37 - Velocidade.

0 0 0
                                    

Caramelo ignorava limites de velocidade, já que todas as placas da estrada já haviam se enferrujado, tornando-se ilegíveis.

Inocência gritava de animação, debochando do pavor de Porcelana. A coitada agarrava o banco da Carla, prestes a chorar. Caramelo ignorava toda a agitação, sentindo a velocidade congelar seu rosto e seus cabelos com o vento. Fechou o vidro, triste por ter que fazê-lo. Mas sua cara valia mais do que o sentimento de aventura.

Ainda em alta velocidade, como bons jovens sem noção que eram, eles começaram a gritar e cantar alguma música de viagem. Porcelana se sentia num filme de terror que se passava dentro de uma excursão da escola.

De repente, o motor parou.

—Ah, que?! – Teodoro deu um soco na direção, fazendo a Carla apitar. – Desculpa...

Lentamente o veículo foi perdendo força, até parar no meio da estrada, já bem próximo de Castle Hill.

— Dá pra ir a pé? – perguntou Inocência.

— Dá. Mas só se for a gente. E eu não quero abandonar a Carla aqui. Até que a gente volte ela vai ser atacada por monstros. – disse Teodoro. – Será que não tem como um de nós ir pra lá buscar ajuda?

— Eu iria com Porcelana, se a bichinha não fosse tão medrosa.

— Porcelana? – Teodoro se virou para trás.

Ela estava toda encolhida no canto da Carla, chorando. Isso chocou Teodoro, despertando misericórdia naquele coração jovem.

— Porcelana...

— Que foi? – Inocência não entendia o tom triste com o qual ele falava o nome dela.

— Ela tá chorando. – ele olhou rapidamente para Bianca e depois voltou o olhar.

"Ah, quando eu choro ninguém tá nem aí. Mas quando a bebê ali chora, todo mundo fica comovido" pensou Inocência.

— Porcelana...?

— O que é?! – ela gritou, tirando a boca do meio dos joelhos rapidamente, para deixar sua voz ser ouvida.

—... – Teodoro se voltou para frente. – E agora?


A Cidade do SolOnde histórias criam vida. Descubra agora