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𝐑𝐈𝐂𝐇𝐀𝐑𝐃 𝐑Í𝐎𝐒

CT|DIA SEGUINTE

– Você perdeu a noção... — solto uma risada nervosa pelo celular. – Não tinha necessidade de fazer o que você fez. Expôs a Ayla...

– Agora você está preocupado? Eu disse pra ficar longe dela já que não queria terminar o serviço.

– Você é maluco, eu nunca fiz nada de ruim pra ninguém. Por que eu faria pra ela? — nego com a cabeça.

– Se perdeu Richard Ríos, se perdeu... Você está gostando da garota que pode ferrar sua vida.

– Ela não tinha que tá no meio disso. Foi você que a colocou.

A estrada desfilava cinza e monótona sob os faróis do carro, mas a conversa no telefone fazia tudo parecer ainda mais sombrio. A voz do outro lado da linha era um misto de acusação e advertência.

– E agora, o que vai fazer, Richard? Vai desistir por causa de uma mulher? Uma paixonite qualquer... — a voz do outro lado continuava, implacável.

Pressionei o volante com mais força, minha frustração e raiva borbulhando.

– Saiba que eu não vou deixar nada acontecer com ela. — minha voz saiu mais firme do que esperava, minha decisão estava tomada, mesmo que o caminho à frente fosse incerto.

– Boa sorte, então. Vai precisar. — a chamada foi encerrada com um clique seco, deixando um silêncio pesado no carro.

Engoli em seco, tentando colocar em ordem meus pensamentos enquanto dirigia. Eu tinha que proteger a Ayla, não importava o custo. Ela não merecia ser arrastada para o meio dessa confusão que eu mesmo havia ajudado a criar. E agora, mais do que nunca, eu precisava estar lá pra ela, mesmo que isso significasse enfrentar consequências que eu jamais imaginaria.

Ao chegar no CT, estacionei o carro em um espaço vazio, desligando o motor e me permitindo um momento pra respirar fundo antes de sair. Abri a porta do carro e saí, fechando-a com um pouco mais de força do que o necessário. O ar fresco da manhã batia contra meu rosto, tentando limpar os resquícios da conversa tensa pelo telefone.

– Eita, como ele gosta de vim treinar cedo, olha, a alegria. — Zé é o primeiro a me ver e já começa enchendo meu saco.

– Cedo? São nove da manhã. — Gomez retruca, com o sotaque espanhol arranhando ainda.

– Bom dia pra vocês também. — bocejo e me sento ao lado de Piquerez e Anibal na mesa de café. – Qual o assunto?

– O mal desempenho do Veiga desde que voltou com a ex. — Fabinho fala em tom sério enquanto se senta na mesma mesa, e isso me faz quase cuspir o café pra rir.

– Isso é sério? — limpo a baba da risada que escorria no meu queixo.

– Seríssimo. — Piquerez responde. – Ele deve tá focado em recompensar o tempo que perdeu quando eles não estavam juntos.

– Faz sentindo. — concordo com a cabeça. – Deixa o Abel saber que o desgaste físico dele é por conta de outra coisa.

– Eu não quero nem imaginar a cara dele quando descobrir que o motivo não é treino extra, mas sim... — Fabinho gesticula com as mãos, imitando alguém trocando carícias, o que me faz rir de novo.

Enquanto conversávamos, meu olhar desviou para a entrada do CT. Ayla apareceu, caminhando ao lado de Endrick. Ela ria de algo que ele dizia, o que por um momento trouxe um ar mais leve ao meu dia. No entanto, mesmo de longe, percebi detalhes que diminuíram esse breve alívio. Seu cabelo estava preso de um jeito simples, talvez mais para não incomodar do que por estética, e seu rosto mostrava sinais evidentes de quem passou a noite chorando, inchado e avermelhado, mesmo sob a maquiagem leve que tentava disfarçar.

𝐀𝐌𝐎𝐑 𝐈𝐋𝐄𝐆𝐀𝐋. - 𝐑𝐈𝐂𝐇𝐀𝐑𝐃 𝐑Í𝐎𝐒.Onde histórias criam vida. Descubra agora