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As ondas quebravam contra a areia da praia. As gaivotas seguiam perfeitamente uma atrás da outra sem desfazer o triângulo que se formou com o tempo. A mulher sentada em uma das cadeiras de sol, deu um pequeno sorriso para elas, balançando, com seus dedos seguros, o cigarro. Seu braço esquerdo foi para trás de sua cabeça, enquanto a brisa fresca tocou sua pele e os óculos que protegiam seus olhos do contato com os raios solares.

O homem que vinha sido seu companheiro mais fiel em todo aquele tempo, retornou com mais uma garrafa. Não só ele, mas outras pessoas também estavam bebendo e andando  tranquilos pela bar, o qual tinha acabado de deixar. Ao chegar na mulher, que não tirou sua atenção, a beijou. Se distanciou apenas para se sentar na cadeira ao lado, deixando as garrafas no pano vermelho sobre areia.

— Pensei que tivesse voltado para o hotel... — ela contou.

— E deixar uma mulher tão linda como você sozinha?

— Eu sei cuidar muito bem de mim, Ricardo.

Ele deu uma risada cheia de ironia.

—... cuidar de você também faz parte dos meus planos.

Antes que ele pudesse alcançar a mão dela mais uma vez, a mulher se levantou com pressa.

— Vou comprar mais cigarro e champanhe — ela anunciou.

— Temos bebidas suficientes aqui, Silvana.

— O que deu em você, em? Por acaso está com medo que o dinheiro acabe, é isso?

— Eu só não acho necessário comprar mais do que nós já temos! Não quero chegar voltar totalmente bêbado para o hotel.

— Fale por você — murmurou.

Puxando a saída de praia contra seu biquíni, Silvana andou com passos largos para chegar o quanto antes no bar. Ela comprou o que queria, e aproveitou para pedir mais champanhe — a diferença, era que optou pelo mais caro.

Na espera da volta do Barmen, ela não deixou de notar o homem mais velho que a olhou cautelosamente, como se quisesse dizer algo. Silvana automaticamente o avaliou, pondo muitas suposições em jogo. Ainda assim, no fim, pendeu sua cabeça para o lado, e deu um sorriso de canto.

"Nunca se sabe de onde, e quais situações, precisaremos de certas mãozinhas" pensou ela.

Silvana balançou a cabeça, segurando o riso entre os lábios. Seus olhos acabaram deslizando pelo balcão, e encontrando o maço de papel no canto. Seus dedos finos trouxeram um dos jornais para perto, quando uma imagem lhe prendeu a atenção.

Ela se viu totalmente incrédula nos primeiros segundos ao encontrar a notícia em destaque.

E claro, não deixou de dar uma boa gargalhada ao voltar para si.

— Veja isso — ordenou à Ricardo, ao retornar para as cadeiras de descanso, sentando-se na mesma direção que ele enquanto acendeu mais um cigarro.

Ricardo suspendeu as sobrancelhas, apanhando o papel.

— Pelo visto ele escolheu mesmo a mendiga.

— Isso o que eu estou achando mais hilário!

— Tantas mulheres pelo mundo, ele foi escolher logo uma mendiga que vivia pelas ruas...

— Mas o que esperar dele? Sendo que ele mesmo foi o criador ridículo daquele projeto. Não me surpreendeu nenhum pouco ele ter se casado com uma que faz parte dessa laia.

— Se bem que ela não é tão assim — deu de ombros — Vocês são primas, são do mesmo sangue...

— É melhor controlar essa língua senão eu mesma irei arranca-la da sua boca.

Simplesmente, Você | Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora