𝐀𝐘𝐋𝐀 𝐌𝐎𝐍𝐓𝐄𝐍𝐄𝐆𝐑𝐎
~ Casa do Richard | SP
MESMO DIA - TEMPESTADEJá são quase onze horas da noite e eu ainda não consegui sair da casa dele. A chuva causou um caos na cidade de São Paulo, e eu não tive coragem nem de ligar o carro pra sair. Richard por sua vez, ofereceu seu quarto de hóspedes pra que eu durma aqui. Mas depois do que aconteceu pela manhã, não sei se consigo dormir em paz.
A tempestade lá fora reflete a tempestade interna que enfrento. As gotas de chuva batem contra as janelas com uma intensidade que parece ecoar o tumulto dos meus pensamentos. A oferta de Richard é racional, dada a situação caótica de São Paulo sob a chuva fortr, mas depois do confronto íntimo e desafiador de mais cedo, minha mente está longe de encontrar paz.
O quarto de hóspedes parece um santuário, separado do resto da casa, prometendo um refúgio contra a tempestade tanto a física quanto a emocional. No entanto, a proximidade de Richard, mesmo sabendo que ele está em outro quarto, é uma corrente elétrica que percorre o ar, impossível de ignorar.
Enquanto me preparo para tentar dormir, revivo cada momento do nosso confronto, cada palavra, cada olhar, e a forma como seu toque provocou reações em mim que eu não queria admitir.
A sensação de perigo que Richard representa não apenas para minha missão, mas para meu próprio equilíbrio emocional é palpável. Mas, por algum motivo, ao invés de me afastar, esse perigo parece me atrair ainda mais para ele, como uma mariposa para a chama.
Deitada na cama do quarto de hóspedes, ouvindo o som da chuva lá fora e o ocasional trovão distante, sinto um misto de frustração e fascínio. A razão diz para manter distância, pra focar na minha missão e nos motivos pelos quais estou aqui. Mas o coração... o corão já começou a trilhar um caminho perigoso, atraído pela complexidade e pelo mistério que Richard representa.
"É só por uma noite," tento me convencer, na esperança de que a manhã traga clareza e a chuva pare.
Me levanto, incapaz de adormecer, assombrada pelos eventos do dia e pela proximidade forçada da noite. A casa está silenciosa, exceto pelo som persistente da chuva contra as janelas. Decido ir até a cozinha buscar um copo d'água, na esperança de que isso acalme meus nervos.
Caminho cuidadosamente pelo corredor escuro, guiando-me pelo fraco brilho das luzes de emergência que Richard mencionou mais cedo. Quando finalmente chego à cozinha, a luz fria da geladeira é um conforto aos olhos enquanto pego uma garrafa d'água.
– A sede te trouxe aqui ou a insônia? — a voz de Richard, vinda das sombras, me faz saltar no lugar, o coração acelerando.
– Jesus, Richard! — exclamo, a mão no peito. – Você quase me matou de susto.
Ele sorri, aparecendo à luz da geladeira, vestindo uma camiseta solta e shorts de moletom. Seu cabelo está desalinhado, como se ele também estivesse lutando contra o sono.
– Desculpe, não era minha intenção te assustar. — seu sorriso se alarga, divertido. – Mas agora que você está aqui...
– Agora que estou aqui, o quê? — pergunto, tentando parecer mais irritada do que afetada pela sua presença tão casual.
Richard dá um passo à frente, diminuindo a distância entre nós.
– Talvez eu esteja procurando por uma distração da tempestade. E você?
– Vim apenas buscar água. — engulo em seco, a provocação em sua voz enviando arrepios pela minha espinha.
– Só água? — ele inclina a cabeça, um brilho malicioso nos olhos. – Ou será que a tempestade está te deixando com sede de algo mais?
Seu duplo sentido é tão descarado quanto inesperado, fazendo com que minhas bochechas esquentem, apesar do ar frio da cozinha.
– Richard...
Não tenho tempo de dizer mais nada quando os braços dele envolve minha cintura, me carregam e me colocam sentada sobre a bancada fria de ardósia. Eu deveria protestar, empurrá-lo para longe, mas a verdade é que a tensão elétrica entre nós havia estado presente por tanto tempo que agora, alimentada pela tempestade lá fora, parecia uma força da natureza por si só.
Ou só meu fogo que falou mais alto mesmo, sei lá...
O fato dele não estar me beijando, só tocando cada parte do meu corpo, sugando cada pedacinho de pele que ele encontra, a respiração pesada em cima de mim, caralho...
Essa coisa que tá rolando, essa dança de "quase lá" que a gente tá vivendo, é uma loucura. O Richard, com todo esse jeito dele de me tocar sem realmente me tocar, tá me deixando maluca. Cada pedaço de pele que ele beija, cada suspiro pesado que ele solta bem pertinho de mim, me faz querer mais. E essa vontade louca de se jogar de cabeça, de esquecer todas as regras, tá ficando cada vez mais difícil de ignorar.
Tá uma tempestade lá fora, mas aqui dentro, entre a gente, tá rolando um furacão de outro tipo. A gente meio que criou nossa própria tempestade, uma feita de toques, olhares, e dessa tensão que você corta com faca. Tudo sem dizer muito, sem fazer muito, mas, ao mesmo tempo, fazendo um montão.
É engraçado como a gente pode estar tão conectado com alguém assim, só no olhar, nos toques. Parece que cada parte de mim que ele toca, ele tá marcando, dizendo "isso aqui é meu". E o pior? Eu não me importo, de verdade. Na verdade, parte de mim quer ser marcada por ele, quer sentir essa atração louca que a gente tem, mas sem as barreiras, sem o "quase".
É uma tortura, mas é o tipo de tortura que você não quer que acabe. E eu? Bom, eu tô mais que pronta pra ver até onde isso vai dar.
Ele se inclina, o hálito quente contra a minha pele arrepiada, e sussurra com aquela voz rouca que já se tornou um tipo de droga para mim.
– Você acha que sabe o que é desejo, Ayla? Porque eu posso te mostrar muito mais... muito além do que você já sentiu.
Sua voz, carregada de promessas e provocação, envia uma onda de calor por todo o meu corpo. É como se cada palavra fosse um fósforo aceso, incendiando um rastro de gasolina que eu nem sabia que corria dentro de mim. Ele sabe o que está fazendo, jogando com as palavras tão habilmente quanto com os toques, cada um desenhado para me desarmar, para me deixar querendo mais.
O pior? Funciona. Funciona porque parte de mim anseia por ver até onde esse muito mais pode ir, até onde ele pode me levar nessa dança de sedução que nós dois estamos enredados. E mesmo sabendo que deveria haver uma linha, uma fronteira que não deveríamos cruzar, cada parte de mim que ele toca, cada palavra sussurrada, apenas me faz querer apagar essas linhas e me render completamente.
– Richard... — eu respiro, a palavra mais um suspiro do que qualquer coisa, uma rendição silenciosa à tensão, ao desejo, a essa coisa que... Me prende.
Com cada toque dele, uma parte de mim se derretia, mas em algum lugar, de algum reservatório de força que eu nem sabia possuir, eu encontro a determinação para resistir. É uma mistura estranha de clareza e desespero que me invade, empurrando contra essa onda avassaladora de desejo. Minhas mãos, trêmulas mas de alguma forma firmes, encontram seu peito, e eu o empurro.
O movimento, mais decidido do que esperava, cria o espaço necessário para respirar, para pensar. Eu escapo do seu abraço como se estivesse emergindo de águas profundas, lutando por ar, por sanidade. Não é fácil, cada parte de mim gritando em protesto, querendo ceder, mas há algo maior em jogo aqui, uma linha que eu não posso, não devo cruzar. Com o coração batendo uma corrida louca, eu me afasto, deixando para trás a promessa não dita de algo que poderia ser tanto destrutivo quanto divino.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝐀𝐌𝐎𝐑 𝐈𝐋𝐄𝐆𝐀𝐋. - 𝐑𝐈𝐂𝐇𝐀𝐑𝐃 𝐑Í𝐎𝐒.
Fanfiction𝘌𝘴𝘴𝘢 𝘩𝘪𝘴𝘵ó𝘳𝘪𝘢 é 𝘶𝘮 𝘋𝘈𝘙𝘒 𝘙𝘖𝘔𝘈𝘕𝘊𝘌! Em um mundo onde o futebol ultrapassa todos os limites, a detetive Ayla Montenegro se infiltra na vida de Richard Ríos, um jogador envolvido em apostas ilegais. Enquanto a verdade e a paixão...