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𝐀𝐘𝐋𝐀 𝐌𝐎𝐍𝐓𝐄𝐍𝐄𝐆𝐑𝐎

DIA SEGUINTE| DELEGACIA, SP

O barulho do salto da minha bota ecoando enquanto passo pelo corredor da delegacia faz com que todos sentados nas suas respectivas mesas olhem pra mim. Se isso acontecesse antes, eu claramente tropeçaria no próprio pé de tanta vergonha pelos olhares. Mas hoje em dia, isso é o que menos têm me incomodando.

Ao invés disso, uma sensação de poder e determinação me envolve a cada passo. Estou aqui por uma razão, e cada olhar que recebo só reafirma que não sou mais a mesma pessoa que costumava entrar aqui tremendo. Caminho direto para o escritório do delegado, bato firme na porta antes de entrar.

– Bom dia, Gustavo. — cumprimento, enquanto me ajeito na cadeira à frente de sua mesa.

– Bom dia, Ayla. — Gustavo me olha por cima dos óculos, um leve sorriso nos lábios, indicando uma mistura de respeito e cautela. – O que te traz aqui tão cedo?

– Quero saber por que contratou alguém pra me vigiar na investigação. — digo direto ao ponto, cruzando os braços, tentando esconder minha irritação.

Gustavo suspira, tirando os óculos e esfregando os olhos.

– Te vigiar? — arquea as sobrancelhas. – Quem fofocou isso pra... Ah, claro, a Carol.

– Sério Gustavo, eu pensei que você estivesse confiando mais em mim quando me entregou o caso. — gesticulo as mãos. – Pensei que nossa relação profissional tinha mudado, mas você continua me tratando como uma estagiária.

– Ayla, você entendeu tudo errado. — solta uma risada enquanto nega com a cabeça. – Por incrível que pareça e apesar da sua demora pra me trazer provas... — joga um olhar de indireta. – Eu estou gostando do seu desenvolvimento na investigação.

– Então por que têm alguém me vigiando? Por que não me deixa correr riscos?

– Ayla, a...

Nesse momento alguém dá leves toques na porta, meus olhos são guiados pelo barulho e eu avisto pelo vidro uma mulher linda, alta, dos cabelos cacheados e da boca carnuda.

– Pode entrar! — Gustavo responde com empolgação. A mulher entra meio sem jeito e acena pra mim com a cabeça. – Ayla, essa é a Verônica.

Verônica se aproxima com um sorriso amigável no rosto.

– Ela é uma das melhores hackers que conheço e vai te ajudar na sua investigação.

Verônica sorri, um pouco tímida, mas seu olhar é confiante.

– Prazer, Ayla. Ouvi falar muito sobre você e o caso. — ela estende a mão em cumprimento. – Estou aqui para ajudar a rastrear o Richard, coletar informações que você pode não ter acesso sozinha.

Meio cética, olho de Verônica para Gustavo, tentando entender se isso era realmente uma ajuda ou apenas mais uma forma de me vigiar.

– Então, você não está aqui para me vigiar? — pergunto, ainda desconfiada.

Gustavo ri, balançando a cabeça.

– Não, Ayla. Ninguém está te vigiando. Verônica está aqui para ampliar nossos recursos e te dar o suporte que você precisa. Isso pode ser decisivo para pegarmos o Richard de vez.

Percebendo a sinceridade em suas palavras, eu assinto lentamente, ainda processando a informação.

– Tudo bem. — digo, virando-me para Verônica. — Estou disposta a usar toda ajuda que puder ter.

𝐀𝐌𝐎𝐑 𝐈𝐋𝐄𝐆𝐀𝐋. - 𝐑𝐈𝐂𝐇𝐀𝐑𝐃 𝐑Í𝐎𝐒.Onde histórias criam vida. Descubra agora