SKZ Family

Capítulo 2 - Terceiras intenções

Seungmin

Ter Lee Na por perto era muito reconfortante, como se eu tivesse o meu pedaço particular da Coreia junto a mim nos EUA. Mesmo que ela fosse uma amizade muito recente, me trazia uma sensação de nostalgia tão gostosa, que todo dia reforçava mais o quanto eu queria que adentrasse mais a fundo na minha vida.

Havíamos começado aquela relação na base de muito deboche e sarcasmo, e não teria como ser diferente, uma vez que nossas personalidades combinavam justamente nesse mesmo tipo de carisma ácido. No entanto, nem sempre nossas conversas eram regadas à zombarias, e toda vez que eu a escutava rir com vontade, meu sorriso automaticamente se estendia, sem que eu tivesse qualquer chance de contê-lo.

Ela tinha me dado um ano para garantir que estaria dentro do padrão que procurava para satisfazer o desejo de seus pais de que estivesse em boas mãos. Ainda que fosse um curto espaço de tempo que eu estipulara para alcançar meus objetivos e entregar àquela mulher o melhor de mim, esses mesmos objetivos não eram totalmente atrelados à minha atração por sua beleza e personalidade forte, eu já estava trilhando meu caminho desde que me mudara de país, para que pudesse prosperar na área em que eu havia escolhido trabalhar, e aquele prazo já existia em minha mente, independente de ter conhecido Lee Na, ela só era um incentivo a mais para que eu corresse atrás de minhas conquistas com afinco - um incentivo muito agradável aos olhos.

Quanto mais o tempo passava, mais certo eu estava da decisão que havia tomado, mas durante todos aqueles 365 dias, não toquei mais no assunto, apenas fui me certificando de que chegaria ao nível esperado a tempo de garantir a sua mão.

Dentro de alguns meses, consegui me elevar como trader na bolsa de valores e, em seguida, ingressar no mercado imobiliário após ter adquirido um número considerável de imóveis na planta, em cidades que faziam fronteira com Nova York. Comprei um carro, uma cobertura em um bairro de luxo e renovei o meu guarda-roupas, mas em momento algum contei vantagem ou comentei com Lee Na sobre os meus ganhos - apesar de que, provavelmente, ela já tivesse reparado em parte do meu sucesso, uma vez que eu a buscava para jantar no meu Porsche.

- É amanhã - observei, na noite em que estávamos em um restaurante caro, para o qual eu a havia levado.

- O quê?

- O aniversário de um ano do nosso plano.

Lee Na ficou me fitando, mas sem abrir a boca para falar algo a respeito daquilo.

- Ainda está de pé, certo? - questionei.

- Claro.

- Então, depois do jantar, eu gostaria de te convidar para beber um vinho lá em casa.

O rosto dela mantinha uma expressão que soava ligeiramente relutante.

- E o que mais? - perguntou.

- Nada mais, só quero que você conheça o meu apartamento.

- Está bem.

Ao terminarmos o jantar, voltamos ao meu carro e rumei direto para onde eu morava. Lee Na ficou em silêncio durante a viagem inteira, apenas mirando a cidade pelas janelas do automóvel, e mesmo depois de entrarmos no elevador do meu prédio, ela seguiu em total quietude, então resolvi não quebrar qualquer que fosse o fio do seu pensamento naquele momento e deixá-la absorver as informações sobre mim, que estivesse tentando caçar ao analisar cada lugar onde passávamos.