Capítulo 6 - Sem sapatinhos de cristal

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Lee Na

Meu sono durou pouco tempo naquela noite e eu acordei de madrugada, estranhando o local onde estávamos dormindo, pois era a primeira vez desde a nossa lua de mel, que passávamos a noite longe da nossa casa.

A sensação de incômodo se estendeu por mim, até porque eu não estava satisfeita com a resolução da última discussão que havia tido com Seungmin, ter me deixado levar pela luxúria que ele me despertava, tinha sido uma péssima ideia, pois era o mesmo que varrer os nossos equívocos para debaixo do tapete e deixá-los lá, sem desfecho ou solução.

Olhei para meu marido na cama, mas ele estava virado para a parede e eu não conseguia ter uma visão do seu rosto. Todavia, era certo que estava dormindo pesadamente, dava para notar isso por conta da sua respiração constante.

Deitei-me de barriga para cima e fiquei a mirar o teto ainda escuro do quarto, cada vez mais impaciente por não conseguir retornar ao sono, e matutando em cima de tudo que tinha rolado durante o dia anterior.

Por fim, vencida pelo cansaço mental, resolvi levantar e ir atrás de um copo d'água para beber, devia ser cerca de umas quatro horas da manhã, então seria fácil passar despercebida a andar pela casa.

Não tive dificuldade alguma em fazer aquilo e rapidamente encontrei a cozinha, o caminho dela tinha ficado mais fácil de assimilar depois de ter preparado as comidas com Han. A luz da rua, que entrava pela pequena janela, era suficiente para me ajudar a enxergar minimamente ali dentro, então nem tentei acender a lâmpada de teto, até porque eu não queria chamar atenção caso alguém acordasse na casa. Peguei um copo no escorredor de louça, enchi com a água do filtro e fiquei com vontade de aquecê-lo no microondas, mas temi que o barulho do aparelho pudesse acordar alguém, pois se fosse parecido com o que Seungmin e eu possuíamos, a primeira nota de seu alarme já seria suficiente para despertar uma casa imersa em silêncio.

No entanto, ter deixado aquela opção de lado, acabou sendo pior do que se tivesse aberto a porta do eletrodoméstico e depositado o copo dentro dele, já que, no segundo seguinte em que me virei para sair com a água, avistei um vulto parado em frente à porta da cozinha e acabei deixando o copo cair no chão, devido ao enorme susto que levei. O som que o vidro fez ao se estilhaçar no piso da cozinha, talvez só não tivesse sido tão alto quanto o grito que Han soltou ao se sobressaltar, tanto com a minha presença quanto com o incidente que acabava de acontecer.

Após ter percebido que o vulto se tratava dele, por mais que eu não conseguisse enxergar com clareza, senti que seu corpo foi dar um passo à frente e fiquei com medo que meu cunhado estivesse descalço como eu, então tentei lhe advertir.

- Não se mexa - falei -, você pode acabar pisando no vidro.

- Você está bem? - perguntou-me, parecendo preocupado. - Se machucou?

- Estou bem. Você pode acender a luz?

- Isso vai soar irônico, mas o interruptor está mais perto de você do que de mim.

- Não fica próximo à porta?

Notei o rosto dele se movendo de um lado a outro em sentido negativo.

- É a grande falha dessa casa, você precisa adentrar alguns passos no escuro em cada cômodo para poder acender a luz, não me pergunte por quê... só notamos isso depois que já tínhamos fechado negócio.

- Hum... certo, e onde fica?

- Perto de onde está a torradeira, um pouco mais para trás de onde você se encontra.

Virei meu rosto na direção que ele indicou, mas parei para refletir antes de tomar qualquer decisão, e respirei fundo, irritada comigo mesma em ter criado aquela situação, pois eu não tinha como saber se os cacos de vidro poderiam ter se espalhado para além da minha frente, e em qualquer passo pensasse dar, correria o risco de acabar me cortando em alguma lasca.

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