Um Pequeno Conflito

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Narrador: Alguns meses se passaram e com eles, Daniela e Malu se tornaram o casal símbolo na luta junto com a comunidade LGBTQIA+. Todos já a tinham como referência nesse assunto. Malu, apesar de tentar fugir de algumas entrevistas, se rendeu para ajudar na luta contra a LGBTfobia, mas nem sempre era fácil pra Daniela convencê-la a aparecer. A jornalista sempre fora muito tímida e reservada e apesar de ser um assunto que ela defendia com unhas e dentes, ficar aparecendo toda hora e expondo sua vida pessoal não era muito o seu forte:

- Amor, não faz assim vai - estavam na banheira com muita espuma tomando uma taça de vinho - é só pra abrir a mente desse povo que acha que estamos fazendo coisas erradas.

- Você sabe que tô pouco me importando com o que pensam ou deixam de pensar de mim... de nós né? - a beijou gostoso.

- Eu sei, meu amor... eu sei, mas - fez uma carinha de dengosa - você tem que entender que é meu posicionamento também como artista.

- Ué! E eu não entendo? - espantou-se com a acusação da outra - desde que começamos, o que mais faço nessa vida é entender você e seus processos - falou, mas logo se arrependeu pela frase.

- Está passando na minha cara? - saiu de cima do colo da mulher - você sabia como eu era desde o primeiro momento.

- Não estou passando nada na sua cara, só queria que você me entendesse um pouco também - tentou trazê-la de volta pra suas pernas, mas a outra se desvencilhou.

- E eu lhe entendo, se não a entendesse, já teríamos exposto muito mais a nossa vida pessoal, mas se você não quer, não vou insistir - se levantou da banheira e puxou uma toalha para se enxugar.

- Amor - levantou também - não vamos brigar por causa disso, pelo amor de Deus - pegou em seu braço.

- Não estou brigando por nada.

- Então vem - a abraçou por trás - vem... não íamos relaxar da semana corrida que tivemos e namorar um pouquinho?

- Estou com frio, depois continuamos - lhe deu um selinho já chateada.

- Eu te esquento, vem - insistiu.

- Perdi o clima - se limitou a dizer.

- Você só consegue entender seu lado mesmo né? - se agachou e voltou a sentir a água quente em seu corpo.

Daniela não disse nada. Estava ciente que as vezes pedia coisas para a amada que sabia que seria muito complicado, mas mesmo assim, arriscava por causa dos ideais que tinha como norte em sua vida.

Terminou de se enxugar e foi para o quarto, vestiu um baby doll e pegou um livro pra ler.

Malu também não falou mais nada e ficou amargando a discussão com a amada. Em sua cabeça, sabia que muitas vezes cedeu e fez coisas que nunca imaginaria fazer, mas fez tudo isso, por ela, pra ela... mas Daniela as vezes era tão complicada de entender, de impor algumas coisas importantes e sempre que isso acontecia, se aborreciam.

Ficou mais um tempo na água quente com a cabeça recostada e os olhos fechados. Já já levantaria e iria pra cama pra terminar de amargar a briguinha com a amada, mas sentiu os lábios da mesma nos seus, abrindo os olhos:

- Me desculpa, me desculpa - falou quando parou o beijo quente - eu sou uma tola!

- Sim, você é... e cabeça dura também - a olhava irritada - mas é a mulher que eu amo!

- Eu prometo que vou te entender mais e ceder às suas vontades, assim como você cede às minhas - roçava os seus lábios nos de Malu - posso ficar com você aí novamente?

- A água já está esfriando - a pirraçou - e você não estava com frio?

- Você ainda pode me esquentar? - falou sem paciência.

Malu gargalhou balançando a cabeça negativamente.

- Eu odeio você, Malu Verçosa - se zangou e quando foi se levantando, a jornalista a puxou pra dentro da banheira a molhando com roupa e tudo.

- Vem cá que eu te esquento minha mandona - viu a mulher dá um gritinho por causa da ação e lhe beijou os lábios dando pequenas mordidinhas.

- Malu, Malu! - já estava no seu colo e viu a outra puxar sua blusa por cima.

- Porque você é assim hein!? - pegou em seu queixo, fazendo a mulher lhe olhar.

- Você não disse que é apaixonada por mim? - gargalhou se levantando tirando o short junto com a calcinha - prova ué!

- Eu provo todos os dias! - sentiu a mulher se aconchegar entre as suas pernas, a matando de tesão já - mas agora, eu quero você!

- Era essa prova que eu queria mesmo - a beijou se movimentando em cima dela.

Se amaram dentro da banheira, na água quentinha lhes abraçando e fazendo aquele momento ser mais delicioso ainda.

Quando saíram, se vestiram e Malu ja estava com a cabeça deitada no colo da cantora:

- Maluzinha, vamos deixar esse assunto pra lá - fazia um carinho nos cachos dela.

- Se quiser, podemos chegar num consenso, que seja bom pra nós duas. Acho que é um jeito de satisfazermos ambas. O que pensa?

- Penso que sou muito sortuda por ter a mulher mais inteligente, culta, amorosa - viu Malu levantar os olhos para lhe olhar - leal, fiel, compreensiva - tocou na pontinha do seu nariz com os lábios - e lógico... a mais gostosa do mundo! - se beijaram com volúpia.

- Você é muito sedutora e é isso o que me deixa totalmente aos seus pés - se aconchegou em seu cangote - isso é jogo sujo - resmungou baixinho.

- É que eu só sei ser assim, mas eu mudo, se quiser - foi cortada pela outra que tirou a cabeça que estava escondida.

- Nunca! Eu quero você sempre assim... pra mim - beijou seus olhos - linda, maravilhosa, razão da minha vida, dona da minha alma, do meu viver. Te amo, te amo - mordiscou seu lábio inferior.

- Te amo, Malu - só conseguiu dizer isso, porque foi invadida pela língua macia da outra na sua boca.

Finalizaram o beijo com pequenos selinhos e se aconchegaram mais uma na outra e pronto... novamente tinham aparado as arestas e o amor que as unia continuava intacto.

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