Porcelana foi para escola como se fosse um dia normal. Sua pesquisa atrás do pai não tinha sido de muita serventia, mas as poucas informações que encontrara lhe deram um norte. Precisaria ir atrás de gente inteligente, se quisesse saber algo mais da misteriosa Wittgen.
Enquanto tinha aula do esnobe professor de história, pensou se ele poderia saber de alguma coisa. Fazia todo sentido, certo? Ele tanto se dizia intelectual e sabia de história. Não tinha como dar erro. Porcelana esperou até o intervalo chegar, e, quando chegou, correu até a sala dos professores.
– Professor Marcelo? – perguntou ela.
– Ali. – apontou a professora de biologia.
– Oi. – Marcelo acenou, com um copo de suco na mão.
– Posso falar com o senhor? – Porcelana.
– Já disse que não dou ponto pra ninguém.
– Não é isso...
Marcelo encarou a aluna com uma mistura de curiosidade e interesse, e se levantou. Ele era baixinho, com uma cara de fariseu medonha. Na aula dele, todo mundo se esquecia do que era uma conversa.
Saindo da sala, pararam os dois no corredor.
– Que é? – perguntou ele, já cruzando os braços, como de praxe.
– O senhor sabe alguma coisa sobre Wittgen?
– Da Wittgen de agora ou da de antes?
– Da de antes.
– Claro que sei. Por quê?
– Queria saber como ela era...
– Era um paraíso da inteligência. Tinha a maior biblioteca de toda a Éurpa. – se referia ao continente onde estavam. – Queria ter visitado, iria poder fazer meu doutorado inteiro numa semana...
– Nossa. – achou o "fazer o doutorado inteiro em uma semana" bem exagerado, mas era comum dele dizer coisas assim. – Como um lugar com gente tão inteligente ficou desse jeito que é agora? – perguntou Porcelana.
– Existem muitas teorias sobre o sumiço de Wittgen. Dizem que a cidade foi atacada por monstros logo no início desse lance dos céus. Mas as ruínas da cidade estão quase intactas, mesmo depois de trinta e dois anos. Pelo que disseram uns amigos meus que estiveram lá, os móveis das casas estavam todos limpos, arrumados. Nenhum sinal de ataque. – pausa. – Outros dizem que foi uma enchente. Mas se fosse isso, teríamos achado os corpos, e haveria ao menos algum sobrevivente.
Porcelana começou a pensar. O sinal tocou, e logo o barulho dos alunos voltando para o pátio começou a encher tudo. Marcelo foi voltando pra sala, enquanto terminava seu lanche numa rapidez assustadora. A menina saiu andando e indo para o pátio.
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A Cidade do Sol
خيال علميEm um continente que só chove, o sol é a única esperança. Desde que os céus fecharam, as vidas dos habitantes de Belarus se tornaram frias e sem sentido. Numa busca desesperada por propósito, adolescentes começam a desenvolver o que chamam de "maldi...