056.

3.4K 221 242
                                    

Meta: 200 comentários.

𝐑𝐈𝐂𝐇𝐀𝐑𝐃 𝐑Í𝐎𝐒

Acordo meio no espanto, o som insistente do celular vibrando na mesinha de cabeceira ao lado. Juan, meu companheiro de quarto, está me chacoalhando.

– Richard, acorda! A convocação da seleção da Colômbia vai começar!

Abro os olhos com dificuldade, ainda atordoado pelo sono interrompido. Juan está visivelmente empolgado, quase pulando de excitação. Para ele, a convocação da seleção é um evento imperdível. Para mim, nesse momento, tudo parece irrelevante.

– Tá, já vou — murmuro, tentando afastar a neblina do sono.

Enquanto me levanto e sigo Juan até a sala, meus pensamentos estão a quilômetros de distância. Desde a discussão de ontem, não consigo parar de pensar na Ayla. Ela não respondeu às minhas mensagens, e não sei a que horas pretende ir embora hoje. A incerteza está me corroendo por dentro.

Juan liga a TV, os olhos fixos na tela enquanto os nomes dos jogadores começam a aparecer. Mas minha mente está em outro lugar. Cada vez que olho pro meu celular, espero ver uma mensagem dela, algo que me dê alguma indicação de como ela está, se está bem, se ainda pensa em mim.

Meus pensamentos voltam ao nosso último momento juntos, a dor nos olhos dela, a frustração nas minhas palavras. Será que fui longe demais? Será que ela realmente pensa que não vou esperar por ela?

O silêncio entre os nomes anunciados é pesado. Juan está animado, mas sua empolgação é um ruído de fundo para o tumulto dentro de mim. Cada segundo que passa sem notícias da Ayla parece um martírio. Tento me concentrar, mas a preocupação e a culpa me consomem.

Não consigo mais fingir interesse. Pego meu telefone e saio da sala, deixando Rubens sozinho com sua empolgação. Subo as escadas rapidamente e fecho a porta do meu quarto, o silêncio me envolvendo.

Digito o número de Verônica, esperando que ela atenda. O telefone toca uma, duas, três vezes... Nada. Toco a tela novamente, tentando outra vez, mas o resultado é o mesmo. Cada toque não atendido aumenta minha ansiedade. Por que ela também não me atende? Será que algo aconteceu?

Sento na cama, a mente girando com possibilidades. Penso em todas as coisas que poderia ter dito a Ayla, todas as formas que poderia ter reagido melhor. Mas é tarde demais para isso agora. A única coisa que posso fazer é esperar e tentar obter alguma informação de Verônica.

Após mais algumas tentativas frustradas de ligar, deixo uma mensagem de voz.

– Verônica, é o Richard. Por favor, me ligue de volta assim que puder. Estou preocupado com a Ayla e preciso saber se ela está bem.

Desligo, sentindo um vazio esmagador. Olho para o telefone, esperando que ele toque, que alguma mensagem chegue, mas o silêncio é ensurdecedor.

Me levanto e começo a andar pelo quarto, tentando dissipar a energia nervosa. Penso em todas as vezes que discutimos sobre a necessidade dela se afastar, e agora me sinto impotente, sem saber se ela está segura ou se algo mais aconteceu.

Vou até a janela e olho para fora, para a rua silenciosa. Respiro fundo, tentando encontrar alguma clareza, alguma paz. Pego o celular mais uma vez e escrevo uma mensagem para Ayla.

– Por favor, só me diz que você está bem. Estou preocupado. Só preciso saber se está tudo certo.

Envio a mensagem e me deixo cair na cama, sentindo o peso do mundo sobre meus ombros. O dia está apenas começando, mas já parece interminável. Tudo o que posso fazer é esperar, torcer para que ela esteja bem e que, de alguma forma, possamos encontrar uma maneira de superar isso juntos.

𝐀𝐌𝐎𝐑 𝐈𝐋𝐄𝐆𝐀𝐋. - 𝐑𝐈𝐂𝐇𝐀𝐑𝐃 𝐑Í𝐎𝐒.Onde histórias criam vida. Descubra agora