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𝐑𝐈𝐂𝐇𝐀𝐑𝐃 𝐑Í𝐎𝐒

A expressão que Ayla faz quando me escuta dizer que a amo é indecifrável. As sobrancelhas estão arqueadas, e os lábios só estão entreabertos por causa dos meus dedos enfiados em seus fios de cabelo. Há uma mistura de choque, dor e incredulidade em seus olhos, como se estivesse tentando entender o que estou dizendo e o que isso significa para nós.

Eu a solto um pouco, mas não totalmente. Meu coração bate tão forte que parece ecoar pelo escritório. Cada palavra que sai da minha boca carrega um peso que eu não consigo mais segurar sozinho.

– Você não entende, Ayla. — minha voz treme com a intensidade das minhas emoções. – Tudo o que fiz foi para te proteger. Eu sei que errei, que ultrapassei limites, mas foi por amor, por medo de te perder.

Ela continua me encarando, os olhos cheios de lágrimas não derramadas. Meu peito dói ao ver o sofrimento que causei, mas também há um desespero crescente em mim.

– Eu sei que parece loucura, obsessão. — continuo, tentando encontrar as palavras certas. – Mas foi a única maneira que encontrei pra garantir que você estivesse segura. Eu não sou perfeito, Ayla, nunca fui. Mas meu amor por você é real.

Eu solto seu cabelo, deixando minhas mãos caírem ao lado do corpo, derrotado. As lágrimas que ela finalmente permite que rolem pelas suas bochechas refletem toda a dor e confusão que causei.

– Se você quiser ir embora, eu entendo. — digo, a voz quase um sussurro. – Mas saiba que tudo o que fiz, mesmo as coisas erradas, foi porque não consigo mais imaginar minha vida sem você.

Ayla fica um tempo em silêncio, apenas me encarando, suas bochechas brilhando com as lágrimas que caíram. O ar parece pesado, carregado de todas as palavras não ditas, de todos os sentimentos conflitantes.

– Isso é chantagem emocional, Richard. — ela finalmente diz, a voz baixa e controlada, mas cheia de dor. – Tudo que você faz tem traços tóxicos. Você diz que me ama, mas me manipula, me controla. Isso não é amor, é posse.

Cada palavra dela é como uma faca cravada no meu peito, e eu sinto a verdade em cada uma delas. Tento encontrar algo pra dizer, algo que possa aliviar a dor que causei, mas nada parece certo.

– Mas também... — ela continua, a voz ficando mais suave, quase um sussurro. – Isso é culpa minha, por eu não conseguir dizer não pra você. Por eu não conseguir resistir a você. Mas também, olha você... Como esquecer você? Como ficar longe?

Ela balança a cabeça, como se estivesse tentando clarear os pensamentos. Seus olhos me percorrem, como se estivesse tentando entender como alguém que parece amar tanto pode também causar tanta dor.

– Eu me sinto presa, Richard. — ela diz, a voz finalmente quebrando. – Eu quero acreditar em você, mas tudo em mim grita para fugir, para me proteger.

– Ayla, eu... — começo, mas as palavras morrem na minha garganta.

Ela levanta a mão, me interrompendo, e eu vejo a luta interna que ela enfrenta, entre o desejo de me perdoar e a necessidade de ficar longe.

– Eu sinto muito, Richard. Mas eu não consigo dizer que te amo... — sua voz é baixa, mas a frase é firme o suficiente para fazer meus olhos se encherem de lágrimas. – Na verdade, eu nem sei se amo você. Porque pra mim... Isso não é amor.

Cada palavra dela é como uma faca cravada no meu peito, me fazendo perceber a profundidade da dor que causei. O silêncio entre nós é ensurdecedor, pesado com a realização de que talvez seja tarde demais para remediar tudo.

𝐀𝐌𝐎𝐑 𝐈𝐋𝐄𝐆𝐀𝐋. - 𝐑𝐈𝐂𝐇𝐀𝐑𝐃 𝐑Í𝐎𝐒.Onde histórias criam vida. Descubra agora