SKZ Family

Capítulo 22 - O retorno

Hyunjina

Era óbvio que a fúria já se instalava em mim antecipadamente, só por imaginar que poderia ter sido traída após tantos longos anos de pura dedicação ao lar e à família. Por mais que tivesse sido uma escolha minha, ter largado a carreira nas passarelas para poder dar total atenção à casa e aos nossos filhos, ainda assim, era muito ultrajante que eu pudesse sequer pensar que passaria por uma situação como aquela, era humilhante demais, pois não haviam motivos que fizessem de mim alguém merecedora de uma traição.

O meu casamento não era perfeito, Han não era perfeito e nem mesmo eu era. Eu tinha plena consciência de que o tempo não tinha feito maravilhas para a nossa relação, pelo contrário, o comodismo se instalou entre nós dois e nós perdemos boa parte do romantismo no decorrer dos anos, mas nem isso era uma desculpa válida para que eu tivesse que sofrer uma ofensa como aquela, pois bastava termos conversado sobre o quanto havíamos caído na rotina e então encontrado soluções juntos.

No entanto, embora eu estivesse previamente indignada, haviam muitas coisas a levar em consideração antes de explodir por completo e nossos filhos estavam no topo da lista com relação a isso. Então, resolvi inspirar fundo e ir com calma, esperando para colher mais informações e desmistificar aquele mistério por completo, para só depois poder jogar provas concretas na cara do meu marido, se a comprovação do crime fosse a deliberação final.

Os meses se passaram e Han não evidenciou nenhum comportamento fora do comum, continuava presente para os meninos, sempre que tinha um tempo livre, e afetuoso ao lidar comigo, apesar do meu leve distanciamento - afinal, era inevitável fugir da teia tóxica que a minha mente havia criado, e quanto mais eu me emaranhava em meus pensamentos, mais difícil ficava de voltar a ter vontade de ser tocada por meu marido, uma vez que agora só conseguia imaginá-lo tocando outra mulher além de mim. Eu sabia que a frigidez da minha parte era como um tiro no meu próprio pé, mas não havia escapatória, pelo menos não enquanto aquela história não viesse a limpo.

Foi em uma sexta-feira que Seungmin nos enviou mensagem, dizendo que tinha decidido voltar à Coreia após os três meses desde a sua partida, e que chegaria na segunda-feira, pois o voo estava marcado para bem cedo, então o fuso horário acabava não interferindo na mudança de dias, mesmo que a duração da viagem levasse cerca de treze horas dos Estados Unidos para cá. No que ele perguntou se teria algum problema em se hospedarem outra vez em nossa casa, eu não tive como lhe dar uma resposta negativa, primeiro porque eu nutria muito carinho por meu cunhado e não gostaria de magoá-lo de forma alguma, segundo porque só faria sentido recusar a sua estadia aqui se eu pudesse abrir o jogo sobre os meus sentimentos em relação à sua esposa, e eu não queria ser obrigada a isso, então o jeito foi conceder nosso espaço novamente, mesmo que isso fizesse com que meu coração palpitasse de incômodo com antecedência.

Na manhã do dia em que Seungmin e Lee Na chegariam, meu marido se disponibilizou a ir sozinho ao mercado para comprar o que era necessário para recebermos visitas em casa naquela semana, enquanto eu tentava dar uns retoques de última hora na limpeza dos cômodos. Assim que ele retornou, guardou os alimentos na cozinha e depois voltou com as duas mãos para trás, ocultadas em suas costas, e me fez sentar no sofá, ocupando o espaço ao meu lado.

- Baby, eu percebi que você anda mais estressada ultimamente, então eu trouxe uma coisa para você - falou.

- Oh, o que é? - perguntei, sem fazer a mínima ideia do que ele havia comprado.

- Você pode fechar os olhos?

- Uhum - respondi, já fechando as pálpebras.

Em seguida, senti algo nem tão pesado, nem tão leve, ser colocado sobre as minhas mãos, e parecia ter uma textura macia.