Capítulo 32 - Sofá compartilhado

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Lee Na

Deu para fazer tudo que eu precisava e, ainda assim, sobrou tempo para que a minha fúria se instaurasse, já que foram inúmeras tentativas de ligações para Seungmin, todas perdidas após um longo tempo chamando. Era bem óbvio que o celular dele devia estar no modo silencioso, mas eu não esperava que não desse uma olhada em suas notificações nem ao menos uma única vez durante o dia.

Eu já estava na rua àquela altura, o shopping tinha sido apenas a parcela inicial da minha tarde, e uma vez que, ao que tudo indicava, meu marido não dava a mínima para o que eu fazia, resolvi ligar para o seu irmão, só para pegar com ele o endereço certinho de sua casa e assim eu poder chamar um táxi. Porém, Han também não me atendeu, o que só reforçava que ambos não se importavam se eu estava segura ou não.

- É, Felícia, somos só eu e você... acredito que eu estraguei tudo para a sua chegada, pois você tem as piores opções possíveis de pai.

Eu estava enraivecida e chateada por ter sido esquecida e deixada de lado, mas aquilo não era o suficiente para me fazer chorar naquele momento. Porém, parte da raiva se amenizou um pouco quando recebi uma mensagem, não era de quem eu esperava, mas já era alguma coisa.

Han: Acabei de avisar Seungmin da sua ligação, desculpe não tê-la atendido. Ele deve entrar em contato para te buscar. Você está bem?

Embora fosse bom ver alguém tendo o mínimo tato comigo, não era suficiente para que eu tivesse força de vontade para responder, então apenas ignorei a mensagem naquele primeiro momento, concedendo-me mais espaço de tempo para eu pudesse pensar a respeito dela.

Não demorou muito e meu marido finalmente me ligou de volta.

"Lee Na, onde você está?"

- Vou te mandar a minha localização por aplicativo.

"Perdoe-me por isso, eu me distraí."

- Seja rápido - falei apenas e desliguei imediatamente.

Eu não fazia ideia do que Seungmin tinha para fazer no decorrer daquele dia e, sinceramente, nem fazia diferença para mim o que quer que fosse a resposta para isso, nem mesmo me surpreendia que ele me abandonasse naquela cidade pela segunda vez, mas me deixava extremamente revoltada que ele não tivesse nem por um segundo pensado em nossa filha e tentado ver se estava tudo bem comigo, no que dizia respeito ao bem-estar dela.

Parei em frente à vitrine de uma loja de maquiagens e olhei para mim mesma no espelho que decorava a interface dela. Eu continuava visualmente impecável, o vestido que eu estava usando tinha um tecido tão fluido, que não dava para reparar de fato que eu estava grávida de três meses, a minha pele estava boa e o meu cabelo também não tinha se desmanchado. Eu era uma mulher bonita, mas talvez eu não passasse disso para os homens... a minha personalidade era sempre considerada desafiadora, o que deveria somar mais ainda com a minha boa aparência e servir um prato cheio para quem tinha atração por conquistar mulheres belas e difíceis. Mas eu não era só isso... eu era muito mais do que isso, mesmo que não tivesse um diploma de faculdade ou uma profissão formal, eu tinha gostos pessoais, eu tinha sonhos e vontade própria - mas quem ligava para isso? Nem meus pais tinham procurado me conhecer mais a fundo, eles só me deram um ultimato curto para sair de casa, sem se importarem em saber se eu seria feliz depois dali.

Diferente deles, eu não deixaria que fosse assim com minha filha. Por mais mimada que Felícia pudesse ficar, eu daria tudo a ela e saberia tudo sobre ela, além de ensiná-la a não cometer os mesmos erros de sua mãe.

Fiquei parada onde estava, segurando uma boa quantidade de compras que eu havia feito e me sentindo boba por permanecer ali, como quem estivesse vagando sem rumo, claramente esquecida no centro de Seul. Passou-se mais uma boa contagem de minutos, até que o carro de Seungmin finalmente aparecesse virando a esquina no final da avenida.

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