Freen
Quatro dias.
Já se passaram exatamente quatro dias desde a última vez que Becky veio à escola, e me sinto completamente mal por ela estar fazendo isso.
Eu sei que ela conhecia Sam, e talvez tenha sido muito chocante para ela que eu seja tão parecida com ela.
A Irin chegou e conversou muito com a Noey, tanto que agora me sinto sozinha, porque minha amiga passa o tempo inteiro na escola com aquela garota.
Suspiro olhando para a cadeira ao meu lado, parece tão vazia sem ela. Não tenho ideia de por que estou sentindo falta de uma garota que mal conheço. No entanto, ainda sinto que há algo que me une a ela.
Sam? Talvez.
Meu celular vibra novamente e uma mensagem da Heidi aparece na tela. Felizmente para mim, estou com as visualizações desativadas, então se eu não responder agora não haverá problemas.
A aula de Matemática vai se tornando extensa, até que a professora, que por sinal parece gostar de trabalho em equipe, resolve mandar uma.
Minha primeira opção foi fazer isso com Noey, mas vendo que ela está insistindo para Irin fazer isso com ela, decido ignorar essa ideia.
- Chankimha, com quem você fará seu trabalho? Lembre-se que você tem até segunda-feira para entregar. - A professora se aproxima de mim. Suspiro e digo a primeira coisa que penso.
- Eu farei isso com a Armstrong. - Respondo. Ela balança a cabeça enquanto sorri.
- Tenho certeza que vão fazer bem. Da última vez, foram as primeiras a entregar e o exercício foi impecável. - Diz ela, indo perguntar aos outros.
Agora eu tinha uma desculpa para ir ver Rebecca e perguntar o que havia de errado.
A aula de matemática termina assim que o professor consegue pontuar em seu caderno todos os grupos de duas pessoas.
Ando pelo corredor e vejo como Irin se afasta de Noey para ir em direção ao seu armário. Então é minha hora de entrar em ação.
Ando em direção a Noey e sussurro para ela:
- Preciso que você descubra onde Becky mora. - Digo. Ela ergue as sobrancelhas.
- Para que? - Pergunta.
- Preciso fazer um trabalho de matemática com ela. - é a minha resposta. Noey ri.
- Não venha com essas desculpas, Sarocha - é tudo o que ela diz, já que Irin não demora muito para voltar.
- Olá - saúdo a garota. Ela simplesmente sorri para mim e também me cumprimenta. Ela também conheceu Sam? Pelo seu nervosismo, suponho que sim.
- Oi - Noey também parece notar isso, então ela me olha erguendo as sobrancelhas. Eu suspiro.
- Preciso da sua ajuda, Irin – digo. Ela assente.
- O que você precisa? - Espero um momento para encontrar as palavras certas e responder.
- Tenho que fazer um trabalho em grupo com a Becky, e ela está desaparecida. Você poderia… não sei, me dar o endereço de onde ela mora, ou algo parecido? – Pergunto. Ela hesita um pouco, posso perceber pelo olhar dela.
- Mora comigo - Ela responde. Posso ouvir Noey começar a tossir.
- Ah - uma atmosfera estranha é gerada entre os três até que Irin decide acrescentar algo bastante importante.
- Não pense mal, somos amigas e moramos no mesmo apartamento há muito tempo - é sua resposta. Eu aceno.
- Então… você poderia… - pergunto. Ela suspira e olha para o chão.
- Não sei, Becky não tem estado bem nesses últimos dias - ela responde, e sinto uma dor no peito, suponho.
- Está tudo bem… - sussurro, mas antes de me virar, Irin acrescenta algo novamente.
- É melhor eu passar para você. Irei na casa do Noey fazer o trabalho de Matemática, e eu não gostaria que Bec gastasse muito mais tempo sozinha - Um sorriso aparece em meu rosto.
- Perfeito.
{-}
Suspiro enquanto estou no veículo. A casa de Becky não é tão longe, mas isso só me deixa mais nervosa, já que estou cada vez mais perto de vê-la.
Li a mensagem da Heidi antes de entrar no carro: era um convite para sair, mas não aceitei.
O que estou fazendo? Por que não posso simplesmente sair com minha namorada? Por que penso em Rebecca o tempo todo?
Espero que a resposta a essas perguntas tenha simplesmente a ver com trabalho de matemática, embora eu saiba que estou usando isso apenas como desculpa.
Deixo o veículo no estacionamento ao lado do hotel e suspiro, fechando os olhos e batendo levemente a cabeça no volante.
Armstrong, por que não consigo tirar você da cabeça? – Pergunto em voz alta, embora ninguém responda.
Saio do veículo, mas primeiro me olho no retrovisor: meu cabelo preto está meio maluco, mas devo admitir que fica bem em mim. Não tenho muitas olheiras, felizmente para mim. Estou bem, eu acho.Fecho a porta do veículo e caminho em direção ao hotel. Um homem me pergunta para onde vou, e mostro a ele que Irin, dona de um dos quartos, me deixou entrar no dela, já que lhe mostro as chaves.
Ao chegar ao andar de Becky, após ter saído do elevador, caminho em direção à porta que tem o mesmo número da chave. Sorrio nervosamente quando a encontro.
Eu não iria apenas abrir; eu iria bater na porta.
Antes de bater, sinto um arrepio percorrer meu corpo; fico muito nervosa.
Engulo em seco, reúno forças e bato de leve na porta.
Não demora muito para ela abrir, e posso ver a garota de olhos cor de mel vestida com uma camiseta branca e shorts curtos azul escuro.
- Irin, mais uma vez você esqueceu… - Ela diz, olhando para o chão, mas quando ela levanta o olhar e me vê, ela abre os olhos ao mesmo tempo. - Oh.
- Olá, Rebecca - eu digo, percebendo que seus olhos se encontram cristalizados, mas não para mim; ela já chorou antes. Além do mais, ela tem olheiras bastante visíveis, e é por isso que sei que ela não dormiu bem.
O que há de errado, Becky?
- Posso passar? – Pergunto. Ela gagueja um pouco e decide acenar com a cabeça.
- S-sim - ela diz, se afastando da porta, me permitindo entrar.
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𝘈𝘪𝘯𝘥𝘢 𝘭𝘦𝘮𝘣𝘳𝘰 𝘥𝘦 𝘷𝘰𝘤ê
FanfictionO que aconteceria se você testemunhasse a morte da sua melhor amiga? E se a lembrança disso te atormentasse em cada ação que você realizasse? Rebecca convive com a culpa de não ter ajudado sua amiga naquele momento e sente-se vazia, descartada. Com...