𝐀𝐌𝐎𝐑 𝐈𝐋𝐄𝐆𝐀𝐋. - 𝐑𝐈𝐂𝐇𝐀𝐑𝐃 𝐑Í𝐎𝐒.

024.

𝐀𝐘𝐋𝐀 𝐌𝐎𝐍𝐓𝐄𝐍𝐄𝐆𝐑𝐎

Não consegui entender se foi uma ameaça ou se ele só estava me avisando algo. Só sei que isso me deu mais vontade ainda de ir atrás do Gabriel Veiga, especialmente para irritar o Richard e se possível bem na frente dele ainda.

Passo pelo corredor cheio de pessoas, algumas que eu conheço e outras não, até chegar ao Raphael que está em frente à geladeira.

– Rapha... — chamo por ele, numa intimidade que eu nunca tive antes.

– Rapha? — Ele solta uma risada. – Tá querendo o que?

– É sobre o Gabriel... Ele está solteiro? — pergunto, tentando parecer casual, mas meu coração acelera pela audácia da minha pergunta.

Raphael me olha com um misto de surpresa e diversão, como se a pergunta fosse a última coisa que esperava ouvir naquele momento. Ele cruza os braços, encostando-se na geladeira, e um sorriso malicioso se forma em seus lábios.

– Uau, direto ao ponto, hein? — diz ele, claramente se divertindo com a situação. — O Gabriel deu um tempo no relacionamento dele, sim. Mas por que? Não me diga que você está planejando se enroscar com o meu irmão? E o Richard?

A sequência de perguntas me pega de surpresa, e me faz perceber que esse jeitinho quieto de Raphael é puro disfarce. Ele é observador, diria que até demais. Raphael observa minha reação, a diversão evidente em seu olhar.

– Relaxa, eu não vou contar nada. Mas, se você quer um conselho, brincar com fogo pode acabar queimando mais do que você espera. E o Gabriel... bem, ele não é alguém que você quer como inimigo, nem como brinquedo de vingança. — a voz de Raphael é séria agora, uma nota de cautela em seu aviso.

– Agradeço o conselho, mas eu sei me cuidar. — respondo, tentando transmitir mais confiança do que realmente sinto.

Raphael dá de ombros, um sorriso ainda brincando em seus lábios.

– Como quiser. Só não diga que não avisei. — toca com o polegar na ponta do meu nariz antes de se afastar.

Gabriel escolhe exatamente esse momento pra dar as caras na cozinha, quase como se tivesse um radar para drama ou talvez só para cerveja gelada. Ele entra com aquele jeito de quem não se abala por nada, sacudindo o cabelo como se estivesse num comercial de shampoo, e vai direto na geladeira.

– E aí, tô atrapalhando alguma fofoca boa? — ele solta, com um sorrisinho que deixa claro que adoraria estar no meio de qualquer segredo que estivesse rolando.

– Nada disso, só estava de papo. — minto, tentando parecer tranquila, mas por dentro estou mais alerta do que nunca. Raphael já tinha saído, deixando um clima de "vai nessa" no ar.

Gabriel, com uma latinha na mão, se vira pra mim, ainda com aquele meio sorriso.

– Então, qual é a boa da noite pra você? Não parece que veio só pelo ambiente.

– Ah, essas festas... — tento desconversar. – Às vezes você só quer sair de casa, né?

– Sei como é. E, às vezes, você acaba achando justamente o que nem sabia que estava procurando. — ele dá uma risadinha, como se soubesse que tem mais história ali do que estou disposta a contar.

Esse jeito dele de falar, meio brincando, meio sério, me faz dar um passo pra frente.

– E você? Veio atrás de quê? Cerveja? — pergunto, provocando.

Gabriel dá uma risada, aquele brilho de quem tá curtindo a conversa nos olhos.

– Quem sabe? Talvez eu também esteja procurando algo... ou alguém. Quem sabe eu não achei?