O Fim de Um Ciclo

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Narrador: Daniela tinha consciência do que tinha feito... enfim, todos sabiam quem era aquele canalha que um dia, ela fora casada! Se sentia aliviada, mas naquele momento, estava angustiada demais na ambulância junto com Malu que estava tendo uma hemorragia, mesmo com os primeiros socorros prestados:

- Aguenta firme, meu amor - vinha segurando a mão dela, enquanto a equipe de médicos tentava conter o sangue - seja forte, seja forte.

Chegaram no hospital e ela foi direto ao centro cirúrgico. Zilma já estava lá e acompanhou a equipe até à sala, preocupada com o estado da irmã.
Depois que passou umas duas horas, ela saiu do local com notícias da jornalista:

- Zilma, como ela está? - Daniela estava aflita.

- Agora, ela está bem - passou a mão nos cabelos, suspirando.

- Ela está bem mesmo, minha filha? - a mãe falava apreensiva também.

- Está mãe. Ela teve uma parada devido ao sangramento, mas com a cirurgia, a equipe conseguiu estabilizar e ela está na semi - intensiva só por precaução.

- Ela vai ficar bem, Zilma? - Daniela chorava com medo do que pudesse acontecer com a amada.

- Vai sim, Dani. Fique calma. O pior, já passou.

- Eu posso vê-la? - mexia nas mãos com uma certa ansiedade.

- Todos poderão vê-la, mas não agora. Quando ela estiver liberada, chamo vocês!

Assim, quando Malu foi liberada, de um em um, todos entraram para falar com ela: seus pais, suas irmãs e por último, sua namorada.

- Eu não quero nem pensar em nada de ruim, mas - engoliu a seco - eu iria até o fim do mundo atrás daquele miserável, se você tivesse tido algo mais grave!!!!

- Xiiiu, não fica assim não. Eu estou bem - pegou em sua mão.

- Ohhh Malu - a beijou entre os olhos - eu fiquei com tanto medo de te perder naquela ambulância.

- Eu não te deixaria... não agora! - alisou seu rosto - vamos conseguir sair de tudo isso. Você vai ver!

- Nós já demos o primeiro passo - viu Malu a olhar curiosa - já falei com a imprensa quem foi o responsável e porque do ataque.

- Que alívio, meu bem - sorriu ainda sentindo um pouco de dor - agora, ele não poderá mais fazer nada contra você!!!

- Sim, estarei protegida. Vou denuncia-lo também por ontem e por hoje!

- Eu sempre soube que você era uma mulher forte e corajosa - piscou pra ela.

- Só quero que me prometa que nunca mais, vai fazer isso!

- Não vou, porque vamos nos livrar dele, mas se fosse necessário, faria tudo novamente, meu amor! - a trouxe pro seu abraço - entenda que, nunca mais, vou deixar ninguém te machucar.

Daniela não disse mais nada. Apenas ficou ali naquele colo que ela adorava estar.
Ao se despedir, disse à Malu que precisava tomar algumas providências, mas que voltaria à noite.

Quando saiu da sala, Daniela já tinha tudo na cabeça o que iria fazer. Primeiro ir à delegacia denunciar o crápula com seus advogados, depois contactar a equipe para encerrar aquele maldito contrato e por fim, dar uma coletiva para imprensa, a respeito do ocorrido, mas ao passar pelo corredor, se deparou com seus pais no hospital:

- Pai, mãe? - falou espantada por vê-los ali.

- Ohhh minha filha, porque você não nos contou sobre aquele desgraçado?

- Ahhh mãe - a abraçou - não era tão fácil assim, mas agora, acabou!!!

- Tem certeza disso, minha filha? - era seu pai - como está a moça?

- Ela está bem, pai... agora ela está!

- Muito corajosa essa menina - trouxe os outros dois para sentaram - ela deve te amar muito Dam!

- Sim e o sentimento é recíproco, mãe. Ela tem me ajudado tanto quanto a isso - baixou as vistas - me desculpe pai, por você saber desse jeito.

- O que importa agora, é a sua segurança e a da Malu - a trouxe pro seu abraço.

Se despediu dos pais e foi ao encontro dos dois advogados que a esperava para que pudessem fazer o boletim de ocorrência.
Já na delegacia, relatou tudo o que tinha vivido nos últimos tempos com o ex - marido e abriu a queixa contra ele, pedindo uma medida protetiva:

- Dona Daniela, não será necessária essa medida - o delegado lhe avisou quando terminaram o depoimento.

- Mas como não? Depois de tudo o que relatei aqui, como vou viver, sabendo que ele poderá a qualquer momento, invadir minha casa?

- Acabamos de receber uma notícia sobre o seu ex - marido - se levantou da cadeira.

- Como assim? Eu não estou entendendo.

- Ele sofreu um acidente e deu entrada no hospital, mas parece que não resistiu.

- Um acidente? - Daniela falou abalada.

- Exatamente! O carro que ele estava dirigindo, estava em alta velocidade e se chocou com uma mureta, levando ele a óbito assim que chegou no hospital.

Daniela não podia acreditar. Que reviravolta era aquela na sua vida? Que enxurrada de acontecimentos era essa? Numa fração de tempos, violência, tentativa de assassinato, morte... sim, a morte passando bem diante dos seus olhos.

Assinou o depoimento e voltou para o hospital.  Não falaria nada à Malu por enquanto, mas precisava ficar ali velando seu sono pra ter certeza que com ela, estava tudo bem!

No final de semana mais ou menos, a jornalista teve alta e foi para a casa dos pais. Daniela ainda tentou fazer com que ela ficasse em sua casa, mas Malu sabia que a cantora ainda teria que encontrar com os familiares do ex e também, encerrar de uma vez por todas, o contrato que os unia ainda, então, diante disso, resolveu ficar com os pais, para não lhe dar mais trabalho:

- Tudo resolvido, meu bem? - a saudou quando ela chegou com um selinho com muitas saudades.

- Sim... o contratante desfez o contrato, até porque, uma das partes não estava mais viva - falou sem graça.

-  E está tudo bem??? - tomava um chá que a mãe havia lhe feito.

- Está sim, meu amor - sorriu encabulada - é só que... - levantou.

- Não foi fácil a conversa com seus ex - sogros né?

- Não, não foi! - cruzou os braços sobre seu peito.

- Vida, vem cá - a chamou pedindo que ela sentasse na cama novamente.

- Eu nuca quis o mal de ninguém, Malu! E sinto pelos pais dele, mas - foi cortada pela outra.

- Não havia mais nada a se fazer, meu bem! Foi ele que quis assim. Ele que estava naquele carro em alta velocidade.

- Eu sei, eu sei - os olhos estavam marejados.

- Agora, é seguirmos a nossa vida!

- Sim, assim que você tiver alta, a gente viaja e fechamos esse ciclo!

- Já já, estou bem pra valer e aí, poderemos viver em paz.

- Deus te ouça! - a abraçou.

- Seremos muito felizes, eu lhe prometo isso!

- A temporada das flores, vai chegar - sorriu e beijou a amada.

No final daquele dia, fizeram planos para a viagem que fariam e depois, Malu não deixou a amada partir e aproveitaram para dormirem abraçadinhas, como há um tempo, não dormiam.

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