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𝐀𝐘𝐋𝐀 𝐌𝐎𝐍𝐓𝐄𝐍𝐄𝐆𝐑𝐎
~ CT do Palmeiras | SP
DIA SEGUINTE

Não tive nem o trabalho de mudar nome, cabelo, ou qualquer coisa do tipo pra me enfiar entre a comissão do Palmeiras. A verdade é que minha entrevista foi tão perfeita, que eles quase quiseram que eu me oficializasse com algo além de um simples estágio.

– O bom é que aqui vai ser sua primeira experiência. — Leila fala enquanto andamos pelo longo corredor do ct, acho legal que ela sempre faz questão de estar em quase todas as coisas relacionadas ao time.

– É, estou bem animada com a oportunidade. — sorrio, tentando transmitir confiança e entusiasmo, mesmo que por dentro eu esteja fervendo de nervosismo pela missão real por trás desse estágio.

Leila parece satisfeita com minha resposta e continua me guiando pelo Centro de Treinamento, apontando para diferentes áreas e explicando suas funções. A energia do lugar é contagiante, e mesmo sabendo que estou ali por razões que vão além de um simples estágio, não posso deixar de me sentir um pouco empolgada com a proximidade do time.

– Aqui é onde a mágica acontece. — ela aponta para o campo onde alguns jogadores já estão começando a treinar. – E é onde você vai passar a maior parte do seu tempo, ajudando na recuperação física dos jogadores.

Assentindo, tento memorizar cada detalhe, cada rosto, sabendo que qualquer informação pode ser crucial para a minha investigação. E então, meus olhos encontram Richard Ríos, o suspeito principal. Sinto um arrepio percorrer minha espinha, mas mantenho a compostura.

– Estou pronta para começar. — digo, mais para mim mesma do que para Leila.

Leila me dá um aceno e se despede, deixando-me sozinha à beira do campo. Observo os jogadores treinando, focando principalmente em Richard. Preciso encontrar uma forma de me aproximar sem levantar suspeitas.

Não demora muito até que a oportunidade se apresente. Durante um exercício, Richard faz um movimento brusco e coloca a mão na coxa, claramente sentindo algum desconforto. Sem hesitar, me aproximo.

– Precisa de ajuda? — pergunto, tentando manter a voz estável.

Richard me olha, avaliando, antes de assentir levemente.

– Acho que forcei demais. — ele admite, e eu consigo notar um traço de frustração em sua voz.

– Quer dar uma olhada nisso? — pergunto, já virando o corpo e insinuando levá-lo até a  sala de fisioterapia.

– Não, obrigado. Não é nada. — ele responde de maneira cortante, tentando disfarçar o desconforto, mas é óbvio que está tentando minimizar a situação.

– Tem certeza? Sou fisioterapeuta, posso pelo menos dar uma olhada rápida. — insisto.

– Eu disse que não é nada. — sua voz é firme, quase um aviso para não prosseguir.

Sua recusa em aceitar ajuda é um obstáculo inesperado. Richard se afasta, retomando sua atividade com visível desconforto. Observo de longe, frustrada por não ter conseguido a abertura de que precisava. Sua reação, contudo, é uma peça do quebra-cabeça. Por que ele evitaria ajuda se está claramente em desconforto?

Começo a refletir sobre o ocorrido, e decido que preciso ser mais estratégica. Talvez uma abordagem direta com Richard não seja a melhor opção no momento. Preciso observar mais, encontrar outra maneira de me aproximar sem levantar suspeitas.

Com todos os jogadores concentrados no treino, percebo que o vestiário, provavelmente, está vazio. É a chance perfeita para investigar sem ser notada.

𝐀𝐌𝐎𝐑 𝐈𝐋𝐄𝐆𝐀𝐋. - 𝐑𝐈𝐂𝐇𝐀𝐑𝐃 𝐑Í𝐎𝐒.Onde histórias criam vida. Descubra agora