80 - Estranheza.

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Bendito encontrou a árvore rápido. Subindo, a encontrou do mesmo jeito: o teto de folhas, o desenho brilhante. Era como voltar pra casa depois de muito tempo. Seu coração se encheu de nostalgia.

– Estranho. – Querido olhava para o desenho com curiosidade. – Por que será que ela tem isso?

– Li num livro que ela conecta dois mundos. – Bendito compartilhou seu conhecimento.

– Dois mundos? Isso é muita coisa.

Querido passou a mão pelo desenho. Franziu a testa.

– Que foi? – perguntou Bendito.

– Toque. – foi o que o outro disse.

Bendito se ajoelhou e colocou a mão. A linha do desenho possuía um calor gostoso de se sentir. Querido pegou uma faca de bolso que usava pra cortar flores e enfiou dentro do desenho. Ele a repeliu, soltando uma espécie de faísca.

– Eu já vi algo assim em algum lugar... – Querido lembrou de uma coisa do seu passado. – Tem um pequeno campo de força, aqui.

Querido, então, pegou a faca e fez como se fosse tirar o sol de dentro do molde da árvore. Não deu certo.

– Preciso de uma ferramenta melhor, pra isso. – e desceu.

Aterrissando no chão, Querido percebeu algo estranho, e pediu que Bendito também descesse.

– O que foi? – perguntou ele.

– Estamos mais longe.

O corcunda apontou para Castle Hill, que estava ligeiramente mais longe do lugar de onde ele tinham vindo.

– Ah, sim, isso já aconteceu comigo. – Bendito esquecera de comentar. – Eu subo numa árvore, e quando desço, estou em outro lugar.

– Um campo de força, viagem entre árvores... – Querido tentava pensar em alguma coisa. – Alguma vez a árvore já atrasou sua viagem?

– Como assim?

– Tipo, você estar num caminho, andar até a metade dele, subir na árvore, e voltar pra uma árvore do início?

– Não.

– Essas árvores querem nos levar pra algum lugar.

– Mas pra onde?

– Isso eu já não sei dizer. Bom, vamos voltar. Falamos com o pai e amanhã voltamos.

E eles foram, e voltaram para Castle Hill.


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