Capítulo 55 - A solução secreta do orgulho

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Han

Ao voltarmos do almoço, Lee Na pediu que eu subisse com ela mais uma vez e, assim que entramos no apartamento, me entregou um documento autenticado, que me dava autoridade para responder por ela quanto ao imóvel que tinha para locação.

- Essa imobiliária é nova - explicou -, eu achei melhor me desvincular da anterior, no caso do Seungmin estar mexendo os pauzinhos para que eu nunca consiga alugar o apartamento.

- Você foi esperta, é melhor assim - falei, pegando a procuração. - Eu quero te perguntar uma coisa.

- Diga.

- Onde você penhorou as suas joias e quanto te deram por elas?

- Han, não vá atrás das minhas joias, estou bem sem elas. 

- Não, elas eram importantes para você, não tinha um dia em que você não usava alguma delas. Deixe-me te ajudar nisso.

- Você já está me ajudando a divulgar o apartamento.

- Mulheres orgulhosas parecem ser o meu carma. Sua mãe é muito teimosa, Felícia - falei para a menina em seu colo.

- É sério, isso é mais que suficiente para mim, eu nem saberia com quem falar para agilizar o aluguel desse imóvel, então você já está fazendo muito.

- Vai dar certo, você vai ver.

Tínhamos tido o cuidado de escolher um restaurante pouco movimentado quando almoçamos e aquilo me fez pensar no quanto era desagradável eu ter que me resguardar para não ser visto com outra mulher - que inclusive era da família e com a qual eu não tinha nada -, só porque era casado com a filha do prefeito. Isso impossibilitava que eu pudesse levar Lee Na e Felícia para lugares mais legais, mas mesmo que tivéssemos que nos contentar com o que tinha, estar na companhia delas era muito gratificante e me lembrava um pouco dos primeiros anos de Changbin e Chan, quando o brilho lúdico dos bebês iluminava o meu casamento com Hyunjina.

Busquei os meninos na escola no fim do dia e os levei para jantar fora, deixando que escolhessem as besteiras que tivessem vontade de comer, para poderem ter uma pequena alegria já no início da semana. E, é claro, levei bronca por não avisar para minha esposa que não jantaríamos em casa, e deixar que ela tivesse o trabalho de cozinhar, mesmo que fosse usufruir da comida sozinha. Porém, a essa altura do campeonato, eu já estava tão anestesiado pela morte do nosso laço afetivo, que os sermões dela já não faziam efeito algum em mim, e tudo que ela dizia entrava por um ouvido e saía pelo outro.

Logo fechou um mês que eu estava visitando Lee Na e Felícia uma vez por semana, e aquilo foi se tornando tão natural no decorrer do tempo, que já parecia uma atividade fixa na minha agenda. Era óbvio que eu ainda era apaixonado por aquela mulher, mas não era só por isso que eu tinha resolvido me fazer presente na vida dela, o que tinha me fisgado de verdade, havia sido o olhar opaco que ela ostentou no nosso reencontro, Lee Na soava desolada e desesperançosa, e depois de tudo que ela devia ter passado com Seungmin, não tinha como não me compadecer da sua situação e me abster de tentar ajudá-la.

Quando menos percebi, já tinha me apegado tanto àquela rotina, que ficava esperando ansiosamente pelo dia que marcaríamos de almoçar juntos, que, por mim, poderia se estender de segunda à sexta, mas eu não queria invadir o espaço pessoal dela, então apenas deixava nossas conversas fluírem, para que agendássemos o dia espontaneamente.

Aos poucos, fui vendo o astral de Lee Na mudar, o seu ânimo ir retornando e o brilho em seu olhar também. Eu certamente não era o único responsável por aquilo, pois ela tinha Felícia e a irmã mais nova, mas agora a minha presença também contabilizava um pouquinho nessa somatória e eu estava feliz em saber que poderia ser parte da retomada da sua autoestima.

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