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𝐀𝐘𝐋𝐀 𝐌𝐎𝐍𝐓𝐄𝐍𝐄𝐆𝐑𝐎

~ Delegacia| SP

– Duas semanas de investigação e você ainda não descobriu nada? — Gustavo me cobra batendo as mãos sobre a mesa. – Por acaso você está se divertindo ao invés de tá fazendo seu trabalho.

– Não é uma questão de diversão, Gustavo. — respondo, tentando manter a calma diante da frustração dele. – Essas coisas levam tempo, especialmente quando estamos lidando com alguém tão cauteloso.

Cauteloso, manipulador, sínico, misterioso, lindo, gostos... Não, para.

– Olha, Ayla, eu entendo que investigações como essa são complexas e exigem cautela, mas precisamos de resultados. — Gustavo passa a mão pelos cabelos, claramente estressado. – Vou te dar mais uma semana. Isso é tudo. Se não trouxer algo concreto até lá, vamos ter que repensar nossa abordagem.

– Entendido. — assinto, apesar da pressão adicional não ser exatamente o que preciso agora. – Vou fazer o possível para ter algo até o final dessa semana.

Gustavo acena, ainda sério, e pede pra que eu me retire da sala.

Cara, como eu fui deixar isso passar? Estar lá, no meio do covil do leão, e a única coisa que eu faço é ficar reparando em como o cara se move?

Sério, minha cabeça estava em outro lugar. E esse envelope que eu achei escondido, estava tão na cara que poderia ter algo a mais lá. Na próxima, eu preciso ser mais esperta, fuçar cada cantinho sem deixar nada passar. Esse envelope já pode ser um bom começo, talvez tenha algo útil ali. Não dá pra desanimar agora.

Hoje de manhã tem um gostinho de segunda chance. Com a agenda do Palmeiras livre e apenas nossa sessão de fisioterapia marcada, é a oportunidade perfeita para afiar minha atenção aos detalhes. Ontem, fiquei tão envolvida com a tensão entre nós que esqueci completamente do meu real objetivo ali. Hoje não. Hoje, enquanto o ajudo a esticar os músculos e monitorar sua recuperação, meus olhos e ouvidos estarão em alerta máximo. Qualquer deslize dele pode ser a pista que preciso para desvendar se ele realmente é ou não cabeça de chave desses esquemas de apostas. E desta vez, não vou deixar nada nem ninguém me distrair.

Já dentro do condomínio e focada na investigação, fico esperando na porta até que o querido tenha o bom senso de abrir pra mim. Mas, sinceramente, se fosse pra abrir quase semi-nu igual ele abriu agora, era melhor ter pulado a janela.

– Bom dia, doutora. — morde o lábio inferior. E nossa, a cara dele amassada, a toalha baixa demais, o cabelo bagunçado.... – Quantas horas?

Richard me dá espaço pra passar pela porta, mas o espaço foi curto, meu braço resvala no peitoral dele.

– Bom dia. São... — olho no meu relógio de pulso. – Nove horas, o horário que você marcou.

– Você como sempre, pontual. — sorri com os lábios.

O clima tá elétrico assim que entro. Richard, todo bagunçado é irresistível, e pra piorar ele me lança um olhar que eu até desaprendo a ficar em pé.

– Bom... — raspo a garganta. – Vai fazer fisioterapia assim?

– Bem que eu adoraria que você me tocasse assim. — os passos dele em minha direção esquentam minha barriga. – Mas, você é muito profissional pra isso né!?

Céus, como Richard consegue ser tão... direto?

– É claro que sou profissional. — tento manter a compostura, mesmo com o coração batendo a mil por hora.

𝐀𝐌𝐎𝐑 𝐈𝐋𝐄𝐆𝐀𝐋. - 𝐑𝐈𝐂𝐇𝐀𝐑𝐃 𝐑Í𝐎𝐒.Onde histórias criam vida. Descubra agora