Capítulo 36 - Seguro de vida alternativo

138 26 99
                                    

Lee Na

Ter tido uma conversa franca com minha cunhada, tinha sido estranho para mim? Sim, de certa maneira era esquisito, mas, por outro lado, o papo havia fluído de forma tão natural, que eu quase havia sentido alguma simpatia por ela. 

As nossas personalidades costumavam bater de frente porque nós duas possuíamos algo em comum, gostávamos da sensação de estar no controle, mas a gente acabava se conectando de verdade era no nosso ponto de fraqueza: o controle não era nosso, o controle estava com os homens daquela família, afinal, eram eles que acabavam impondo os sentimentos que permeavam em cada uma de nós, infelizmente.

Até aquele momento, eu nunca tinha parado para pensar muito em Hyunjina, justamente porque na última vez em que Seungmin e eu tínhamos ido para lá, eu havia me despido de qualquer amarra e me jogado de cabeça inconsequentemente nos meus próprios anseios - por raiva, por paixão, e por solidão também -, e por isso eu não tinha me dado ao trabalho de sequer me colocar no lugar dela e imaginar o que poderia se passar em sua cabeça quanto a todo aquele caso do qual estava ciente. 

Talvez a maternidade estivesse me deixando com o coração mais mole, pois mesmo que eu mantivesse o meu ar arrogante e empoderado ao falar com ela, eu estivera durante toda a conversa, dando-lhe dicas com sinceridade e tentando fazer com que ela própria enxergasse que precisa se colocar em primeiro lugar. Era totalmente irônico, e talvez até inadequado, que fosse eu a tentar puxá-la para cima, uma vez que era propriamente a pessoa que mais lhe causara dor além do marido. Mas... antes isso do que não ter o apoio de mais ninguém, ao menos era assim que eu pensava.

Seungmin tinha me jurado que iria tomar mais cuidado comigo e Han tinha me prometido que se faria presente para o que eu precisasse, mas tudo aquilo obviamente não era direcionado a mim, eles estavam estendendo a mão por conta de Felícia e não por terem sentimentos a meu respeito. Se Felícia era o meu único trunfo para receber dedicação daqueles homens, o que restava para Hyunjina, que nada tinha além de si própria? Seu brilho já não era o mesmo das fotos de antigamente, seus filhos já estavam crescendo e ganhando a cada dia mais autonomia... uma mulher bonita como aquela devia voltar a se olhar no espelho e enfim se colocar no pedestal de onde nunca deveria ter descido. Eu queria acreditar que ela era capaz disso, porque queria crer também que eu mesma conseguiria dar a volta por cima se um dia me visse no seu lugar.

- Ei - disse a voz de meu marido, aproximando-se de onde eu estava.

- Você já vai sair?  - perguntei, reparando que ele estava todo trajado para tal. - Por que não me falou que estava se arrumando?

- Por que você iria querer saber disso?

- Para ir junto.

- Mas eu só vou trabalhar hoje, ir de prédio em prédio, vai ser cansativo e entediante.

- Eu não achei entediante daquela outra vez que te acompanhei. Preferia que tivesse me avisado, assim eu poderia ter me aprontado também. Não quero só ficar plantada nessa casa ou fazendo compras todos os dias.

- Ainda tenho uns minutos, se você quiser se vestir.

Automaticamente me pus de pé.

- Só preciso de dez minutos - falei.

- Eu sei, estarei esperando no carro.

Voltei para dentro de casa e me arrumei rapidamente para poder acompanhá-lo. Não era verdade o que eu tinha dito, eu tinha de fato achado meio entediante quando pude vê-lo trabalhando, mas eu queria saber mais sobre como ele agia durante suas transações profissionais, pois precisaria absorver aquele conhecimento se quisesse eu mesma começar a ingressar em algum ramo semelhante, e meu marido poderia ser minha porta de entrada no meio imobiliário.

SKZ FamilyOnde histórias criam vida. Descubra agora