Confissões Difíceis

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Narrador: Maria estava desolada... já tinha presenciado outras discussões acaloradas da patroa com o marido, porém, eles nunca tinham chegado às vias de fato, ou melhor... nunca tinha presenciado violência. Mas agora... ele tinha batido nela e tentado a violentar! Como ele pôde tentar isso contra ela?
Saiu do transe e socorreu a mulher que tinha virado pro lado chorando:

- Dona Daniela, eu sinto muito - a tocou nas costas.

- Obrigada por ter me salvado, Maria - não virou e segurava a blusa junto ao seu corpo.

- Deixe eu ver esse machucado - tentou fazer com que ela virasse o rosto.

- Está tudo bem, Maria - chorou de mansinho.

- Claro que não está... eu limpo com um remédio.

A muito custo, Daniela virou e a outra pôde presenciar a vergonha que ela sentia passando por aquilo:

- Não machucou muito... - tinha a cabeça baixa.

- Eu vou pegar um pouco de álcool pra limpar e não infeccionar - se levantou e voltou com o remédio e um band - aid.

- Aiii - sentiu fisgar quando a outra limpou o machucado.

- Aquele desgraçadoooo! - Maria se enfureceu - A senhora me desculpe, mas é isso que ele é - quase chorou de raiva.

- Isso tudo vai acabar, Maria - falou aquilo, mas nem sabia qual seria seu próximo passo.

- Eu vou avisar à dona Malu - se levantou com intenção de ligar pra jornalista.

- Não!!!! - pegou em seu braço - não diga à ela sobre isso, Maria! Pelo amor de Deus, não faça isso!!! - voltou a chorar.

- Mas ela pode te ajudar - foi cortada pela outra mulher.

- Eu proíbo você de comentar qualquer coisa que aconteceu aqui com a Malu!!! - falou enfurecida.

- Está bem, está bem! Fique calma, eu não vou falar nada à ela - a trouxe para os seus braços.

Daniela ficou no abraço da outra durante um tempo, mas depois pediu que Maria trocasse a roupa de cama:

- Troca pra mim, por favor! - não queria vestígios do homem na sua cama.

Enquanto Maria trocava os lençóis, Daniela levantou e foi até o banheiro pra tomar um banho e tirar aquela roupa. Ficou longos minutos debaixo do chuveiro chorando e refletindo. O que tinha sido aquilo? Porque não tinha forças pra levantar e lutar? Porque não denunciava aquele maldito? Não conseguia entender muitas atitudes que tomava em relação a ele.

Ao sair do banho, Maria a aguardava e perguntou se Daniela não queria comer algo:

- Não estou com fome, Maria - deitou novamente na sua cama.

- Nem um suco ou uma canja? - insistiu porque a mulher não tinha comido desde mais cedo.

- Quero só um copo de água, por favor.

A ajudante obedeceu e quando voltou, a questionou novamente:

- Não quer que eu ligue pra seus pais ou sua irmã, para virem aqui? - sentou em sua frente.

- Eu só quero ficar sozinha, Maria - devolveu o copo e deitou na cama novamente.

- Mas alguém precisa fazer alguma coisa contra esse homem!!! Pelo amor de Deus Dona Daniela, me deixa ligar pra Dona Malu!!

- Não e não!! Já disse que não quero que você ligue ou comente o que aconteceu aqui com ninguém, muito menos com a Malu!! - foi enfática, tamanho era o seu medo de alguém descobrir.

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