Porcelana reuniu todos os jornais sobre Wittgen que possuía no porão numa grande mochila. Não pensou duas vezes. Por mais que sua mãe dissesse para esquecer seu pai, não conseguia, já que sua agonia em não lembrar era maior que sua vontade de obedecer.
Depois de ter certeza de ter colocado tudo, Porcelana fechou a mochila e subiu. Pegou o guarda-chuva, e disse para sua mãe que iria na casa de uma amiga. Nazaré concordou, olhando para a TV.
Saindo de casa, a menina foi perguntando a um e a outro onde que ficava o lugar do cartão, e assim descobriu o caminho. Andou por ruas que nunca tinha visto na vida, e viu gente que lembrava vagamente. Provavelmente, das fofocas que sua mãe fazia.
As ruas pareciam ficar menos agitadas, o que apressava o passo da menina. Mas nada de ruim aconteceu, e ela chegou no endereço. Um homem estava em uma cabine ao lado da porta dupla de metal. Porcelana deu o cartão pra ele, e disse que tinha sido Marcelo, professor de história, que a indicara. O porteiro deixou a menina entrar, depois de pegar algumas informações básicas como nome e telefone.
Passado o portão, Porcelana se encontrou em uma sala menor, semelhante a uma recepção. As paredes possuíam alguns quadros com regras e tipografias sobre história, e na direita, havia uma sala dentro da parede, que se comunicava com a recepção através de uma porta de madeira bonita. Uma mulher estava dentro da sala, lendo algum livro.
– É... oi... – Porcelana se aproximou.
– Boa tarde. Que sala?
–... hã?
– Você veio aqui pra ir pra uma das salas, certo? – ela se impressionou por Porcelana não ter entendido.
– Sim... mas eu não sei qual é...
– Ah, ok. Deixa eu facilitar, então. – ela olhou uma folha de papel do seu lado. – Você veio aqui pra visitar o doutor Cléber?
– Não...
– Veio ver a dra. Samanta?
– Não...
– Laboratório de química?
– Não...
– Veio pra o grupo de pesquisa sobre Wittgen?
– Sim!
– Certo... – ela se levantou e olhou entre umas gavetas atrás de si. Tirou um cartão de lá e entregou a Porcelana. – Este é seu cartão de acesso. Não perca.
– Obrigada...
– É a sala 5, a segunda à direita.
– Obrigada.
A menina foi andando pelo corredor, e chegou até a sala. Abriu a porta...
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A Cidade do Sol
Science FictionEm um continente que só chove, o sol é a única esperança. Desde que os céus fecharam, as vidas dos habitantes de Belarus se tornaram frias e sem sentido. Numa busca desesperada por propósito, adolescentes começam a desenvolver o que chamam de "maldi...