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𝐀𝐘𝐋𝐀 𝐌𝐎𝐍𝐓𝐄𝐍𝐄𝐆𝐑𝐎

~ Delegacia|SP

Imagina fazer quase 5 anos de curso superior de formação policial pro primeiro emprego ser de garçonete de delegado.

Sério mesmo, é pior do que quando se pensa. Trabalho cercada por homens que me vêem só como rostinho bonito e uma simples estagiária.Mas como dizem, em cada adversidade há uma semente de igual ou maior benefício.

Enquanto passava mais uma vez entre as mesas com uma bandeja cheia de copos de café, não pude deixar de ouvir fragmentos de conversas sobre um caso não resolvido que atormentava o departamento há meses. Algumas pistas, vários suspeitos que ninguém conseguia saber o que fazer exatamente.

Eu sabia que, se de alguma forma eu conseguisse ajudar, mesmo que nos bastidores, poderia ser a minha chance de mostrar que sou muito mais do que apenas um rosto bonito ou uma garçonete improvisada. Eu precisava apenas de uma oportunidade, um descuido deles e um acerto meu.

E naquela manhã, enquanto servia mais uma rodada de café, um papel caiu de uma das pastas, passando despercebido por todos, menos por mim. Era a chance que eu precisava, e eu não iria desperdiçá-la.

Entre os suspeitos, estavam nomes de jogadores influentes de uma liga esportiva local, todos potencialmente envolvidos em fraudes de jogos para beneficiar empresas de apostas esportivas. As suspeitas giravam em torno de partidas cujos resultados pareciam inacreditavelmente convenientes para certos círculos de apostas, levantando a hipótese de combinação de resultados.

O que mais me chamou atenção, contudo, foi um padrão nos jogos mencionados nos documentos: sempre que um determinado jogador estava em campo, o resultado da partida parecia favorecer exatamente as apostas mais improváveis. Esse jogador, apesar de não ser o mais famoso, parecia ser o elo comum em todas as partidas sob investigação. Aquilo me intrigou. Talvez fosse apenas coincidência, mas minha intuição dizia o contrário.

Essa informação poderia ser a peça que faltava no quebra-cabeça, mas como estagiária, eu sabia que qualquer tentativa de intervir diretamente poderia ser vista como ultrapassar meus limites. Ainda assim, não podia ignorar a chance de provar meu valor.

Decidi, então, fazer minha própria investigação nas horas vagas, coletando mais informações sobre os jogos mencionados e as atividades do jogador suspeito. Era um risco, mas eu estava disposta a correr, desde que fosse com cautela.

Estou nessa sozinha, mas nem ligo. Tem algo sobre correr atrás desse caso que me deixa ligada no 220, mesmo que isso signifique virar noites de olho no computador e na minha parede, que mais parece um quadro de investigação de filme, cheia de fotos e infos dos suspeitos.

Cada coisinha nova que eu descubro é tipo mais um pedacinho do quebra-cabeça. Às vezes, paro e penso: "Cara, eu sou só uma estagiária, será que deveria estar fazendo isso?" Mas aí, lembro que foi pra isso que eu me meti nessa roubada de curso, pra me jogar nessas confusões e mostrar pra todo mundo o que eu posso fazer. Mesmo que por agora minha tarefa oficial seja mais pra servir café e sorrir, cada avanço no caso, por menor que seja, me dá aquela sensação de estar chegando perto.

– Eu descobri um. — jogo meus envelopes em cima da mesa do delegado.

– Descobriu o que Ayla? — me julga com o olhar e cruza os braços.

– Tem um jogador específico... — tiro uma foto do envelope. – Que sempre leva cartão amarelo em horas bem importunas, e em vários jogos diferentes... — espalho os papéis na mesa. – Olha, eu investiguei tudo.

𝐀𝐌𝐎𝐑 𝐈𝐋𝐄𝐆𝐀𝐋. - 𝐑𝐈𝐂𝐇𝐀𝐑𝐃 𝐑Í𝐎𝐒.Onde histórias criam vida. Descubra agora