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𝐀𝐘𝐋𝐀 𝐌𝐎𝐍𝐓𝐄𝐍𝐄𝐆𝐑𝐎

O passo de hoje é fingir que o Richard não existe. Oque não vai ser muito difícil, hoje é dia de avaliar os exames do Zé, então vou ficar a maior parte do tempo dentro da sala.

Assim que entro na sala, sinto um alívio temporário. As paredes parecem bloquear qualquer pensamento sobre Richard, pelo menos por enquanto. O foco muda completamente para os exames de Zé Rafael. Espalho as radiografias e ressonâncias sobre a mesa iluminada, tentando encontrar o menor sinal de algo que possamos ter perdido em avaliações anteriores.

Enquanto estou mergulhada nos exames, a porta se abre suavemente. Espero ver alguém da comissão ou talvez o próprio Zé, mas ao invés disso, me deparo com Richard. Ele não diz nada de imediato, apenas se apoia na porta com uma expressão um tanto contrariada.

- Nem um bom dia, Ayla? - sua voz carrega um toque de ironia misturada com uma leve reprovação.

Eu levanto uma sobrancelha, um sinal claro de surpresa, ainda tentando manter a compostura apesar do leve sobressalto. Com um suspiro, me obrigo a responder, mesmo sentindo que qualquer interação simples poderia facilmente desviar do controle.

- Bom dia, Richard. Precisa de algo? - minha voz sai mais controlada do que me sinto, enquanto tento voltar a atenção aos exames, esperando que ele capte a dica de que hoje não estou para conversas prolongadas.

Ele se aproxima com passos calculados, diminuindo o espaço entre nós até que o posso sentir mais perto do que gostaria. Há uma tensão que se constrói no ar, uma mistura de eletricidade e algo perigosamente atraente que sempre parece nos cercar quando estamos assim, próximos.

- Sim. Preciso de você. - sua voz é baixa, quase um sussurro, e isso faz com que eu levante o olhar dos exames diretamente para seus olhos. Eles estão fixos em mim, intensos e procurando algo que nem eu mesma sei se quero revelar.

A proximidade é perturbadora. Ele está perto o suficiente para que eu possa sentir o calor de seu corpo, o cheiro forte do seu perfume misturando-se com um leve aroma de menta. É desorientador, e por um momento, eu esqueço de respirar.

Mas lembro do meu plano, e me inclino um pouco para trás, levantando uma sobrancelha, um sorriso de canto começando a se formar nos meus lábios. Como um desafio, uma provocação que eu não posso resistir.

- Ah, claro, Richard. Você e todo mundo, não é? - minha voz sai carregada de sarcasmo, quebrando a tensão com uma risada quase desdenhosa.

Ele coloca uma mão sobre a mesa, ao lado dos meus papéis, sem tocá-los, mas reduzindo ainda mais o espaço entre nós. Seu outro braço, sutil mas firmemente, bloqueia qualquer tentativa de saída que eu poderia considerar.

- Você sabe aonde a gente vai parar com isso né!? - continua falando baixo, e a pergunta veio mais como um aviso.

- Não sendo com você me torturando, tá ótimo. - sorrio com os lábios e olhos, debochando da situação.

Ele dá a volta na mesa, e por mais que eu tente fingir que isso não me afeta, é inevitável não acompanhar cada movimento que ele faz. Richard se posiciona agora ao meu lado, sua presença é uma pressão quente contra a barreira fria que está prestes a derreter.

- Não é uma tortura se você também está no jogo, Ayla. - diz ele, sorrindo com os lábios. - Não adianta tentar fugir de mim, eu sempre vou saber onde você está... O que você come... Com quem você anda... Como você está... Eu sei tudo, Ayla.

A intimidade implícita nas palavras dele me faz arrepiar, não de medo, mas de uma conscientização aguda de quão profundamente ele me conhece. Há uma ameaça velada ali, uma promessa de posse que deveria me afastar, mas em vez disso, me puxa para mais perto do fogo.

𝐀𝐌𝐎𝐑 𝐈𝐋𝐄𝐆𝐀𝐋. - 𝐑𝐈𝐂𝐇𝐀𝐑𝐃 𝐑Í𝐎𝐒.Onde histórias criam vida. Descubra agora