Depois do banho, Amaldiçoado e Aparelhado se secaram com as toalhas que estavam ali. As enrolaram na cintura, depois, como faziam na época me que eram completamente humanos. Tentaram se pentear com as mãos. Bolinhas de pelo acabaram se formando, e foram sendo deixadas numa das bacias. O fato de estarem limpos novamente os deixou muito alegres, e eles começaram a rir. Sentiam a sua autoestima voltando a crescer.
Uma batida na porta os deixou quietos de repente.
– Oi? – perguntou Aparelhado.
– Já terminaram? – era a voz de uma mulher.
– Já.
– Posso entrar?
–... Pode. – Vinícius não tinha certeza se ela podia, mas não conhecia alguém que teria a coragem de entrar na mesma sala que meio monstros por curiosidade.
A mulher entrou. Vestia uma blusa sem mangas, uma calça, e calçava galochas. Usava um avental branco com um bolso onde estava uma tesoura e um pente. Tinha uma touca na cabeça, uma máscara na boca e luvas transparentes nas mãos.
– O rei... ehh... me mandou aqui pra tosar vocês. – ela explicou, um pouco nervosa.
– Uhh... tá bom... – Aparelhado passou a mão pela cabeleira, fruto de meses longe de casa.
– Não se preocupem. É só a parte do cabelo mesmo, e dos braços se incomodam ao usar roupas.
Amaldiçoado ficou mais tranquilo ao ouvir isso. Não gostava de tesouras.
Ela pegou as roupas deles, largadas perto da piscina, e carregou até lá fora, onde outra mulher a esperava. Depois de entregar a ela, a mulher da tosa fechou a porta, e virou-se para os dois meio monstros.
– Por favor, sentem-se.
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A Cidade do Sol
Science FictionEm um continente que só chove, o sol é a única esperança. Desde que os céus fecharam, as vidas dos habitantes de Belarus se tornaram frias e sem sentido. Numa busca desesperada por propósito, adolescentes começam a desenvolver o que chamam de "maldi...