Capítulo 15 - Desempoeirando memórias

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Seungmin

Na minha cabeça, parecia que todas as peças se encaixavam perfeitamente para formar o cenário que eu tanto temera que viesse a acontecer, Lee Na e Han não evidenciavam tão abertamente aquela aproximação, mas nas poucas vezes que interagiram diante dos meus olhos, já soavam tão confortáveis um com a companhia do outro, que aquilo acabava sendo mais que suficiente para instaurar a minha suspeita de que algo mais pudesse estar rolando entre eles.

E era tão irônico que isso pudesse estar havendo, pois eu tinha escolhido Lee Na para ser minha esposa justamente pelas similaridades que tinha comigo, esperando que viesse a compartilhar do mesmo desgosto que eu nutria por meu irmão mais velho. Mas, aparentemente, acabou sendo um tiro pela culatra, e a mulher que eu desposara com o intuito de fazer minha vida parecer mais interessante do que realmente era, estava suspostamente confabulando com o inimigo e rindo às minhas custas junto com ele.

No entanto, tinha uma dúvida que pairava no ar: era realmente ela que estava trilhando esse caminho por livre e espontânea vontade ou eram as minhas atitudes enciumadas que a empurraram para tal destino? Eu pensava muito sobre isso, mas mesmo que tivesse noção de que meus atos poderiam surtir no pior desfecho, ainda assim não conseguia controlar a minha revolta e acabava gerando briga atrás de briga, sem solucionar nada.

Desde que eu tivera meu primeiro contato com emoções românticas quando jovem e, consequentemente, com uma decepção, decidi que viveria a minha vida inteira reprimindo todo tipo de sentimento terno. Era por isso que eu não conseguia dedicar nada além de companheirismo e luxúria à minha mulher, e era também por esse motivo que a raiva escorria de mim com certa frequência se as coisas não saíssem como eu esperava, e eu não me importava em colocar minha ira para fora como me importaria em demonstrar amor, pois o amor me fazia sentir como se ficasse à mercê de alguém, que faria o que bem entendesse comigo.

Eu sabia que estava agindo desmesuradamente, pois apesar das minhas suspeitas, não havia realmente nenhuma prova concreta que justificasse o meu descontrole, porém, eu andava tão estressado por não atingir os objetivos que tinha almejado com aquela viagem, que simplesmente não estava ligando para mais nada e por isso externalizava toda minha perturbação, doesse a quem fosse.

Entretanto, na manhã seguinte, junto com a dor de cabeça da ressaca, começou a bater o arrependimento, porque era óbvio que eu estava me afundando com a minha falta da senso, e por mais que achasse benéfico pelo menos tirar do meu sistema as emoções que me abalavam, elas estavam prejudicando o meu casamento e isso poderia acabar implicando no meu futuro mais para frente.

De manhã, fui acordado praticamente contra a minha vontade, quando três batidas na porta interromperam o meu sono, mas devido a quem estava do lado de fora a bater, não tive meu humor afetado logo cedo.

- Pode abrir - falei, ainda sem saber quem era a algoz do meu sonho.

- Bom dia, Seungmin-ssi - disse Hyunjina, olhando por uma fresta da porta -, eu posso entrar?

- Bom dia noona, é claro que sim.

Eu sentei sobre a cama e ela andou até chegar mais ou menos perto de onde eu estava, deixando um copo d'água sobre a mesinha de cabeceira e tirando uma cartela de comprimidos do bolso do avental de cozinha, para entregar a mim.

- Imaginei que talvez você precisasse disso - comentou.

- Obrigado, noona, você é uma salvadora de vidas - falei, já destacando um comprimido e pegando a água para poder ingeri-lo.

- Você continua insistindo em me chamar assim, sendo que não precisa nem me chamar pelo nome completo, nós somos família há muito tempo.

- Eu sei, mas nós não convivemos há alguns anos.

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