenho e o nervosismo, com a mão movo um enfeite de cavalo que estava na mesinha de cabeceira, e o faço cair no chão, conseguindo fazer barulho.

Não demora muito para a porta do quarto se abrir, e vejo Irin se aproximando de mim.

Minha visão está ficando escura e tudo gira continuamente, fazendo-me sentir cada vez mais fraco.

Minhas pálpebras estão cansadas e, antes que eu possa dizer outra palavra, fecho-as e tudo fica completamente escuro.

Desculpem a demora. Hoje teve o último dia de curso (aleluia) e eu passei o dia todo ocupada. Mano, fui dar uma de calango e escalei uma parede. Tô toda quebrada e cheia de arranhões. Não recomendo. 🫠

𝘈𝘪𝘯𝘥𝘢 𝘭𝘦𝘮𝘣𝘳𝘰 𝘥𝘦 𝘷𝘰𝘤êOnde histórias criam vida. Descubra agora