Bernardo trouxera uma jarra de chá e uma jarra de hidromel. O chá estava bom. Amaldiçoado não parava de sorrir com aquele gosto doce da camomila, aprimorado com um pouco de açúcar.
– Rapaz, você gosta muito desse chá, ein? – o rei até se espantava com tamanha felicidade.
– Faz tanto tempo que tomei algo bom e quentinho como isso... Ah, é muito bom. – comentou Amaldiçoado.
Querido não gostava de chá. Bebeu o hidromel quase todo. Vinícius quis tentar misturar os dois, mas acabou só bebendo o chá.
– Aliás, trouxe vocês aqui para apresentar uma ideia que tive. – disse o rei. – Seus nomes lhe trazem más memórias, quero mudá-los.
– Mudar como? – perguntou Aparelhado.
– Ninguém aqui sabe que seus nomes são esses. Podemos chamá-los de outros nomes, e os meus súditos farão o mesmo.
– Por que não simplesmente nos chamam pelo nosso nome de verdade?
– ...Isso seria rude da sua parte. – ficou com um semblante preocupado.
– Por quê? – perguntou Amaldiçoado.
– Quando te chamam pelo seu nome de nascido, estão dizendo que não se importam com a impressão que têm de você. – respondeu Querido, um pouco sonolento.
– Isso não deveria importar, deveria?
– Você não se importa com nada que eu fiz por vocês? – o rei levantou as sobrancelhas, triste.
– Sim, mas...
– Então, por favor, aceite os nomes que eu lhes darei.
Amaldiçoado não rebateu. Ver tristeza no rosto daquele bondoso homem lhe doía muito.
– Muito bem. – ao perceber que eles concordavam, Bernardo deu um sorriso tranquilo. Levantou-se. Querido também o fez. – Eu, pela minha autoridade de rei, e em nome de todos os cidadãos de Castle Hill, nomeio você – bateu nos dois ombros de Amaldiçoado, porque esquecera de trazer a espada – com o novo nome de Bendito. E a você, – bateu nos dois ombros de Aparelhado – te ponho o nome de Amado.
– Vocês agora são cavaleiros, parabéns. – disse Querido com ironia.
Os dois riram, e o rei comemorou. Depois da comemoração sublime, o Bernardo foi embora e os três dormiram naquele quarto.
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A Cidade do Sol
Science FictionEm um continente que só chove, o sol é a única esperança. Desde que os céus fecharam, as vidas dos habitantes de Belarus se tornaram frias e sem sentido. Numa busca desesperada por propósito, adolescentes começam a desenvolver o que chamam de "maldi...