Caramelo olhou pro teto do seu cubículo. Estava confuso, deitado num colchão no chão, igual Porcelana.
– Hã...? – ele tentou lembrar de onde tinha vindo. – Eu tinha saído pra... sim, pra defender a Carla de um esquisitão... Daí ele.... Ah.
Lembrou que tinha tomado um golpe da pá do esquisitão. O rei abriu a porta e ele tomou um susto.
–... Está tudo bem, Caramelo? – perguntou o rei, preocupado.
– Sim, sim, claro... – Teodoro tentava respirar com calma. – Misericórdia, podia ter pelo menos batido na porta?
– Desculpe, sobrinho. – ele entrou no cubículo e fechou a porta atrás de si. – Caramelo, eu posso falar contigo um instante?
– Fale...
O rei se sentou no chão, e olhou nos olhos de Caramelo.
– Por que você não me disse que tinha uma irmã? – perguntou.
– Irmã? – Caramelo franziu as sobrancelhas. – Que história é essa?
– Aquela menina, que você trouxe, a de olhos azuis. Ela é igualzinha a você.
–Porcelana? Onde que ela é igual a mim?
– Ela odeia a casa dela e quis fugir.
–Eu não odeio a minha casa. Só gosto de sair.
–Mesmo?
–Mesmo, tio.
–Então, se ela não é a sua irmã, ela é o que sua?
–... Sei lá, amiga, eu acho. Não conversei muito com ela. Quem a trouxe pra andar comigo foi Inocência.
– E é? Se for assim... Quem vai esclarecer as coisas com a polícia vai ser ela.
– Vish.
– O que?
– Aquelas duas se odeiam. – Caramelo não tinha muita certeza, mas sabia que quase ninguém em sua sã consciência gostava de Inocência.
O rei não conseguia compreender aquela situação. Como Inocência trouxera alguém que ela odeia, pra ser sequestrada a favor de sua vontade, e Caramelo não a conhecer? Era uma história sem pé nem cabeça. O rei encarou seu sobrinho, desconfiado.
– Isso tá estranho... – cruzou os braços. Foi quando imaginou que seu sobrinho estaria mentindo sobre alguma coisa... – Ela é sua namorada?
– Que?! Não! – Caramelo fez uma cara de "de onde você tirou essa ideia?". Caramelo não tem essa imagem de Porcelana, apesar de ela gostar dele.
– Então como é que ela veio até aqui? Inocência e ela se odeiam. Sei que Inocência nunca odiaria alguém sem razões. E alguém só entra na sua Kombi se você permitir. Se você não a conhecia, como iria deixá-la entrar?
– Bem.. é que... – agora que ele tinha falado, Caramelo começara a se perguntar porque deixara Porcelana ir com eles, pra início de conversa.
–Você pelo menos sabe o segundo nome dela?
– É....
– Menino, perdeu o juízo?!
– Ela não queria falar!
– E pensar que você seria tão descuidado assim.
Caramelo desviou os olhos, envergonhado.
– Vou contar tudo pra sua mãe. – disse o rei, num tom sinistro.
E Caramelo tremeu.
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A Cidade do Sol
Science FictionEm um continente que só chove, o sol é a única esperança. Desde que os céus fecharam, as vidas dos habitantes de Belarus se tornaram frias e sem sentido. Numa busca desesperada por propósito, adolescentes começam a desenvolver o que chamam de "maldi...