Beijos quentes... ardentes!

205 20 15
                                    

Narrador: Malu chegou em casa arrasada. Era uma piada para a cantora. Como tinha sido pretensiosa achando que ela lhe daria bola. Que ingênua! E agora, não a teria nem como amiga e nem como qualquer outra coisa. Se jogou em cima da sua cama e chorou por longos minutos! Pegou no sono devido ao cansaço e por algumas horas, pôde esquecer aquela que tanto fazia seu coração disparar.

Daniela manteve o silêncio no outro dia... não sabia como falar com Malu depois daquela confissão. Mas havia ficado preocupada com ela. Não queria a magoar... mas também, como dizer pra ela que não queria nada com ela? E não queria? Se questionou no pensamento. Malu era uma companhia agradável, linda, culta, inteligente, carinhosa, mas... estava fechada ao amor e não queria reabrir se relacionando com uma mulher. Não que tivesse algum tipo de obstrução, já até foi apaixonada por uma mulher há anos atrás, mas agora, não teria espaço pra esse amor. Na verdade, que amor? Sentia algo por ela além da amizade? Pensou por um segundo e respondeu pra si mesma:

- É... não existe amor! Só uma relação de amizade muito próxima que me faz sentir bem, que me faz admira-la pela pessoa que é, que me faz esquecer os momentos ruins da vida, que aconchega meu ser - sorriu ao pensar na jornalista - só isso, Daniela! Ou estaria enganada?

Passou o dia pensando no que Malu havia lhe dito e estava doida para te mandar uma mensagem, ao menos perguntando se ela tinha chegado bem. Mas não mandou. Talvez, fosse melhor o silêncio. Assim, se afastavam, acabariam a amizade e a outra não sofria tanto.

Assim, o domingo passou se arrastando para as duas mulheres. Cada uma em sua casa, se remoía com os últimos acontecimentos, mas não tomavam a iniciativa de se falarem.

Os outros dias da semana também passaram e o silêncio continuou. Por um lado, Malu estava abatida, envergonhada, sem saber o que pensar e por outro lado, Daniela parecia inquieta no ensaio com os músicos que estavam no estúdio com ela.

Na semana seguinte, Daniela já incomodada demais com aquela situação, resolveu falar com a jornalista. Mas isso não seria por mensagem ou ligação, seria pessoalmente!

Quando desligou o notebook em sua sala, Malu recolheu sua bolsa e suas chaves para pedir um táxi, já que seu carro estava no conserto, devido a um pneu que rasgou. Ao sair do prédio da Rede Bahia, foi abordada por Daniela que buzinou pra ela de dentro do carro, chamando sua atenção. Ao ver de quem se tratava, Malu tentou recuar, mas já era tarde demais. Foi até o veículo e se agachou um pouco pra falar com a outra:

- Oi...

- Oi, Malu.

- O que você quer? Aconteceu alguma coisa?

- Precisamos conversar, podemos?

- Não precisamos não... deixa isso pra lá.

- Não seja birrenta, por favor! Vem, vamos conversar!

- Eu não quero! Esquece, de verdade.

- Eu só quero conversar. Entra no carro, nem que seja pela última vez.

Malu não hesitou. Entrou. Pelo menos agora, colocariam um ponto final naquilo tudo.

Daniela foi dirigindo pela cidade. As duas vinham caladas. Cada uma no seu mundo, tomando coragem para se olharem. Ao chegar em uma ruazinha de pedras, a cantora estacionou o carro ao lado de uma igreja que costumava ir desde pequena, na época da catequese.

- Não vai falar nada? Vai ficar muda para o resto da vida? - Daniela tirou seu cinto de segurança.

- Eu falei pra você esquecer o que tinha acontecido. Eu não tenho nada pra falar, além disso.

- Eu não queria perder sua amizade! - falou tentando manter a calma.

- Isso será impossível. Não pretendo manter esse vínculo com você - olhava para o horizonte à sua frente, tentando não se emocionar.

- Porque? Será que não podemos encarar isso tudo como uma grande loucura e rir dessa confusão de sentimentos?

- É isso o que você quer? Rir do meu sentimento? - tirou o cinto e pegou na porta para abri-la.

- Calma, Malu! Só estou tentando consertar as coisas! Pra quê essa grosseria?

- Sou eu que estou apaixonada, não você! Você não tem que tentar consertar nada, porque não há conserto - deixou uma lágrima cair no seu rosto - eu que me enganei, achando que você poderia sentir algo por mim.

- Você é uma mulher maravilhosa, Malu! - acariciou o lado do seu rosto.

- Isso não importa muito - fungou o nariz.

- Eu não quero te magoar, mas também, não queria perder sua amizade, o contato contigo. Tenta me entender... - se emocionou também e viu a outra se desesperar no choro.

Continuou alisando seu rosto, sem a recusa da mulher. Estava de coração partido por vê-la assim, mas não com pena. Sentia um misto de sentimentos no seu coração.
Malu, não aguentando mais aquele transe, deu impulso pra sair do carro, mas Daniela pegou em seu braço, fazendo ela virar pra ti:

- Deixa eu ir, vai... - pediu quase implorando.

- Eu não quero que você vá - trouxe seu rosto pra perto, com a mão esquerda que estava livre e seguindo seu coração, roçou seu nariz no de Malu.

- Não faz isso - verbalizou mesmo querendo que ela fizesse.

- Eu, eu... - não continuou.

Beijou a jornalista sugando os lábios da outra e sentindo um afago no seu coração que há muito tempo não sentia.
Sentiu quando Malu a abraçou para que seus corpos ficassem mais próximos. Se remexeu no banco e intensificou os movimentos dentro da boca da jornalista, fazendo sua língua percorrer lugares extremos. Pararam uma na testa da outra:

- Vamos conversar direito, vamos?

- Dam - alisou seu rosto - a gente não precisa, está tudo bem. Eu não quero te trazer mais problemas.

- Me leva pra sua casa... vamos conversar, eu não quero te perder - consertou - sua amizade. Por favor...

Malu não respondeu, em vez disso, a beijou novamente. Um beijo gostoso, molhado, ardente.

Quando terminaram aquele beijo, Daniela levou as duas para o apartamento de Malu:

- Me espera que vou tomar um banho - jogou sua bolsa no sofá - não demoro.

Enquanto esperava a outra, a cantora olhou pela janela as luzes lá fora. Tentaria consertar as coisas. Não queria de verdade, perder aquela amizade. Aguardou até que Malu viesse e a admirou quando ela surgiu com os cabelos molhados e um short saia com uma blusa de alcinha:

- Desculpe se demorei... aproveitei pra lavar os cabelos, porque estou com um pouco de dor de cabeça.

- Você está linda - chegou perto dela e acariciou seu braço esquerdo - e cheirosa.

- Obrigada - falou tímida.

- Você sabe que eu adoro esse seu jeito tímido? - continuava com o carinho no braço, mas olhava nos olhos da jornalista, inebriada com a vontade de lhe beijar novamente.

Malu apenas balançou a cabeça negativamente, dando um risinho, mas foi surpreendida com um beijo da cantora que ficou na ponta dos pés para alcançar seus lábios.
Se beijaram durante longos minutos... um beijo ardente fazendo seus lábios avermelharem, com Daniela apertando as mãos na cintura de Malu e essa, agarrando nos cachos da cantora. Pararam novamente uma na testa da outra quando sentiram falta de ar:

- Abre um vinho para conversarmos - Daniela falou baixinho passando os lábios nos lábios da outra.

- Eu vou... - foi só o que conseguiu verbalizar.

A muito custo, Malu se desvencilhou da outra e seguiu pra procurar o vinho pra abrir. Estava desnorteada com o beijo trocado e de verdade, se aquilo era um sonho, não queria acordar de jeito nenhum!

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